Filme do Dia: A Assassina (2015), Hou Hsiao-Hsien


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A Assassina (Nie Yin Niang, Taiwan/China/Hong Kong/França, 2015). Direção: Hou Hsiao-Hsien. Rot. Adaptado: Ah Cheng, Chu T’ien-wen, Hou Hsiao-Hsien & Hsieh Hai-Meng, a partir do conto de Pei Xing. Fotografia: Lee Ping Bin.  Música: Giong Lim. Montagem: Huang Chih-Chia & Liao Ching-Song. Dir. de arte: Huang Wen-Ying & Weng Ding-Yang. Figurinos: Huang Weng-Ying. Com: Shu Qi, Chang Chen, Tsumabuki Satoshi, Hsieh Nikki Hsin-Ying, Chang Shao-Huai, Lei Zen Yu, Mei Fang, Ni Dahong.
Século VII. A Dinastia Tang entra em declínio. Yinniang (Qi) recebe de sua mestra a missão de assassinar Lorde Tian (Chang) e sua esposa Huji (Hsin-Ying). Yinniang viveu praticamente toda sua vida na floresta, aos cuidados de uma freira que a tornou a mais exímia lutadora de artes marciais de seu tempo. Em um primeiro confronto ela deixa um artefato de jade para se identificar. Como ela se recusa, no último momento, de assassinar Tian, é mandada de volta por sua mestra para matar o próprio primo como punição. Yinniang é novamente enviada em missão de matar o casal. E mais uma vez decide não faze-lo de última hora, acreditando que o país vivenciaria um caos com a morte de seu líder.
A qualidade pictórica do filme é de tirar o fôlego do início ao final , com fotografia (prólogo em p&b) e iluminação, assim como direção de arte e figurino, impecáveis. O jogo entre o focado e o desfocado, presente em muitas cenas, por vezes nem precisa exatamente da artimanha ótica convencional para se fazer valer, fazendo uso de artifícios mais comezinhos, como observar o casal real comentando sobre Yanning por trás de um véu (perspectiva de Yanning?) que provoca um efeito sobre a imagem. É a primeira incursão de Hsiao-Hsien no gênero das artes marciais e ele parece querer marcar definitivamente sua autoria mesmo em campo tão aparentemente oposto ao que convencionalmente lidou. E consegue. Resta saber se isso beneficia ou não o espectador, dependendo de suas expectativas. Não se trata apenas do tratamento visual ímpar, mas sobretudo de uma aproximação bastante esotérica do enredo, não fazendo nenhuma questão de situar minimamente pontos aparentemente importantes do que ocorre. Resta acompanhar sobretudo a beleza das imagens e, num golpe de misericórdia, o seu final completamente avesso mais uma vez à tradição do gênero, evitando um desfecho sanguinolento e mais definitivo, algo que já evidenciara na forma relativamente breve que encenou as cenas de lutas – um dos pilares tradicionais e basilares do mesmo. E, mais que tudo, fica-se ocasionalmente com a sensação de um tipo de imagem nunca vista –algo alardeado, por exemplo, na publicidade de O Regresso não indo além disso mesmo, ou seja, publicidade – um feito notável após 120 anos de ciema. Prêmio de Direção em Cannes e primeiro filme do realizador em oito anos.  Central Motion Pictures/China Dream Film Culture Industry/Media Asia Films/Sil-Metropole Org./Spotfilms/Zhejiang Huace Film & TV. 105 minutos.


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