Filme do Dia: Procura-se Amy (1997), Kevin Smith

 



Procura-se Amy (Chasing Amy, EUA, 1997) Direção: Kevin Smith. Rot.Original: Kevin Smith. Fotografia: David Klein. Música: David Pirner. Montagem: Kevin Smith e Scott Mosier. Com:Ben Affleck, Joey Lauren Adams, Jason Lee,  Edwards Dwight Ewell, Jason Mewes, Kevin Smith, Casey Affleck, Guinevere Turner, Matt Damon, John Willyung, Cohee Lundin, Brian O’Halloran.
       Holden McNeil (Affleck) divide o apartamento e as idéias para as histórias em quadrinhos cult com o amigo Banky Edwards (Lee). Entre os amigos de McNeil se encontra o também desenhista Hooper (Ewell), homossexual negro que se auto-promove em cima do discurso da marginalização dos negros no universo das HQ. Após um congresso, Hooper apresenta para McNeil a jovem Alyssa Jones (Adams), e uma atração mútua é despertada por ambos. Hooper convida McNeil para uma festa, afirmando que Alyssa gostaria que ele fosse. Ele vai com o amigo Banky, porém sua decepção é grande ao descobrir que a pessoa que Alyssa abre o coração ao cantar não é ele, mas outra mulher. Banky se diverte com a surpresa do amigo e passa o resto da noite dando gargalhadas cumplíces sobre bizarras histórias de sexo oral com garotas de ambos. Jones, no entanto, reaproxima-se de McNeil e ambos tornam-se grandes amigos, ela fazendo com que ele supere certos preconceitos e desconhecimento sobre a relação homossexual feminina. Porém, ele se descobre perdidamente apaixonado por ela. E quando ele se dirige com o amigo Banky para uma bienal de HQ em Boston, desiste no último momento ao falar com ela ao telefone. Após revelar sua paixão, no entanto, é descartado por Alyssa, que se afasta pretendendo pegar um táxi, porém logo retorna e ambos começam a beijar-se. Passam a viver um romance, sob o olhar incrédulo de Banky. Este, no entanto, descobre que Alyssa mentira para Mcneil ao afirmar que ele fora o primeiro homem com quem dormira, já que falara sobre seu namoro para dois amigos, um deles o pacato Cohee Lundin (Willyung), que afirmara ter feito sexo a três com ela e o amigo na época do ginásio. Perturbado com a revelação do amigo, McNeil consulta Hooper, que não acredita que ele vá abandoná-la unicamente por esta revelação. Conversando com dois jovens empresários de HQ, McNeil fala que se encontra triste por se encontrar apaixonado. Alyssa, ao mesmo tempo, se vê excluída por suas amigas lésbicas após contar de sua paixão por Holden. Um deles (Damon), mais prático, afirma que a vida se resume a dinheiro e mulheres e que acha que ela deve abandoná-lo. Outro (O’Halloran), que chora ao ouvir Barbra Streisand, afirma que ele está procurando Amy e conta-lhe que perdeu o grande amor de sua vida quando, por insegurança, não aceitou que ela anteriormente tivesse feito um menage-a-trois. Até hoje procurava-a em outras garotas. Em meio a um jogo de hoquei, McNeil põe Alyssa contra a parede. Acuada, ela se rebela contra ele, afirmando que ele não se importava que ela tivesse dormido com metada das mulheres de Nova York, mas sim com suas aventuras infantis da época de colégio. Em crise, McNeil chega a estranha conclusão de que precisa fazer um menage-a-trois com Alyssa e Banky, para conseguir superar o trauma de nunca ter vivido uma experiência do gênero como ela, ao mesmo tempo que resolveria o que ele acredita ser a homossexualidade enrustida  de Banky, que se apresentaria em sua constante homofobia. Banky, relutante, topa enquanto Alyssa, chocada com a proposta, e dizendo querer uma vida só a dois com ele, parte. Separado de ambos, McNeil tem um encontro fortuito e emocionado tanto com Banky, que assina sua nova revista sozinho, como com Alyssa, que também entrou para o ramo. Para Alyssa ele apresenta seu último número, o único que acredita realmente pessoal: Procurando Amy.
Enveredando por pretensões dramáticas bem maiores que seu filme anterior, O Balconista, Smith esbarra em uma série de dificuldades difíceis de superar: à pretensão dramática soa deslocada seja pela inconvincente paixão entre McNeil e Alyssa ao qual muito se deve o  fraco trabalho dos atores, seja pela indefinição do filme entre a comédia e o drama; o caráter “pedagógico” da amizade de Alyssa e sua influência quase instântanea sobre McNeil soa forçada e até mesmo irritante; a obviedade de quase toda a trama; auto-condescendência exagerada, como se por se proclamar um “filme jovem” fosse motivo para deslizes múltiplos na caracterização e motivos dos personagens; procurando inverter os signos da tradicional comédia-drama de costumes, ao apresentar a relação de paixão entre uma homo e um heterosexual sob o prisma do último, Smith não vai muito além do convencional (e vale lembrar que Schelsinger já havia feito algo semelhante, de forma bem mais primorosa e menos auto-condescedente em Domingo Maldito). Entre os raros momentos realmente divertidos se encontra o diálogo entre McNeil e Hooper, em que o último alerta-o para o perigo do encanto exagerado pela moda “lesbian chic”, já que as lésbicas que conhece na maioria são muito feias e a conversa de McNeil com os dois empresários de HQ, ambos em bom desempenho. Elenco que inclui alguns dos nomes mais elogiados do jovem cinema americano, incluindo a dupla de amigos Damon e Affleck, responsáveis posteriormente pelo superestimado O Gênio Indomável. Referência a O Balconista, na cena em que após descobrirem que moraram em cidades vizinhas, McNeil pergunta se ela conhece uma série de lugares que são pontos referenciais, entre eles a loja do filme anterior, onde ela afirma que uma amiga sua acabou certa vez fazendo sexo com um cadáver, episódio presente no filme. Miramax. 111 minutos.

Postada originalmente em 17/11/2015

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