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Filme do Dia: Auntie Sallie's Wonderful Bustle (1901), Edwin S. Porter

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  A untie Sallie´s Wonderful Bustle (EUA, 1901). Fotografia: Edwin S. Porter. O maior mérito desse filme, no qual um casal de caipiras se diverte em um mirante - sendo mureta e o céu sobre ele evocativos da artificialidade dos cenários de Méliès -  até que uma rajada de vento faz com que a protagonista tente segurar o seu chapéu e acabe caindo e retornando mais de uma vez por conta do efeito de reverse motion , é sua relativa independência e originalidade frente ao produto europeu e o interessante modo como o efeito é utilizado. O fato de se somar a isso a habitual troça com o caipirismo, tem-se já alguns elementos que o particularizam frente à produção francesa. O modo desajeitado como o casal se confraterniza ao final é típica do modo como tais personagens, geralmente formando um casal, são descritos na tela então, tal como Bowery Waltz (1897). Porter, no entanto, consegue imprimir uma graça que trascende a própria troça de evidente conotação tanto regional quanto de classe. Ediso

Filme do Dia: Camicia Nera (1933), Giovacchino Forzano

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  C amicia Nera (Itália, 1933). Direção e Rot. Original: Giovacchino Forzano. Fotografia: Mauro Albertelli,  Eugenio Bava, Mario Craveri, Ercole Granata & Giulio Rufini. Música: Gian Lucca Tocchi. Montagem: Mario Bonotti & Giovacchino Forzano. Dir. de arte: Antonio Valente. Com: Enrico Marroni, Antonietta Mecale, Enrico Da Rosa, Guido Petri, Lamberto Patacconi, Pino Locchi, Vinicio Sofia, Renato Tofoni. Membros de uma comunidade, e o povo italiano como um todo, sentem a eclosão da I Guerra Mundial, com os socialistas defendendo a neutralidade mas sendo rapidamente subjugados pelo patriotismo fascista, influenciado pelos artigos escritos por Mussolini. Um ferreiro (Da Rosa) parte para a guerra, mesmo contra a vontade de seu pai. Porém, se retorna feliz para reencontrar o filho (Locchi) já mais crescido e, inclusive, sabendo ler, a sorte não se repete é ferido gravemente, em 1918, na frente francesa, vítima de uma granada e permanece em estado de choque. Sua família vai pessoal

Filme do Dia: Sztandar Mlodych (1957), Walerian Borowczyk & Jan Lenica

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  S ztandar Mlodych (Polônia, 1957). Walerian Borowczyk & Jan Lenica. Uma espécie de breve sinfonia de imagens de ação ao vivo e stills se conjuga – algumas delas reaparecerão, inclusive, no curta seguinte da dupla ( Byl Sobie Raz ), como é o caso dos músicos de jazz. A modernidade e sua visualidade fashion-midiática é aqui capturada não sem certo senso de ironia. Do mundo dos esportes (boxe, automobilismo, etc.) ao aeroespacial passando pelo universo da moda e o êxtase da dança, tudo é acompanhado por um senso frenético do movimento. Uma exceção parece ser a foto fixa de combatentes, que é contraposta a imagens em movimento. O filme comunga com outras produções experimentais contemporâneas que já começam a desbravar pioneiramente no campo da colagem de imagens anterior ao uso da kinestesis ( Unto Us a Child is Born ), como é o caso de Science Friction (1959), de Stan Vanderbeek. 2 minutos e 3 segundos.

O Dicionário Biográfico de Cinema#97: Louis Jouvet

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  Louis Jouvet (1887-1951), n. Crozon, França J ouvet foi uma imensa presença fílmica no final dos anos 30, tão simplesmente poderoso e inteligente - e determinado a fazer o mundo saber que o teatro era mais importante que o cinema; em 1913, uniu-se  a companhia de Jacques Copeau; mas em 1922 montou sua própria companhia e reuniu atuação e direção. Teve uma relação particularmente próxima com Giraudoux, cuja engenhosidade polida adequava-se ao estilo de Jouvet. Um dos grandes sucessos teatrais foi em Knock , de Jules Romain, que filmou duas vezes - em 1933, dirigido por Roger Goupillières, e em 1951 (seu último filme), dirigido por Guy Lefranc. Participou de poucos filmes silenciosos, sua carreira no cinema se iniciando mais apropriadamente com Topaze [ Topázio ] (Louis Gasnier) foi perseguida até a eclosão da guerra, mesmo que normalmente estivesse em desacordo com o sutil naturalismo do período: La Kermesse Heroïque [ Quermesse Heróica ] (35, Jacques Feyder); Mister Flow (36, Robert

