Filme do Dia: Confins (1933), Boris Barnet


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Confins (Okraina, URSS, 1933). Direção: Boris Barnet. Rot. Adaptado: Boris Barnet & Konstantin Finn, a partir de conto do segundo. Fotografia: Mikhail Kirillov & A.Spiridonov. música: Sergei Vasilenko. Dir.de arte: Sergei Kozlovski. Cenografia: G.Kogan. Com: Aleksandr Chistyakov, Sergey Komarov, Yelena Kuzmina, Nikolai Kriuchkov, Nikolai Bogolyubov, Hans Klering, Mikhail Zharov, Vladimir Uralski.
1914. o cotidiano de uma pequena aldeia, cujos eventos mais excitantes até então se resumiam a uma greve e posterior repressão policial, é abalado com o início da I Guerra Mundial, e a partida de vários de seus jovens para o combate. Um desses, Sensa Kadkin (Kriuchkov), filho do sapateiro Nikolai  (Bogolyubov) é morto em combate. Anka (Kuzmina) se interessa por um alemão, Mueller (Klering) e o leva para sua casa, mas seu pai o expulsa e Nikolai o chama para trabalhar com ele, sendo espancado por um grupo revoltado. Anka intervém por ele. 1917. O tzar abdica. Os soldados que pretendem fazer as pazes com o exército alemão, como Nikolai, são executados.
É difícil acreditar que se trata do mesmo realizador de À Beira do Mar Azul, lançado apenas três anos após. E, inclusive, com praticamente todo o elenco do anterior e longe do resultado constrangedor da produção posterior. Aqui, numa chave infinitamente mais próxima da do cinema vanguardista dos anos 1920 (sobretudo Dovjenko, não deixando de haver referência ao cavalo que comenta algo) seja em termos visuais, sobretudo cenários e figurinos, e uma poética visual como um todo relativamente inspirada, seja em termos ideológicos, compartilhando um dos motivos fortes dessa produção anterior, a questão da greve (A Greve, Mãe). Para que o espectador sinta de fato o episódio, Barnet apenas o faz eclodir com um terço do filme em andamento. A determinado momento o discurso de classe, através da categoria social se faz ouvir se sobrepondo ao nacionalismo que produziu a própria guerra, quando se defende o alemão agredido afirmando que ele “é um sapateiro como nós.” E isso logo após o proprietário ficar sabendo da morte de seu filho mais jovem nos campos de batalha. Como futuramente em seu filme posterior, Kriuchkov vive um personagem sorridente e sentimental, que aqui chora pelo amigo morto que apenas faz troça de seu desespero, para o riso coletivo, antes de ser morto ele próprio. Embora, como comentado, percebam-se ecos de Dovjenko,  boa parte das imagens líricas parecem demasiadas pensadas em uma linha de montagem ideológica que tende a arrefecer seu encanto. Uma curiosa sequência de planos em montagem acelerada contrapõe o ritmo incessante das metralhadoras na guerra ao das máquinas que produzem sapatos, que substituem o trabalho artesanal anteriormente observado. Mezhrapombfilm. 98 minutos.

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