Filme do Dia: Os Homens Que Encaravam Cabras (2009), Grant Heslov

 



Os Homens Que Encaravam Cabras (The Men Who Stares at Goats, EUA/Reino Unido, 2009). Direção: Grant Heslov. Rot. Adaptado: Peter Straughan, baseado no livro de Jon Ronson. Fotografia: Robert Elswith. Música: Rolfe Kent. Montagem: Tatiana S. Riegel. Dir. de arte: Sharon Seymour & Peter Borck. Figurinos: Louise Frogley. Com: George Clooney, Ewan McGregor, Jeff Bridges, Kevin Spacey, Stephen Lang, Robert Patrick, Waleed Zuaiter, Stephen Root.

Bob Wilton (McGregor), frustrado com sua recente separação, empolga-se com a idéia de ir cobrir a Guerra do Iraque, após um informante lhe ter dados sobre um homem, Lyn Cassady (Clooney), que faz parte de um destacamento do exército destinado a agir de forma psíquica para acabar com os métodos convencionais de se guerrear. O guru de Lyn havia sido um veterano do Vietnã, Bill Django (Bridges), cujos métodos heterodoxos de treinar os soldados, incluindo o uso de LSD e de relaxamento, dentre muitos outros, haviam acabado levando a expulsão da corporação, por influência de seu rival, o invejoso Larry Hooper (Spacey). Wilton e Lyn, vivendo situações de risco no Iraque, descobrem um empreendimento para-militar liderado por Hooper e quem presta serviços para ele é justamente Bill Django, que certo dia deixa todos os soldados do grupo alucinados pondo LDS na água que bebem, já que eles estavam utilizando de forma distorcida e bélica os princípios do movimento. Só resta a Wilton contar a história após o desaparecimento no helicóptero que levava Cassady e Django.

Essa tentativa algo equivocada de remodelar os thrillers políticos dos anos 60 a partir de temas políticos contemporâneos e sob o manto despretensioso da comédia e de um estilo alucinadamente ágil de montagem evocativo de Tarantino, inclusive com suas habituais ramificações da história a partir de alusões da conversa, tornam o filme muito mais interessante a partir do que tem para contar em termos de flashback do que propriamente da ação “presente” em questão. Sua originalidade em termos de apropriação de recursos associados ao pacifismo como “arma de guerra” literalmente, ainda que para desestabilizar a própria guerra, certamente deve mais a sua fonte original literária. A libertação apresentada ao final é fruto das “boas maçãs” americanas, para utilizar uma expressão utilizada por Clooney, quando apresenta um pedido de desculpas para os iraquianos pelo que ele havia sofrido na guerra e recebe como resposta um semelhante pedido por conta de terem sido sequestrados, que afirma existirem boas maçãs assim como “maçãs podres” em todos os lugares. Nela os iraquianos prisioneiros de guerra possuem menos status do que as cabras que servem como exercício de avaliação dos limites de seus poderes psíquicos. É, sem dúvida, longe de mais inteligente, mas talvez curiosamente menos interessante que o mais convencional e menos pretensioso Três Reis, filme que tematiza a Guerra do Golfo e também com Clooney. Como é habitual, tanto se observa as referências engraçadinhas a filmes (no caso aqui, o mais evidente sendo a O Silêncio dos Inocentes), assim como na trilha sonora algumas perólas do repertório pop contemporâneo e passado (sendo o mais saliente More than a Feeling, com Boston). BBC Films/Smoke House/Westgate Film Services/Winchester Capital Partners para Overture Films. 94  minutos.

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