Filme do Dia: Horas de Desespero (1955), William Wyler

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  Horas de Desespero (The Desperate Hours, EUA, 1955). Direção: William Wyler . Rot. Adaptado:  Joseph Hayes, baseado em seu próprio romance. Fotografia: Lee Garmes. Música: Gail Kubik. Montagem: Robert Swink. Dir. de arte: J. Mcllan Johnson &  Hal Pereira. Figurinos: Edith Head. Com:  Humphrey Bogart,  Fredric March,  Arthur Kennedy,   Martha Scott,  Dewey Martin, Gig Young ,  Mary Murphy,  Richard Eyer,  Robert Middleton,  Ray Collins, Beverly Garland,  Walter Baldwin.       O respeitável juiz Hilliard (March) é surpreendido ao retornar para casa e encntrar sua família refém de um grupo de criminosos liderado por Glenn Griffin (Bogart). Esperando por um dinheiro que uma comparsa sua entregará no escritório de Hilliard, eles decidem permanecer na residência dos Hilliard até que o dinheiro esteja em suas mãos. Apesar de causar um grande transtorno, a vida da família deve manter as aparências de normalidade, para que não levante suspeitas. Assim a garota Cindy (Murphy) continua a en

Filme do Dia: Nitrato Lírico (1991), Peter Delpeut

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  N itrato Lírico ( Lyrisch Nitraat , Holanda, 1991). Direção: Peter Delpeut. Rot. Original: Peter Delpeut, a partir de ideia sua.  Montagem: Menno Boerema. Certamente buscando fugir das convenções de um documentário convencional-didático, Delpeut perde igualmente a chance, talvez fundamental em relação ao material do qual busca valorizar, de ao menos apontar os títulos dos filmes que possuem suas imagens reproduzidas, em “efeito-colagem”, no mesmo (mesma prática da compilação sobre a pornochanchada de Histórias que Nosso Cinema (Não) Contava ). Se a voz over e informações básicas sobre as condições nas quais foram encontradas o que hoje é um dos tesouros da cinematografia mundial – a Coleção Jean Desmett, com mais de 700 títulos preservados dos anos 1905-15 – certamente são dispensáveis para a proposta estética formulada, não é sem tristeza que se observa o lirismo melancólico da despedida entre amantes, valorizada pela profundidade de campo e a ária na banda sonora que acompanha a

Filme do Dia: Meshes of the Afternoon (1943), Maya Deren & Alexander Hammid

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  M eshes of the Afternoon (EUA, 1943). Direção: Maya Deren & Alexander Hammid. Rot. Original: Maya Deren. Com: Maya Deren, Alexander Hammid. Esse curta, marco do cinema de vanguarda americano, trai sua evidente influencia do Buñuel de Um Cão Andaluz (1928). As sombras, elemento fundamental na composição de boa parte dos planos, são mais evocativas do cinema expressionista. O resultado final, aparentemente bem menos “abstrato” que o dos filmes surrealistas dos anos 1920, em seu início, quando fica bastante delimitado o mundo da vigília do onírico, transforma-se em uma mescla dos dois, apresentando a influência daqueles sobre estes em um cadinho de alusões simbólicas (uma flor, uma faca, uma mulher em trajes vestais, um apartamento) menos explícitas que os da fase surrealista de Buñuel. Trata-se aqui, de fato, de produção bem mais modesta e artesanal. Destaque para a seqüência mais criativa do filme, a elaboração de um senso de desequilíbrio quando uma das personagens sobe uma es