Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#127: Conselho Nacional de Cinema (Concine)
Conselho Nacional de Cinema (CONCINE). (Brasil). Um novo corpo formulador de políticas, fundado em 1976, para substituir o Instituto Nacional de Cinema (INC), com poderes de aconselhar o Ministério da Educação na realização de políticas para a indústria cinematográfica, a serem efetivadas pela Embrafilme. O estabelecimento do CONCINE coincidiu com o crescente envolvimento do estado na indústria cinematográfica, incluindo uma vigilância extra na aplicação da quota das telas para longas-metragens brasileiros, e a introdução de uma cota compulsória de curtas metragens de um por cada programa de cinema, em 1977. Em 1978, a quota brasileira de filmes de longa metragem cresceu para 133 dias por ano, e em 1980 para 140.
Ainda que esta tentativa tenha falhado, e as três maiores companhias exibidoras contestarem a juridisção legal sobre as cotas, e apesar do INC, Concine e Embrafilme terem sido bem sucedidos na crescente produção brasileira de cinema, o público de uma maneira geral decaiu drasticamente nos anos 80. O número de espectadores de filmes brasileiros declinou de mais de 275 milhões em 1975 para menos de 90 milhões em 1984, ainda que a produção de longas brasileiros tenha permanecido estável: 85 em 1975 e 86 em 1985, chegando mesmo ao pico de mais cem entre 1978 e 1980. Uma das razões para o declínio do público nas salas foi o crescimento rápido da audiência da TV no país, e o CONCINE também se envolvendo com o mercado de vídeo doméstico ao tentar regular a percentagem de títulos brasileiros a serem alugados e vendidos em videotape em 1983. O órgão tentou estabelecer uma cota de 25% de títulos nacionais assegurados em cada varejo e locadora, mas foi modificada por diversas leis, e a cota foi impossível de ser cumprida porque nenhum consumidor podia ser forçado a comprar ou alugar um título em particular. Em 1987, o presidente do CONCINE, Gustavo Dahl, demitiu-se de seu posto após um confronto com o Ministério da Cultura e, em 1990, juntamente com a Embrafilme, o CONCINE foi dissolvido pelo Plano Collor, do governo Fernando Collor de Mello, que essencialmente encorajou a privatização. O apoio governamental para o cinema brasileiro esteve inativo até 2001, quando uma nova instituição, a Agência Nacional de Cinema (ANCINE), foi fundada.
Texto: Hist, Peter H. Historical Dictionary of South American Film. Plymouth: Rowman & Littlefield, 2014, pp.180-81.

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