Filme do Dia: A Little Bird Told Me (1934), Burt Gillett & James Tyer
A Little Bird Told Me (EUA, 1934).
Direção Burt Gillett & James Tyer. Música Winston Sharples.
Garotinho Bobby se refastela com pote de geleia e
apenas interrompe a ação quando ouve seu nome sendo indagado sobre o que
estaria fazendo. Trata-se da sua irmã mais velha. Ele não sabe como o pássaro
está sabendo de sua farra, e o pássaro lhe conta que um passarinho lhe contou.
No sistema de imprensa dos pássaros, sua ação, percebida por um pássaro, foi
flagrada por um fotógrafo e impressa em diversas folhas, a serem espalhadas
pela região em edição extra.
O talento
de Gillett, expoente da animação estadunidense, saído da Disney (onde havia
realizado o seminal Os Três Porquinhos), pode ser comprovado no modo
como magistralmente descreve a divisão de trabalho da imprensa dos pássaros,
com um utilizando do bico, a colunista social dançando enquanto escreve a sua
coluna, o editor escrevendo com penas de seu próprio corpo e uma telefonista
com voz extremamente derramada. Não há, tampouco como deixar de observar o que
diferencia esta série sonora pouco lembrada, a Toddle Tales – o mesmo
estúdio produzira a mais popular Rainbow Parade no mesmo período,
inclusive com Gillett colaborando em ambas – das que também apresentavam
animação e ação ao vivo. Primeiro, animação e ação ao vivo não se encontram
presentes na própria imagem – o mais próximo disso a ocorrer é o flagrante do
garoto em foto fixa na mão do editor de cidades. Depois, ocorre uma
infantilização enorme em relação à produção equivalente da década anterior, como
se deu igualmente no campo da animação como um todo. Terceiro, há muito menos
organicidade na interação, menos intensa aqui já que não presente nos mesmos
planos, entre os motivos animados e os da ação ao vivo – o prólogo de ação ao
vivo praticamente nada deve ao universo dos pássaros “animados”. No final de contas, retirado o prólogo, o
curta virtualmente se manteria quase da mesma forma, o que seria impossível nos
dirigidos pelos Irmãos Fleischer. Quarto, e relacionado com alguns dos
anteriores, boa senão a maior parte dos equivalentes da década de 20 tinham
como mote o próprio processo criativo dos desenhistas e as relações entre os
criadores e suas “criaturas”. Dito isso, quando se pensa este curta sem
vinculá-lo aos seus antecessores, mas sim aos contemporâneos, observamos uma
produção em p&b, minoria então – a série Rainbow Parade, como o nome
já insinua é em cores – destituída das canções infantis e arranjos de grupos
coletivos efetuando movimentos semelhantes e orquestrados, característica
também cultivada no musical de ação ao vivo, vide Busby Berkeley. E esta
singeleza se transfere das canções para a própria ação, contando com a presença
cândida da dupla infantil e com o tema-título inspirado em ditado a fazer
também sentido em português. Há uma paródia
de um dos mais famosos colunistas estadunidenses da época (que voltaria a ser
tema para o célebre longa de ação ao vivo A Embriaguez do Sucesso), Walter
Winchell, na figura de Walter “Finchell” ( vindo de “Finch”, tentilhão, um
pássaro popular).|Van Beuren Studios para RKO Radio Pictures. 8 minutos e 32
segundos.
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