Filme do Dia: Wolfblood (1925), George Chesebro & Bruce Mitchell

 


Wolfblood (EUA, 1925). Direção: George Chesebro & Bruce Mitchell. Rot. Adaptado: Bennett  Cohen, a partir de um conto de Cliff Hill. Fotografia: Lesley Selander. Com: George Chesebro, Ray Watson, Milburn Morante, Frank Clark, Marguerite Clayton, Ray Hanford, Jack Cosgrave.

O Dr. Jules Deveroux (Watson) se encontra grandemente apaixonado pela socialite Edith Clayton (Ford), herdeira de uma das duas madeireiras mais importantes da região. Eles ficam noivos, mas logo o coração de Edith ficará mais próximo de alguém que trabalha na sua madeireira, o valente Dick Brannigan (Chesebro), que atacado por dois homens que trabalham em situação irregular é entregue à  própria sorte e sofre uma transfusão de sangue empreendida pelo médico aparentemente com sangue de um lobo. Quando o boato chega a seus ouvidos ele acredita piamente que foi afetado e passa a ter visões de lobos correndo pelas montanhas.

Duas coisas chamam de imediato atenção nessa produção que não parece se encontrar entre as da linha de frente da indústria – dada a ausência de estrelas renomadas e ser produzida por um estúdio que não produziu outro filme: a profusão de personagens, que continuam surgindo, com a referência aos atores que os vivenciam apresentados em cartelas, como era habitual, com quase dez minutos de filme iniciado; a alternância entre planos bastante próximos seguidos por outros bastante abertos em uma contraposição habitualmente evitada pelos padrões da decupagem clássica que já se instaurava com força no período. Um outro elemento recorrente da produção, não apenas do período é fato, mas mais marcadamente observada nesse momento, é a completa ausência de sutileza que demarca o interesse imediato entre Marguerite e Dick, antecipando uma tensão triangular típica.  Em termos de ressaltar a dimensão monumental das árvores (sequoias?) entrevistas ao início, existem alguns planos que observam sua base circundada por dois ou mais homens. A dimensão de luta de classes aparece aqui, como muito aproximadamente em Humberto Mauro, travestida por uma demarcação moral – a forma violenta que o empregador Dick espanca o trabalhador embriagado é digna de Ganga Bruta  - e também não deixa de ser uma evidente demonstração de sua virilidade frente a mulher que conhecera a pouco e observa, algo ansiosa, o desdobramento de tudo. E, completamente absurdo, em questão de minutos, Dick que ficara preso  após uma árvore gigantesca cair sobre seu tronco, levanta-se e já sorri como se nada pudesse de fato acontecer contra alguém tão empoderado de certeza moral. E, mesmo que sem a mesma empáfia de um Griffith (A Drunkard’s Reformation), ter observado a ação faz um dos beberrões jogar fora a garrafa de uísque. Curiosamente é o único filme dirigido por Chesebro que atuou em mais de 4 centenas.  Os lobos que emprestarão sua espécie ao título somente surgem com quase a metade do filme avançado, trazendo uma nada convencional  potencial antecipação de motivos que serão explorados posteriormente pelo horror e aqui observados com o ceticismo realista. A apresentação de planos de detalhe de livros contendo “informações científicas” também será vinculada mais fortemente aos filmes fantásticos e já havia sido utilizada, com destaque, pelo Expressionismo alemão (O Gabinete do Dr. Caligari, Nosferatu).  Talvez o que o filme traga de mais interessante, seja que quando desacreditado de si próprio, Dick se encontra em um perfil próximo dos beberrões que agredia e considerava moralmente fracos. Ryan Brothers Prod. para Lee-Bradford Corp. 67 minutos.

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