Filme do Dia: Tererê Não Resolve (1938), Luiz de Barros

 


Tererê Não Resolve (Brasil, 1938). Direção: Luiz de Barros. Rot. Adaptado: Luiz de Barros & Bandeira Duarte, a partir da peça No Carnaval é Assim, de Duarte. Fotografia: Edgar Brasil & A.P. Castro. Música: Ercole Varetto. Montagem: Luiz de Barros. Dir. de arte: HIppólito Collomb. Com: Oscar Soares, María Amaro, Lygia Sarmento, Rodolfo Mayer, Ana de Alencar, Carlos Barbosa, Arnaldo Coutinho, Bandeira Duarte, Zizinha Macedo, Mesquitinha, Procópio Ferreira,  Paulo Gracindo.

É carnaval. Duas mulheres (Amaro e Sarmento) decidem testar a fidelidade dos maridos (Soares e Mayer), fazendo com que a empregada de uma delas, Ana (Alencar), escreva um falso bilhete os convidadando para um baile de carnaval. Os dois engolem a isca e elas vão mascaradas ao encontro. Um terceiro casal, do interior, que aparentemente não gosta de carnaval, divide-se, a mulher (Macedo), indo visitar uma conhecida adoentada e o marido (Barbosa), o que mais fala mal da festa, indo também ao baile, onde faz dupla com um sujeito embriagado e inoportuno (Mesquitinha). Ana foi convidada também, por um homem que pega emprestado a pulseira de ouro do casal mais velho.

Improvisado com filmagens em uma semana, mesmo possuindo roteiro adaptado de uma peça, como de regra nas produções do estúdio, o filme abra espaço para imagens documentais do carnaval carioca, sem o controle habitual das filmagens em estúdio e, inclusive, flagrando o aperto do motorista diante do assédio de foliões curiosos com a produção. Em meio as improvisações mais grosseiras ou destituídas de graça, não se deixa de acentuar o trabalho de câmera aprimorado, a fazer uma panorâmica por duas frisas do clube onde se encontram os personagens. Certamente pretendia tirar partido da brejeirice permissiva do carnaval para aludir a um possível swing entre os casais em questão. Nas resoluções finais, no entanto,  livra-se as madames de terem praticado o swing leve, beijando os maridos da amiga, e põe-se tudo na conta da empregada. E ainda se volta o feitiço contra o feiticeiro, deixando-se de questionar as pretensas aventuras extra-conjugais dos maridos, quando esses afirmam saber de todo o plano de suas mulheres, ficando elas na defensiva. Quando o imbróglio não tem mais para onde ir, em termos de confusão, e o desmascaramento não ocorre no baile – o motivo para não ocorrer não é muito plausível a não ser como ponte para o arremate final – apela-se para inserções nada orgânicas de cenas do baile ou, mais demoradamente, para os percalços dos bufões Mesquitinha e Carlos Barbosa, quase um casal à parte. Destaque para o adereço no nariz de um dos foliões quase obscenamente fálico. É tido como um dos precursosres da chanchada. Cinédia para DFB. 59 minutos.

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