Filme do Dia: Asura (2012), Kei'ichi Sato
Asura (Ashura,
Japão, 2012). Direção: Kei’ichi Sato. Rot. Adaptado: Ikuko Takahashi, baseado
no mangá de Geroge Akiyama. Música: Yorihiro Ike, Yoshihiro Ike, Norihito
Sumitomo & Susumu Ueda. Dir. de arte: Hirotsugu Kakoi & Hiroshi Kato.
Abandonado em uma
situação de penúria e fome em Kyoto, uma criança se transforma em um ser
selvagem, que faz tudo para sobreviver, inclusive comer carne humana. A criança
encontra um monge budista que lhe passa alguns ensinamentos. Asura vem a ser
praticamente “adotado” pela jovem e bela Wakasa. Ele foge de um grupo de
moradores, após matar o filho de um de seus líderes. Porém, quando Wakasa se
encontra com seu namorado, desaparecendo temporariamente de Asura, esse fica
deprimido e ao encontrar o casal, ataca ferozmente o homem. Irritada, Wakasa o
expulsa, chamando-o de monstro. Asura tem um segundo encontro com o monge, que
arranca sua própria mão e oferece a Asura, que se encontra desacreditado de si
mesmo. Com a situação de penúria extrema, Wakasa fica cada vez mais
enfraquecida. Asura mata um cavalo e leva parte de sua carne para Wakasa, que
se recusa a comer por acreditar que se trata de carne humana. O líder samurai
que havia perdido o filho para Asura o persegue com um exército de homens
dispostos a mata-lo. Asura mata o pai após um longo confronto. Wakasa morre.
Se a animação
possui o lirismo e o esplendor de traços que caracterizam boa parte da produção
animada de longa-metragem nipônica não possui equivalente em termos de sua
narrativa que, mesmo interessante, torna-se algo comprometida por suas
pretensões de fábula moral. Não são poupadas imagens fortes, mas essas se
encontram mais a serviço da narrativa que o oposto, sendo seu ritmo bem mais
compassado e menos encavalado por eventos sucessivos como boa parte da produção
similar contemporânea (a exemplo de A
Criança Que Busca Vozes do Abismo Profundo ou A Viagem de Chihiro). Aqui, ao contrário, uma situação fantástica
se contrapõe a uma moldura basicamente realista o que dá uma certa moderação
saudável aos excessos de fantasia que habitualmente compõem o receituário da
animação nipônica. Destaque para a cena em que a bela Wakasa se banha no rio,
voltando-se para Asura – seu visual e a composição da cena sugerem um ser
sublime, percepção similar da criança. A provocação direcionada a concepção do
que seja humano se encontra atrelada a questão das necessidades imediatas e
tampouco consegue ser plenamente desenvolvida, entrando em certo atrito com as
considerações morais do monge, mesmo esse se mantendo longe de ter uma posição
somente de condenação para com o garoto selvagem que encontra. Visualmente, a
animação pretende extrair efeitos dramáticos da mimetização de procedimentos
dos filmes de ação ao vivo, tais como a chuva observada caindo de cima ou agua
ou detritos sendo respingados na “câmera”.
Toei Animation Co. 76 minutos.
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