Filme do Dia: Caramelo (2007), Nadine Labaki


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Caramelo (Sukkar Banat, França/Líbano, 2007). Direção: Nadine Labaki. Rot. Original: Rodney El Haddad, Jihad Hojeily & Nadine Labaki. Fotografia: Yves Sehnaoui. Música: Khaled Mouzannar. Montagem: Laura Gardette. Dir. de arte: Cynthia Zahar. Figurinos: Caroline Labaki. Com: Nadine Labaki, Yasmine Elmasri, Joanna Moukarzel, Gisèle Aouad, Adel Karam, Sihame Haddad, Aziza Semaan, Fatmeh Safa, Dimitri Staneofski, Ismail Antar.
O cotidiano de cinco mulheres em Beirute. Quatro delas trabalham juntas em um salão de beleza. Nisrine (Elmasri), noiva de Bassan (Antar), com a proximidade do casamento, preocupa-se por não ser mais virgem. Jamale (Aouad), é parte de seu tempo modelo, morando com os filhos e possui obsessão em parecer mais jovem do que realmente é. Rima (Moukarzel), sente-se atraída por uma de suas clientes, Siham (Safa). Layale (Labaki), encontra-se enamorada de um homem casado. Uma velha senhora, Rose (Haddad), que trabalha como alfaiate, acaba sendo cortejada por um cliente, mas ao mesmo tempo não pode deixar de se devotar a irmã demente, Lili (Semaan). Layale desperta a paixão secreta de um policial. 
Labaki optou pela comédia de costumes para tratar do espinhoso tema da submissão feminina e da cultura extremamente patriarcal imperante no Líbano em meio a uma relativa permissividade e ocidentalização dos costumes. Se a opção pelo tom leve, mesmo que permeado por momentos dramáticos, tende a afastar a sombra do filme didático-militante, tampouco deixa de carregar consigo um certo tom de déjà vu, centrado em histórias múltiplas que se desenvolvem a partir de uma poética do cotidiano. O preço a ser pago pela condição feminina, mesmo que diretamente vinculado às figuras masculinas no caso de duas das personagens, Nisrine, que se submete a uma cirurgia de reposição do hímen para salvar o seu futuro casamento e, sobretudo, Layale, que arruma com muito esforço um esquema clandestino para uma festa surpresa de aniversário para o amante casado que acaba não ocorrendo, o filme tampouco deixa de apontar outras facetas da opressão. Trata-se seja da abdicação de um amor na maturidade pela opção de cuidar da irmã, no caso de Rose, dos limites impostos a sensibilidade lésbica na relação sublimada de Rima com sua cliente ou na pressão social intensa para a manutenção da juventude por parte de Jamale. Labaki busca fugir da estratégia da vitimização, demarcando relações onde não apenas se torna imperativa a pressão social intensa de códigos excessivamente voltados para o universo masculino, mas igualmente as contra-estratégias ou opções tomadas pelas mulheres, que são diferentes em cada caso. Ainda que a submissão final ao que se espera dessas mulheres seja a tônica, a aproximação de Layale do policial apaixonado por ela parece apontar com esperança para possibilidades outras, que fogem da reprodução dessa submissão. Les Films des Tournelles/Bac Films/CNC/Les films de Beyrouth/Ministère des Affaires Étrangères/Roissy Films/Sunnyland/arte France Cinema para Roissy Films. 95 minutos.

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