Filme do Dia: Dr.Jekyll and Mr.Hyde (1913), Herbert Brenon
Dr. Jekyll and Mr. Hyde (EUA, 1913). Direção: Herbert
Brenon. Rot. Adaptado: Herbert Brennon a partir do romance de Robert Louis
Stevenson. Com: King Baggot, Jane Gail, Matt Snyder, Howard Crampton, William
Sorelle.
Após
atender alguns amigos – com quem discute sobre suas estranhas teorias a
respeito de mudanças de personalidade induzidas – para o ceticismo dos mesmos,
alguns clientes e também sua amada, Alice (Fail) e o pai dessa (Snyder), o Dr.
Henry Jekyll (Baggot) se transforma no monstruoso Hyde (Baggot) após beber sua
fórmula secreta, aterrorizando os criados que o veem saindo do escritório do
patrão. Ele parte então para um clube de diversão popular, provocando espécie.
Ainda como Hyde aluga um quarto de pensão barata e sai pelas ruas aterrorizando
e atacando as pessoas, como uma criança aleijada, algo que é testemunhado por
um homem e logo reunindo um grupo grande de pessoas. Ele se predispõe a pagar
pelos danos causados ao garoto. Quando retorna a si, sente-se atormentado pelos
remorsos. Pouco depois, talvez antevendo problemas, o Dr. Jekyll faz seu testamento.
Ao receber sua noiva e o pai dela mais uma vez, tudo parece transcorrer bem até
que ele sente novamente a mutação. Sua noiva corre desesperada e alerta o pai e
o amigo desse. Posteriormente, ao retornar em uma noite com a noiva e seu pai
volta a se tornar Hyde e enquanto a noiva alerta o pai, ele mata um homem
diante da residência da família. Quando se dirige à casa da noiva, arrependido,
torna-se mais uma vez Hyde e essa se assusta com o que vê. Um grupo de pessoas,
revoltado com suas ações, segue-o até a pensão em que mora quando é Hyde. Lá
dentro consegue fazer uso da fórmula mais uma vez e escapa do linchamento.
Enquanto Hyde destrói seu próprio
escritório-laboratório os criados, desesperados, ligam para o seu sogro e o
amigo dele. Eles conseguem invadir o local e o encontram já morto.
Essa
produção em dois rolos não apenas demonstra o longevo interesse de Carl Laemmle
e de seu estúdio pelo gênero horror/fantástico, antecedendo o Expressionismo
Alemão inclusive, quanto uma decupagem que faz uso proveitoso de espaços
contíguos, tal como em Griffith, mas que comparado ao cinema clássico sofre
lapsos tanto ao se deter por demasiado tempo em uma mesma cena, como a que o
protagonista discute com pessoas próximas sobre suas ideias, consideradas bizarras
pelos amigos, e também a cena final,
como por uma narrativas que se apresenta com alguns saltos tais como o
que se efetua do momento em que o médico atende seus pacientes e também sua
amada e o progenitor dessa e logo a seguir é visto à noite “liberando seus
impulsos mais doentios” numa cena propriamente mais cômica que aterradora.
Quando personificado como figura monstruosa, acentua-se o seu andar encurvado,
como uma mescla entre corcunda e macaco. Para além disso, no entanto, uma opção
sem dúvida ainda menos interessante foi de imediato ser considerado como um
elemento perigoso no clube popular, algo que foi tratado com bem maior sutileza
e verossimilhança na versão mais célebre, de 1931, inclusive considerando
provavelmente a multidão de tipos excêntricos e disformes presentes no ambiente
imaginado. O contraste entre sua
personificação “burguesa” e a irascível postura algo anárquica presente
enquanto Hyde é aqui acentuado pela postura carola de Jekyll, que é contido
pela noiva quando observa um grupo de crianças seminaristas – logo ele que
havia atacado justamente uma criança quando Hyde. O tema de uma personalidade mais literalmente
dividida surge contemporaneamente na figura do duplo que assombra o protagonista
de O Estudante de Praga. Publicado originalmente em
1886, o romance de Stevenson já havia
sido adaptado no ano anterior por Lucius Anderson, assim como três outras
produções e em 1920, com três outras versões,
uma delas dirigida por Murnau e tida como perdida e outra por John S.Robertson
com John Barrymore, que sobreviveu. IMP para Universal Film Manufacturing Co.
26 minutos.
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