Filme do Dia: O Beijo da Morte (1947), Henry Hathaway
O Beijo da Morte (Kiss of Death, EUA, 1947). Direção:
Henry Hathaway. Rot. Original: Ben Hecht & Charles Lederer, baseado no
argumento de Eleazar Lipsky. Fotografia: Norbert Brodine. Música: David
Buttolph. Montagem: J. Watson Webb jr. Dir. de arte: Lelland Füller & Lyle
R. Wheeler. Cenografia: Thomas Little. Com: Victor Mature, Brian
Donlevy, Coleen Gray, Richard Widmark, Taylor Holmes, Howard Smith, Karl Marlden, Mildred Dunnock.
Nick Bianco (Mature) é um assaltante
que segue a trilha do pai, morto em ação. Porém, depois de ser preso por um
assalto frustrado, é pressionado pelo inspetor da polícia Louie D`Angelo
(Donlevy) a delatar os comparsas da ação, ganhando liberdade condicional para
cuidar da esposa e duas filhas. Inicialmente resistente, Bianco acaba mudando
de idéia quando soube da notícia do suicídio da esposa e que as duas filhas
foram para um orfanato. Suas denúncias dão a impressão que Rizzo fora o
culpado. O psicopata Tommy Udo (Widmark) mata a mãe de Rizzo (Dunnock). Udo é
absolvido perante o tribunal e Nick, agora solto e tendo formado uma nova
família, com Nettie (Gray), que cuidara de suas filhas, encontra-se preocupado
com a vingança. Em ação com a polícia, sofre um atentado de Udo, que é morto
pela polícia.
Esse drama noir tem como cena de maior impacto, a que Tommy Udo joga a mãe de
Rizzo escada abaixo, atipicamente cruel para a produção da época, mesmo em se
tratando do gênero, conhecido pelo seu cinismo e visão pessimista da
humanidade. Também é atípico ao ser filmado integralmente em locações (pelo
menos assim afirma nos créditos iniciais, embora muitos interiores não difiram
das reconstituições em estúdio da época), inclusive várias cenas de interiores,
característica que só ganhará destaque na cinematografia americana com Elia Kazan e outros cineastas da década seguinte. Porém, o maniqueísmo que certas
produções do gênero se afastam ao retratar todos como motivados por desejos
semelhantes, acaba sendo empobrecedor, assim como os habituais cacoetes
narrativos – assim que Nettie surge, logo saberemos que ela será a futura
senhora Bianco – e as irritantes e piegas intervenções de Nettie, como
narradora. Ou ainda as não menos piegas e inverossímeis táticas de
convencimento do protagonista, apelando para suas filhas, assim como o sincero
interesse do policial que, mesmo esbofeteado, continua fiel a Bianco. O filme
foi um trampolim para a carreira de Widmark, que se especializaria em viver
tipos cínicos. 20th Century-Fox. 98 minutos.
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