Filme do Dia: Paulicéia (1978), Flavio del Carlo




aulicéia (Brasil, 1978). Direção: Flávio del Carlo. Rot. Original: Dagomir Marquesi. Fotografia: Concordio Matarazzo. Montagem: Máximo Barro.
História de São Paulo é contada de uma perspectiva progressista, embora dada a sua acelerada panorâmica, na maior parte dos exemplos citados em relação aos séculos iniciais da futura metrópole, pouco existe do teor crítico, que vai se tornando crescente. Faz uso basicamente de fotos fixas e animações que interagem com as mesmas, buscando provocar um efeito humorístico.  Talvez seu melhor momento, inclusive humorístico, advenha menos do uso da animação, em traços básicos e soluções as vezes pouco inspiradas e repetitivas (como o uso da tela de tv na marcação da passagem das décadas, a partir dos anos 1950) que o da voz over comemorando o final da ditadura...de Getúlio! Essa tirada e fotos de manifestações contra o regime militar então vigente, também representado aqui por fotos de alguns de seus líderes era a liberdade possível em tempos de crescente degelo do autoritarismo.  Ao se aproximar do final, a preocupação com a urbanização massiva. Sua narrativa também apresenta releituras irônicas sobre o período e seus slogans mais chamativos (“quem segura essa loucura?”, afirma se referindo às passeatas, ao tropicalismo e, implicitamente, à resistência a ditadura) e outras em tom mais convencionalmente sério, como quando, ao contrário do tom ufanista e de ode ao progresso que eram o cerne dos curtas produzidos por Manzon (A Luta pelo Transporte em São Paulo como um dentre as dezenas de exemplos) afirma-se já a incontingência de uma cidade de 8 milhões de habitantes, 4 por metro quadrado e na voz over “Para que serve São Paulo? A quem serve São Paulo” com o destaque na imagem para um banco. Ao contrário da maior parte dos curtas que discute a cidade na década, aqui se faz uso de uma segmentação mais abrangente, envolvendo a história da cidade e do país, o sistema econômico capitalista e imagens fixas, apresentando as virtudes e fraquezas de tal proposta. Maco Prod. Cinematográficas/Lua Filmes para Embrafilme. 10 minutos e 37 segundos.

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