Filme do dia: Scorpio Rising (1964), Kenneth Anger

Scorpio Rising (EUA, 1964). Direção, Fotografia e Montagem: Kenneth Anger. Dir. de arte: Jeremy Kay. Com: Bruce Byron, Ernie Allo, Frank Carifi, Steve Crandell, Johnny Dodds, Bill Dorfman, John Palone, Barry Rubin.
Através de uma bela colagem musical ininterrupta de 13 canções pop do momento (incluindo Blue Velvet, My Boyfriend´s Back e Party Light), Anger constrói uma fascinante atmosfera surreal envolvendo uma série de ícones culturais de jovens motoqueiros – histórias em quadrinhos, mitos do cinema como Brando e Dean e toda a parafernália de acessórios que envolvem não apenas a moto como o traje do motoqueiro. De viés abertamente homo-erótico, algo que fica patente de vez quando todos os motoqueiros se reúnem em uma agitada noite, porém que já se encontrava mais que insinuado no modo como Anger filma os corpos de seus motoqueiros e seus fetiches como roupas de couro e gargantilhas, e o modo como os dispõe em cena, o filme acaba demonstrando um certo fascínio com o fascismo em que se cruzam um culto ao físico de viés homossexual ao universo da propaganda e do entretenimento – imagens de Hitler e suásticas nazistas. Também se torna recorrente ao longo do filme um paralelo com imagens de uma antiga paixão de Cristo cinematográfica. O filme de Anger, um dos marcos não apenas do New American Cinema, como igualmente dos mais célebres filmes experimentais de toda a história do cinema, foi influência fundamental para o Veludo Azul (1986), de Lynch. National Film Registry em 2022. Puck Films Prod. 28 minutos.


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