Filme do Dia: Anora (2024), Sean Baker

 


Anora (EUA, 2024). Direção, Rot. Original e Montagem Sean Baker. Fotografia Drew Daniels. Música Joseph Capalbo. Dir. de arte  Stephen Phelps & Ryan Scott Fitzgerald. Cenografia Christopher Phelps. Figurinos Jocelyn Pierce. Maquiagem e Cabelos Annie Johnson & Justine Sierakowski. Com Mikey Madison, Mark Eydelshteyn, Paul Weissman, Yura Borisov, Vache Tovmasyan, Karren Karagulian, Darya Ekamasova, Aleksei Serebryakov, Lindsey Normington.

Ani (Madison) é o nome como Anora é conhecida no mundo da prostituição e encontros em um clube de strippers do Brooklyn. Certo noite ela é abordada pelo proprietário, pois um cliente especial russo soube que uma de suas garotas, Ani, vinha a conhecer russo. Ela conhece Ivan (Eydelshteyn), um jovem de família endinheirada que vive numa mansão de três andares e só pensa em levar uma vida de prazeres. Ela cobra 15 mil dólares para passar uma semana com ele, boa parte dela em Las Vegas, onde, em um rompante de Ivan, vem a se casar. Após o casamento consumado e o casal já vivendo juntos na mansão, Toros (Karagulian), sacerdote da igreja ortodoxa que, em meio a um batizado, e responsável junto aos pais de Ivan por seu comportamento no país, envia dois de seus capangas, ambos bastante desastrados, Garnick (Tovmasyan), irmão de Toros, e Igor (Borisov). Com a chegada da dupla, Ivan foge da mansão e Ani é contida, a muito custo, por Igor. O trio se une a Toros em uma infindável busca por Ivan, que se encontra no inferninho onde Ani já se despedira de suas colegas de profissão, entre risos, lágrimas e farpas. Ao mesmo tempo seus pais já se encontram a caminho, dispostos a desfazerem o casamento do filho.

Esta versão de Cinderela por alguns dias, mesmo com seu tocante e previsível final, no qual os excluídos literalmente se abraçam – e fazem algo mais – não chega a redimir muitas fraquezas a nitidamente deixarem a percepção de ter sido um tanto superestimado pela crítica. De fato, a promessa vendida pela crítica e capaz de chegar aos olhos e ouvidos até dos que não leem habitualmente críticas de cinema é o de ruptura radical da narrativa. E se imagina algo do quilate de um David Lynch, para ficarmos apenas em uma referência estadunidense. E vem a ser do besteirol de Anora com o cliente feito marido para a perseguição e anterior primeiro encontro conflituoso dos homens de Toros com o casal. Depois, o pretenso humor do filme é bastante seletivo, indo ao encontro apenas de grupos bastante segmentados. Na cena na mansão de Igor, ou melhor dizendo de seus pais, como já corrigira Anora, Toros, há uma mescla de comédia pastelão com uma tentativa de humor a soar apenas derivativa de Tarantino mais que propriamente original, o que talvez fosse exigir demais de qualquer filme. A determinado momento se torna constrangedoramente visível o calcanhar de Aquiles de qualquer comédia ou momento cômico, a falta de ritmo da mesma – provavelmente cega por um diretor a também fazer às vezes como montador. Mikey Madison é uma verdadeira joia a brilhar do início ao final, e quando não quase sempre por motivos que não dizem respeito exatamente a ela, mas a falta de necessidade das cenas. Palma de Ouro em Cannes. |Cre Film/Film Nation Ent.  para Universal Pictures. 139 minutos.

 

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