Filme do Dia: Darò un Millione (1936), Mario Camerini

 


Darò un Millione (Itália, 1936). Direção: Mario Camerini. Rot. Original: Mario Camerini, Ivo Perilli, Cesare Zavattini & Giaci Mondaini, a partir do argumento de Zavattini  & Mondaini. Fotografia: Otello Martelli & Carlo Montuori. Música: Gian Luca Tocchi. Montagem: Fernando Tropea. Dir. de arte: Italo Tomassi. Com: Vittorio De Sica, Assia Noris, Luigi Almirante, Mario Gallina, Franco Coop, Gemma Bolognesi, Cesare Zoppetti, Giacomo Almirante.

Gold (De Sica) é um playboy milionário que cansado da vida vazia que leva, resolve saltar de seu iate, em um país onde ninguém o conhece. Seu salto coincide com o de um vagabundo que tenta se matar, Blim (Almirante), e acaba sendo salvo por Gold. Gold dorme ao relento com Blim, deixando com ele uma pequena fortuna em dinheiro e a promessa de doar um milhão a quem o fizer feliz. Enquanto Gold se interessa por uma garota que trabalha em um circo, Anna (Noris), Blim conta a imprensa sobre todo o episódio do milionário, e esta alardeia e cria episódios para sustentar o interesse desmedido do público.

As relações de um casal enamorado de origens sociais distintas praticamente é tema de todas as comédias escapistas que Camerini dirigiu e De Sica interpretou ao longo da década, variando apenas o sexo do protagonista rico – enquanto De Sica é o pobretão enamorado por uma mulher rica em Gli Uomini, Che Mascalzoni! e Os Apuros do Senhor Max, aqui ele é o milionário. Já Noris vive seu habitual papel de mulher simples, mas de coração de ouro e sentimentos acima de qualquer suspeita. Por mais que o filme demonstre que Camerini se acomodou a fórmula do sucesso obtido com Gli Uomini, e tenha progressivamente diluído até quase o desaparecimento completo as influências vanguardistas presentes naquele em termos de estruturação visual ainda que cosmética, existem algumas cenas em que o filme apresenta composições visuais inspiradas, em que o grafismo das multidões se casa perfeitamente com o ambiente circense. Mesmo que nunca fique esclarecido no filme, o nome do personagem vivido por De Sica sugere não apenas a correlação imediata com a riqueza como uma provável origem americana. Após sua breve incursão no mundo em que não passava de um vagabundo qualquer, ao ter acesso a sua amada, Gold imediatamente retorna ao seu status de milionário. A persona de galã construída por De Sica nesses filmes, bastante populares a sua época, em nada sugere o cineasta de temas sombrios que seus filmes neorrealistas expressarão na década seguinte. Como era comum então no cinema italiano, o filme é dividido em duas partes. Destaque para as precárias maquetes que simulam o iate ancorado no porto ou o visual do mesmo a partir da perspectiva do iate. Novella Film. 79 minutos.

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