Filme do Dia: Concorrência Desleal (2001), Ettore Scola


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Concorrência Desleal (Concorrenza sleale, Itália/França, 2001). Direção: Ettore Scola. Rot. Original: Fulvio Scarpelli, Furio Scarpelli, Giacomo Scarpelli, Ettore & Silvia Scola. Fotografia: Franco Di Giacomo. Música: Armando Trovajoli. Montagem: Raimondo Crociani. Dir. de arte: Cinzia Lo Fazio & Luciano Ricceri. Cenografia: Ezio Di Monte. Figurinos: Odette Nicoletti. Com: Diego Abatantuono, Sergio Castellitto, Gérard Depardieu, Jean-Claude Brialy, Claude Rich, Claudio Bigagli, Anita Zagaria, Antonella Attili, Augusto Fornari.
Nos anos 30, em plena ascensão do fascismo de Mussolini, o comerciante de tecidos Umberto (Abatantuono) sente-se invejoso do sucesso que seu vizinho judeu, Leone (Castellitto) passa a ter, roubando seus clientes. No ápice da disputa comercial com Leone, os dois envolvem-se em uma briga que chama a atenção das autoridades. O delegado insinua que Umberto deve fazer uma denúncia contra Leone mas esse de rival, passa a ser cúmplice e amigo do vizinho. Alertado para o radicalismo crescente dos fascistas pelo irmão Angelo (Depardieu), Umberto acompanha impotente os últimos dias de Leone como seu vizinho e os efeitos sobre sua própria família: o filho  deixa de namorar com a filha de Leone; seu filho, que tinha no filho de Leone o melhor amigo, não poderá estudar na mesma escola que ele. Por outro lado, tem que lidar, no próprio meio que o cerca -  a funcionária de sua loja, o cunhado – com defensores do regime. A partida dos vizinhos judeus, que tiveram sua loja desapropriada pelo Estado, por fim, provoca grande impacto emocional sobre Umberto e sua família.
Scola retorna aos efeitos do regime fascista sobre os cidadãos comuns, com o qual já havia trabalhado em Um Dia Muito Especial (que, ao contrário desse, centra-se em poucos personagens e possui uma atmosfera mais intimista e teatral). Sua habitualmente segura direção de atores e seu tino para a comédia de costumes asseguram o interesse pela narrativa, mesmo que o filme seja grandemente prejudicado pelo tom emocionalmente manipulativo que o acompanha do início ao final. Utilizando-se do batido recurso de contar a história sob a ótica de uma criança – no caso, o filho de Umberto – o filme encontra tanto algumas de suas melhores soluções para pontuar a narrativa (os desenhos que o menino faz dos personagens que se encontram em evidência) como apresenta uma narrativa que acaba por fugir quase que completamente ao controle do pequeno narrador. Mesmo que eventualmente sejam inseridos comentários in off da criança, à guisa de lembrar quem revela os fatos, a complexidade de apreensão do que é narrado não é a de uma criança. Ao personagem vivido por Depardieu, que aparece relativamente pouco, é reservada a fala-chave do filme -  “quem não tem coragem não deveria ter convicções” – onde, ao expressar sua amargura por viver num momento em que ter consciência crítica pode ser sinônimo de impotência diante dos fatos, estremecendo de vez o conformismo pequeno-burguês de Umberto. Filmtel/FR 3/Les Films Alain Sarde/Medusa Produzione/Telepiú. 110 minutos.

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