Postagens

Filme do Dia: Brazil: A Report on Torture (1971), Saul Landau & Haskell Wexler

Imagem
B razil: A Report on Torture (Estados Unidos, 1971). Direção: Saul Landau & Haskell Wexler. Montagem: Robert Estrin. Esse documentário é um dos poucos registros de época de membros da luta armada brasileira, exilados no Chile após terem sido libertos em troca do embaixador seqüestrado norte-americano Charles Elbrick, evocando ou exibindo as diversas formas de tortura que sofreram quando presos no Brasil. O que mais surpreende no tom dos depoimentos é a relativa altivez ou pelo menos ausência da emoção explícita – em nenhum momento o filme flagra nenhum dos depoentes chorando, como se Wexler houvesse concordado com Godard sobre  a obscenidade de se flagar alguém em um momento de fragilidade emocional. E igualmente o modo relativamente aberto sobre como todos falam de tudo, diante de uma câmera, dada a presunção de reserva e desconfiança paranoica que geralmente é associada com ex-vítimas de tortura. Tampouco existe qualquer referência direta ao “imperialismo americano” o

Filme do Dia: A História de Louisiana (1948), Robert Flaherty

Imagem
  A História de Louisiana ( Louisiana  Story , EUA, 1948). Direção: Robert Flaherty. Rot. Original: Robert & Frances Flaherty. Fotografia: Richard Leacock. Música: Virgil Thompson. Montagem: Helen van Dongen. Com: Joseph Boudreaux, Lionel Le Blanc, E. Bienvenu, Frank Hardy, C.P. Guedry. Ao contrário do que poderia sugerir o título não se trata de um documentário sobre a história do estado americano comprado da França. É antes uma visão poético-pastoral de um mundo idílico, onde numa região pantaneira a única família moradora dos arredores convive com projetos pioneiros para a exploração de petróleo. O protagonista é um garoto (Boudreaux) curioso e furtivo, que passa a se interessar tanto pela obra das mãos humanas quanto pela natureza que já convive há bem mais tempo. Tendo como companheiro um guaxinim, acompanha-se suas aventuras de investigar os ovos dos jacarés, a decepção com a aparente morte de seu guaxinim, Jojo ou o seu temor diante da ameaça de explosão da plat

The Film Handbook#123: King Vidor

Imagem
King Vidor Nascimento : 08/02/1894, Galveston, Texas, EUA Morte : 01/11/1982, Paso Robles, Califórnia, EUA Carreira (como diretor): 1913-1959 A pesar de frequentemente ingênuos, e mesmo crus, os filmes de King Wallis Vidor frequentemente se destacaram por sua energia pura e pelo estilo visual arrojado. Ainda que sua obra seja bastante diversificada, indo da comédia ligeira e westerns épicos aos melodramas sociais  moralizadores e metafísicos, seu permanente interesse nas batalhas do homem consigo próprio, com a sociedade e com a natureza proporcionaram uma clara consistência temática à sua carreira. Tendo crescido com o cinema, trabalhou como bilheteiro e projecionista em um nickelodeon local, antes de se tornar cinegrafista de cinejornais. Após dirigir um punhado de curtas, ele fez o seu caminho a Hollywood, onde eventualmente montou seu próprio estúdio. Os filmes que resultaram dele não foram bem sucedidos e em 1922 ele assinaria um contrato com a MGM; e mesmo lá, somente c

Filme do Dia: Arrest in Chinatown, San Francisco, Cal. (1897), James H.White

Imagem
A rrest in Chinatown, San Francisco, Cal. (EUA, 1897). Direção: James H. White. Fotografia: W. Bleckyrden. Nesse filme em dois planos, observa-se já o descortinar do acompanhamento de eventos através da seleção de alguns tópicos potencialmente mais relevantes. No primeiro plano, observa-se um homem sendo levado por policiais em meio a uma pequena multidão que observa a cena. No seguinte, todos, incluindo o homem, já encontram-se embarcados em uma carruagem. Um homem (delegado?) acena e faz mesura com o chapéu quando o veículo se afasta. Edison Manufacturing Co.   1 minuto e 17 segundos.

