Diretoras de Cinema#21: Paulette McDonagh
McDONAGH, PAULETTE (1901-78). Austrália. Paulette McDonagh é uma figura pioneira recentemente redescoberta na história do cinema australiano. McDonagh e suas irmãs, Phylliss e Isobel foram as únicas mulheres a dirigirem e produzirem filmes comerciais antes do lançamento de My Brilliant Career (As Quatro Irmãs), de Gilliam Armstrong, em 1979. Paulette McDonagh ensinou a si própria direção de cinema, indo a salas de cinema, e assistindo repetidamente ao mesmo filme. Isobel aspirava uma carreira de atriz e trabalhou em uns poucos filmes silenciosos, antes da primeira produção de McDonagh. Phyliss se tornou uma diretora de arte e jornalista, trabalhando em várias outras capacitações. Paulette escreveu diversas versões de seu primeiro filme, Those Who Love (1926). Trata-se de um filme melodramático dedicado, não surpreendentemente, "aqueles que amam". Foi direcionado prioritariamente ao público feminino. Ainda que somente umas poucas cenas tenham sobrevivido, o suficiente foi salvo para ser estudado como relíquia feminista. A versão original de Those Who Love é uma variação de narrativa de cativeiro, que é cerne do melodrama romântico. Uma filha vinga sua mãe, que morre após ser metaforicamente tornada cativa por um amante infiel. Uma sequencia incluía uma cena de morte na cama particularmente sentimental, na qual a mãe conta à filha a verdade sobre sua vida. Those Who Love foi filmado na casa de McDonagh, para acrescentar valor de produção e um senso de realismo. O filme é notável por interpretações mais naturalistas que o habitaul no cinema mudo. The Far Paradise (1928) é similar em estilo e enredo a Those Who Love. The Cheaters (1930), no entanto, descreve uma arrombadora de cofres em um estranho afastamento do cinema de romance melodramático. The Cheaters e The Far Paradise foram redescobertos e restaurados nos anos 70.
Em 1933, as Irmãs McDonagh realizaram Two Minutes' Silence,um filme anti-bélico, baseado na peça de Leslie Haylen sobre o Dia do Armísticio. Críticos que haviam apreciado seus filmes anteriores tiveram uma visão grandemente crítica da temática séria do filme. Enquanto realizavam filmes melodramáticos, as irmãs não ameaçavam a ordem patriarcal, mas com Two Minutes' Silence, as mulheres foram percebidas como uma ameaça. Um crítico escreveu que as mulheres "deviam se concentrar nas belezas da Austrália" (Wright, p. 41). Outro que foi dirigido "de maneira inteligente" (Wright, p. 41). Two Minutes' Silence fracassou nas bilheterias. Anos depois Paulette contou a Andree Wright:
Fomos tolas em termos feito Two Minutes' Silence. O mundo inteiro teria comido na nossa mão se tivessêmos feito outro filme romântico. Two Minutes' Silence foi demasiado verdadeiro. (p. 42)
Apesar de Phyliss McDonagh ter se afastado do cinema, Paulette continuou a tentar trabalhar como assistente não paga para outro diretor. Tentou encontrar fundos para mais um longa-metragem, mas por conta da depressão e por não ter mais garantido o envolvimento das outras irmãs, não lhe foi concedido dirigir outro longa. Dirigiu diversos curtas documentais. Phyliss se encontrou enquanto editora e escritora, e escreveu até sua morte, em 1978. Isobel manteve sua carreira na atuação até 1959. Viveu em Londres até sua morte, em 1982. Paulette não viveu para ver a redescoberta de seus filmes. Phylliss McDonagh recebeu um prêmio em nome das irmãs pelo Australian Film Institute, em 1978.
FILMOGRAFIA SELECIONADA
Those Who Love (1926)
The Far Paradise (1928)
The Cheaters (1930)
Two Minutes' Silence (1933)
BIBLIOGRAFIA SELECIONADA
Edmondson, Ray, e Andrew Pike. Australia's Lost Films. Canberra: National Library of Australia, 1982.
Long, Joan, e Martin Long. The Pictures That Moved. Melbourne: Hutchinson, 1982.
Matthews, Jill. Good and Mad Women: The Historical Construction of Femininity in Twentieth Century Australia. Sydney: Allen and Unwin, 1984.
Pike, Andrew, e Ross Cooper. Australian Film: 1900-1977. Melbourne: Oxford University Press, 1980.
Ryan, Penny, e Margaret Eliot. Women in Australian Film Production. Sydney: Women's Film Fund, 1983.
Tulloch, John. Legends on the Screen in the Narrative Film in Australia, 1919 1929. Sydney: Currency Press, 1981.
Weaver, John T. Twenty Years of Silents, 1908-1928. Metuchen: Scarecrow Press, 1971. Wright, Andree. Brilliant Careers. Sydney: Pan Books, 1986.
Texto: Foster, Gwendolyn Audrey. Women Film Directors - An Internatinal Bio-Critical Dictionary. Westport/Londres: Greenwood Press, 1995, pp. 249-51.

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