Filme do Dia: Juventudes Roubadas (2014), James Kent


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Juventudes Roubadas (Testament of Youth, Reino Unido/Dinamarca, 2014). Direção: James Kent. Rot.Adaptado: Juliette Towhidi, a partir da autobiografia de Vera Brittain. Fotografia: Rob Hardy. Música: Max Richter. Montagem: Lucia Zuchetti. Dir. de arte: Jon Henson & Christopher Wyatt. Cenografia: Robert Wischhusen-Hayes. Figurinos: Consolata Boyle. Com: Alicia Vikander, Taron Egerton, Kit Harrington, Colin Morgan, Dominic West, Emily Watson, Joanna Scanlan, Miranda Richardson.
1914. Vera Brittain (Vikander) é uma jovem impetuosa de família de posses que não deseja o piano nem o pretendente que a família lhe almeja, Roland (Harington), mas sim ir estudar em Oxford e se tornar escritora. O irmão, a quem é muito próximo, Edward (Egerton), consegue convencer o pai (West) que ela vá estudar em Oxford. Ela não passa a primeira vez que tenta os exames, mas posteriormente sim. Porém sua alegria logo virá a ser ensombrecida pelo deflagrar da I Guerra Mundial e a partida de Edward e Roland para a mesma. Em Oxford, Vera fala com sua superiora, a Srta. Lorimer (Richardson), que a hora não é de enclausuramento e livros e abandona temporariamente a universidade para se tornar  enfermeira. No período de final de ano, Roland vem passar uns dias.
Tristemente romanesco, acadêmico e previsível,  o filme parece estrategicamente mirar em duas direções através de sua personagem feminina forte. O academicismo permeia tudo, de sua fotografia bem cuidada e bela até sua música incidental. Ao mesmo tempo se há um evidente flerte com o público contemporâneo de 100 anos após os eventos filmados, na figura de Vera, bastante resistente as aproximações de Roland, sua postura feminista e independente, no entanto, por si só seriam extremamente contraproducentes com relação não somente a um público mais amplo como – e sobretudo -  a um filme de colorações românticas, e logo Vera se deixará ser seduzida por Roland, como se seu desejo de autonomia não passasse de um capricho de menina mimada de escondê-lo ou posterga-lo. Absolutamente tudo provoca a sensação de déja vù e previsibilidade, das despedidas na estação ferroviária ao banho no prólogo, marco a ser evocado como uma epifania, e que obrigatoriamente retornará para selar o abismo que existe entre a Vera do início e a do final,  da homossexualidade de Edward a inexistência de Molly, pretensa namorada de um terceiro e não tão próximo amigo, Victor, das mortes de Edward e, sobretudo, Roland ao desejo de Vera de se unir ao sobrevivente, assim como o remorso de Vera por ter apoiado a ida do irmão à guerra. E o filme não poupa locações esplendorosas para acentuar a sensação de perda que a própria dramaturgia limitada e elenco não conseguem dar conta – Kit Harrington parece apresentar uma única máscara facial do início ao final. Lançado no centenário do início de sua narrativa, que é apresentada como flashback a partir do dia do armistício, assim como da deflagração da I Guerra Mundial, um conflito tão importante e tantas vezes revisitado pelo cinema em diversos períodos e com maior propriedade, torna-se aqui refém do demasiado óbvio para despertar um maior engajamento emocional, mesmo levando em conta se tratar de uma adaptação. Destaque para o personagem vivido por Miranda Richardson, entre austero, impessoal e terno. Assim como para o plano panorâmico que é uma evocação modesta dos feridos pela batalha estendidos em macas sobre o chão de ...E O Vento Levou.  BBC Films/BFI Film Fund/Heyday Films para Lionsgate. 125 minutos.


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