Filme do Dia: 7 Plus Seven (1970), Michael Apted

 


7 Plus Seven (Reino Unido, 1970). Direção: Michael Apted. Fotografia: Tony Mander. Montagem: David Naden.

Primeiro filme do que se tornaria uma longeva série de documentários para a televisão, menos na quantidade de títulos que evidentemente em termos de tempo – sua proposta é trazer a cada sete anos, indagações similares aos mesmos personagens, crianças no primeiro (Seven Up) e agora adolescentes – a ser dirigido por Apted, assistente no primeiro título e diretor de todos que se seguiram até a proximidade da segunda década do século XXI – nesse quesito indo muito além do que parecia então no primeiro episódio, segundo a narração over, o distante ano de 2000. Como no primeiro, e contrário a maior parte do que se seguirá, a montagem aqui alterna os personagens a todo momento, sendo os tópicos que lhes são indagados a cola que os une, como o que fazem no tempo livre. Traz uma das poucas imagens não planejadas do grupo de programas, quando Suzie dá seu depoimento, o cachorro da propriedade do pai que passa a viver na Escócia abocanha um coelho que fugia dele (e o operador de câmera, aparentemente surpreendido com a ação, desfoca Suzy para focar no que ocorre ao fundo momentaneamente); cena essa que será repetida em vários dos episódios futuros. John, confessa-se, entre sorrisos constrangidos, ambicionando fama e poder, que ele agrega o político quando Apted lhe indaga sobre qual tipo de poder. Embora a maior parte dos que são da elite apreciem os Conservadores e os de classe menos favorecida os Trabalhadores, existem exceções em ambos os grupos, como é o caso de Tony apoiando os Conservadores,  assim como muitos que afirmam tanto fazer ou não saberem suas preferências. John, uma vez mais, chama a atenção ao se explicitar mais reacionário que os demas. Suzy é um exemplo interessante que aos 14 já modula o seu discurso pelo desejo de não conhecer nenhum negro, apenas para reafirmá-lo com ainda maior força. Como será descoberto a partir dos episódios posteriores, boa parte dos personagens já antecipam o que acabarão se tornando, como é o caso de Tony como motorista de táxi, mas há um abismo entre a articulação do que pretendem ser dos de família mais bem situada financeiramente em relação aos de menos, com planos bem mais vagos. E, por vezes, suas expressões faciais e pausas desmentem o seu discurso, como quando Symon afirma que ele não pode sentir a perda de alguém que nunca existiu, que foi o pai que não chegou a conhecer.  Granada Television para ITV. 52 minutos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: El Despojo (1960), Antonio Reynoso