Filme do Dia: Love's Labor Lost (1920), Vernon Stallings

Imagem
L ove’s Labor Lost (EUA, 1920). Direção: Vernon Stallings. Num momento contemporâneo ao surgimento do Gato Félix, animações como essa de Krazy Kat, que mesmo guardando os traços do personagem original – posteriormente mimetizados quase a cópia de Félix – já apresentam um personagem bem mais astucioso que o original. Aqui, na verdade, Krazy Kat é apenas coadjuvante, pois o protagonismo fica no romance que o rato Ignaz, seu melhor amigo, nutre por uma balofa hipopótama. Ele terá que enfrentar um rival no triângulo amoroso, um elefante. Como se trata de um elefante, Ignaz já se dá por vencido, simplesmente surgindo diante do paquiderme e o fazendo desaparecer correndo (tal como Krazy Kat, Bugologist ), ao mesmo tendo que ganhando o amor e a admiração da hipopótama. Porém, o resultado aqui é diferente, pois o elefante retorna, após fazer uso de um fortificante. O final é de um humor hilariante-surreal com o Elefante simplesmente massacrando Ignaz que, morto, acaba ressuscitando com

Filme do Dia: Na Boca do Mundo (1978), Antônio Pitanga

Imagem
N a Boca do Mundo (Brasil, 1978). Direção: Antônio Pitanga. Rot. Original: Leopoldo Serran, a partir do argumento de Cacá Diegues & Antônio Pitanga. Fotografia: Fernando Duarte. Música: Jorge Ben. Montagem: Sérgio Sanz. Dir. de arte e Figurinos: Régis Monteiro. Com: Antônio Pitanga, Norma Bengell, Sibele Rubia, Angelito Mello, Milton Gonçalves, Telma Reston, Maurício Gonçalves. Antônio (Pitanga) é um frentista que se envolve com a grã-fina Clarisse (Bengell), em crise depressiva. O envolvimento dos dois desperta os ciúmes da noiva virgem de Antônio, Terezinha (Rubia), que decide, ao final de contas, que ele deve se aproveitar do dinheiro de Clarisse para que consigam concretizar o sonho de sair do lugarejo no qual vivem e partir para o Rio de Janeiro. Antônio se engaja no plano que prevê, inclusive, que ele a engravide. Tudo começa a se complicar quando Antônio, bêbado, descobre que se tornara motivo para que Clarisse voltasse a se interessar pela vida e revela toda a v

Filme do Dia: O Mágico de Oz (1910), Otis Turner

Imagem
O Mágico de Oz ( Th e Wonderful Wizard of Oz , EUA, 1910). Direção: Otis Turner. Rot. Adaptado: Otis Turner, baseado no romance homônimo de L. Frank Baum. Com: Bebe Daniels, Hobart Bosworth, Eugenie Besserer, Robert Z. Leonard, Winifred Greenwood, Lilian Leighton, Olive Cox, Alvin Wyckoff. Essa adaptação deve menos ao romance de Baum do que de sua adaptação para os palcos da Broadway oito anos antes. Já existiam duas adaptações anteriores, sendo que uma delas do próprio Turner e com Baum como ator principal – ao qual se seguiriam mais de 120 até pouco menos de um século após. Ela também deve muito visualmente a própria tradição do universo de fantasia que se estava instituindo, notadamente aos filmes de Georges Méliès – a disposição   de grupos de mulheres vestidos de modo idêntico e se movimentando em blocos é mais do que coincidente com o clássico do cineasta, Viagem à Lua (1902). Nesse sentido, apesar de sua extensão se aproximar dos filmes de Griffith, em termos de construç