Filme do Dia: Liv & Ingmar (2012), Dheeraj Akolkar


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Liv & Ingmar – Uma História de Amor (Liv & Ingmar, Noruega/Reino Unido/Índia, 2012). Direção e Rot. Original: Dheeraj Akolkar. Fotografia: Hallvard Bræin. Música: Stefan Nilsson. Montagem: Tushar Goghale.
Documentário acompanhando a trajetória de admiração tornada amor tornada amizade de Liv Ulmann por um dos realizadores mais representativos da história do cinema, Ingmar Bergman, do momento em que se conheceram, quando da produção de Persona, até a morte dele. Ulmann apresenta sua versão dos fatos de maneira relativamente não reativa (principalmente quando em comparação com outros documentários de perfil semelhante, tais como Marlene). Do encantamento e da tentativa de absorção e isolamento completo de uma jovem mulher de 28 anos com um homem de 45-6, vivendo isolados do mundo, na residência de Bergman, na ilha de Faro (relação sufocante que Woody Allen faria referência em Hannah e Suas Irmãs, inclusive fazendo uso de um ator icônico de Bergman, Max Von Sydow) ao nascimento da filha e progressivo afastamento do realizador. Unidos por laços dolorosos, como a própria atriz costuma frisar, a relação terá seus momentos de sadismo, como o que Bergman deixou Ulmann e von Sydow sobre temperaturas congelantes e mal agasalhados numa das filmagens ou que ele pedia que ela se aproximasse progressivamente de uma casa em chamas. Apesar de num único momento a atriz tropeçar em sua própria emoção, quando reencontra a mensagem que havia deixado para o realizador e que ele havia guardado em um ursinho de pelúcia na residência em que viveram juntos, todo o documentário é marcado pelo que Fassbinder afirmara na boca de um de seus personagens, a respeito dos seres humanos sentirem a necessidade de viverem juntos, embora de fato não o conseguirem. A intensidade de sentimentos que ambos nutrem entre si é algo inquestionável, ao que parece, para ambos. A impossibilidade de se relacionarem de forma efetiva vem a ser compreendida com o tempo – curiosamente Liv revela que buscava consolo justamente com ele, quando haviam rompido o relacionamento. A delicadeza com que tudo é tratado, em termos de construção visual, apenas se depara, ocasionalmente, com uns poucos excessos de gosto duvidoso, como o da atriz numa sala de cinema deserta assistindo Persona ou uma trilha musical demasiado derramada para alguns momentos nos quais a emoção talvez brotasse de forma mais efetiva se fosse menos dirigida ou manipulada. Num dos momentos mais tocantes, Liv Ulmann passeia com a ponta dos dedos sobre um quadro em que ela e Bergman escreviam algo relacionado as suas próprias emoções. A atriz afirma que muito havia sido retocado posteriormente pelo realizador para não se apagar, mas que com sua morte boa parte já estava sumindo, como ele próprio desaparecera e ela dentro em breve também desapareceria. O filme conta com trechos relativamente modestos das produções que efetuou com Bergman, assim como algumas imagens amadoras da vida íntima do casal e também da relativamente breve incursão de Ulmann por uma carreira internacional em Hollywood. Por mais que a atriz tenha levantado uma bandeira feminista, não deixa de ser curiosamente honesta sua modéstia em relação a si própria quando se refere aos primeiros contatos com o realizador, passando por seu silêncio em relação ao episódio cruel da filmagem até se sentir contemplada por Bergman ter-lhe dito ser ela o seu “stradivarius”, comparando-a com um objeto por onde ele poderia comunicar a sua maestria. Assim como a revelação de sua própria insegurança e necessidade de ser guiada por alguém. E o fato de ter crescido com a compreensão de suas próprias limitações.  NordicStories para SF International Film Sales. 89 minutos.


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