Filme do Dia: Como Era Verde o Meu Vale (1941), John Ford
Como Era Verde o Meu Vale (How Green Was My Valley, EUA, 1941). Direção: John Ford. Rot. Adaptado:
Philip Dunne, baseado no romance de Richard Llewellyn. Fotografia: Arthur C.
Miller. Música: Alfred Newman. Montagem: James B.Clark. Dir. de
arte: Richard Day & Nathan Juran. Cenografia: Thomas Little. Figurinos:
Gwen Wakeling. Com: Walter Pidgeon, Maureen O´Hara, Anna Lee, Donald Crisp,
Roddy McDowall, John Loder, Sara Allgood, Barry Fitzgerald, Patrick Knowles,
Richard Fraser.
Numa aldeia mineira galesa, os infortúnios e
alegrias da família Morgan. Gwilym (Crisp) e Beth (Allgood) são pais de uma
extensa prole de quatro rapazes e uma moça. A família vive em paz até que os
proprietários da mina de carvão decidem cortar o salário pela metade. Os
filhos, especialmente Ianto (Loder), vão contra as regras da casa de não se
pronunciar durante o almoço. Gwilym não quer que os filhos se envolvam com
movimentos socialistas e Ianto, seguido por outros dois, respondem saindo de
casa. Sobra o caçula Huw (McDowall), ainda criança. As represálias quanto ao
não engajamento de Gwilym aos ideais socialistas fazem com que Beth discurse no
meio da noite de inverno rigoroso, antes de uma assembléia da classe. Ao
retornar para casa, no entanto, sofre um acidente com o filho caindo em
um lago. Mãe e filho passam meses para conseguirem se restabelecer. Ivor Morgan (Knowles) é vítima de um acidente
na mina. Tendo a chance de estudar, Huw desgosta o pai ao decidir ser mineiro e
não médico ou advogado. Nuvens cinzentas voltam a cobrir a família quando a
filha Angharad (O´Hara), que se tornara rica, separa-se do marido e retorna ao
vilarejo, afim de se aproximar do pastor Gruffydd (Pidgeon), um dos amigos mais
próximos de Huw. Porém, o abalo maior se dá com a morte do patriarca Gwilym em
outro acidente na mina.
As lutas sociais da oprimida classe mineira
acabam ofuscadas pela centralização no cotidiano da família Morgan, deixando
para segundo plano a greve e suavizando muitos dos sofrimentos, seja pelo
generoso retrato com que descreve as condições de vida doméstica dos mineiros,
pelo tom nostálgico que acompanha a narrativa, sob a ótica de uma criança ou
ainda pelo generalizado prisma sentimental – exacerbado de vez em Depois do Vendaval. Mesmo com a
soberba recriação cenográfica de uma vila mineira em estúdio, o filme tanto em
termos de visual quanto de conteúdo não
chega a possuir a grandeza de Vinhas da
Ira, realização imediatamente anterior do cineasta. Destaque para um maior
realismo nos cenários de interiores, agora apresentando os tetos das casas,
recurso que, à mesma época, começa a ser utilizado em filmes inovadores como Cidadão Kane de Welles e realizações
anteriores do próprio Ford. Mae Marsh, veterana atriz de vários filmes de
Griffith como Judith de Betulia, O Nascimento de uma Nação (1914) e Intolerância (1916) aparece em uma ponta
não creditada. 20th Century-Fox. 118 minutos.
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