Filme do Dia: Bob&Carol&Ted&Alice (1969), Paul Mazursky

 


Bob&Carol&Ted&Alice (EUA, 1969). Direção: Paul Mazurksy. Rot. Original: Paul Mazursky & Larry Tucker. Fotografia: Charles Lang. Música: Quincy Jones. Montagem: Stuart H. Pappé. Dir. de arte: Pato Guzman. Cenografia: Frank Tuttle. Figurinos: Moss Mabry. Com: Natalie Wood, Robert Culp, Elliott gould, Dyan Cannon, Horst Ebersberg, Lee Bergere, Donald F. Muhich, Noblelee Holderread Jr.

A documentarista Carol Sanders (Wood) vai com o marido, Bob (Culp), para uma espécie de Spa, no qual são motivados a se desreprimirem e interagirem com outras pessoas em terapias diversas. Eles contam tudo ao casal mais próximo deles, Ted (Gould) e Alice Henderson (Cannon). Após Bob ter contado a Carol que a traiu com uma garota em San Francisco, mas que tudo não passou de sexo inconseqüente, Carol, que aparentemente o perdoou rapidamente, conta tudo ao casal Henderson. Alice se sente completamente chocada e não quer que Ted a toque nessa noite. Posteriormente, quando Bob chega mais cedo de viagem, Carol lhe diz que ela trouxe um amante para casa. Inicialmenet chocado e furioso, Bob acaba sendo polido com Horst (Ebersberg). Posteriormente, em uma viagem para Las Vegas, Carol sugere que os dois casais façam swing.

Ainda que a forma satírica que Mazursky observa os então bastante recentes códigos do que representa “ser moderno” na relação entre gêneros e a boa dose de impostura daí decorrente (dos personagens, mais que do filme certamente) não salvem esse filme da sua própria inocuidade e, a partir de certo momento, falta de rumo, é sem dúvida o que lhe dá um certo charme. O que há de mais convencional, portanto, teima em emergir, mesmo que nas bordas, em  lapsos momentâneos dos personagens, como quando Alice observa de soslaio enciumada a aproximação que o marido faz de Carol, ou quando Bob simplesmente explode ao descobrir que a mulher trouxera um homem para sua cama.  Ou ainda, no único momento abertamente hilário do filme, quando Alice simplesmente se descontrola quando Ted, bêbado, confessa a ela e ao casal de amigos sobre sua infidelidade com uma aeromoça.  Mazursky evidentemente se aproxima de um universo do qual é bastante próximo e não faltam breves referências ao cinema, como o equipamento de filmagem com o qual Bob registra a festinha do filho. Seu final, anti-naturalista por excelência, efetiva um tributo a Fellini, ao som de uma canção de Bacharach, que havia emplacado um enorme sucesso no mesmo ano na trilha de Butch Cassidy ainda que sua insistência na ainda recente seara da intimidade pelo cinema seja efetivamente mais próxima de Godard, como na longa seqüência na qual o casal Henderson se depara com o desejo de Ted e ausência de desejo de Alice. Apesar de, ao contrário de Acossado que Godard dirigira dez anos antes, essa intimidade parece por demais atrelada ao enredo para conter algo mais evocativo de um espírito de cotidiano, a partir de frases e situações sem qualquer interesse maior para a trama. Outro atrativo do filme é o elenco. Nat Wood encarna com perfeição essa nova sensibilidade que se pretende blasée  diante do sexo e da traição e ao mesmo tempo impregnada de uma pretensa honestidade de sentimentos. Culp, mais conhecido por sua carreira na TV, vive um tipo canastrão com estampa de Timothy Leary. Gould, à altura de Wood, encarna bem seu personagem, cuja timidez e ceticismo, expressa em seu próprio corpo, pouca desenvoltura e amuos de boca, encara com evidente desconfiança o crescente liberalismo do casal de amigos. É evidente que os dois casais seriam impensáveis sem os predecessores e mais sarcásticos vividos em Quem Tem Medo de Virginia Woolf? Columbia PIctures Corp./Frankovich Prod. para Columbia Pictures. 105 minutos.

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