Filme do Dia: O Homem das Novidades (1928), Buster Keaton & Edward Sedgwick




 Homem das Novidades (The Cameraman, EUA, 1928). Direção: Edward Sedgwick & Buster Keaton. Rot. Original: Clyde Bruckman, Joseph Farnham, Lew Lipton, Byron Morgan & Richard Schayer. Fotografia: Reggie Lanning & Elgin Lessley. Montagem: Hugh Wynn & Basil Wrangell. Cenografia: Fred Gabourie. Figurinos: David Cox. Com: Buster Keaton, Marceline Day, Harold Goodwin, Sidney Bracey, Harry Gribbon, Richard Alexander, Edward Brophy, Ray Cooke


Luke Shannon (Keaton) é um fotográfo amador que se apaixona por Sally Richards (Day), funcionária da MGM. Shannon faz de tudo para conseguir ser aceito como cinegrafista para ficar próximo dela, comprando uma velha câmera com o resto de suas economias. Porém, o primeiro teste com material filmado é motivo de gargalhadas por conta de suas inúmeras falhas técnicas. Comovida, Sally decide dar uma segunda chance para Luke e lhe avisa de que há algo interessante para ser filmado no Bairro Chinês. Luke vai e consegue filmar toda a violenta briga entre as gangues, acompanhado de um macaquinho que acabou ficando dono em uma de suas trapalhadas. Após arriscar sua própria vida, descobre no escritório da MGM que havia esquecido de colocar negativo na câmera. A situação fica ainda pior quando Luke toma conhecimento que sua amada está saindo com Harold Stagg (Goodwin), um dos cinegrafistas bem sucedidos da companhia. Enquanto filma ocasionalmente as regatas, Luke é testemunha de um acidente de lancha com Harold e Sally e a salva da morte. Ele vai buscar remédios para reanimá-la, e Harold oportunisticamente se aproxima de Sally e se passa por seu salvador. A salvação para o amor e o emprego de Luke é que não só ele encontra  o material filmado no Bairro Chinês, que havia sido trocado pelo macaquinho como o seu pequeno amigo animal filma toda a seqüência do salvamento de Sally.
Repleto de momentos dignos de qualquer compilação da comédia muda, esse genial filme, co-dirigido por Keaton, ainda que os créditos não façam menção, foi sua última película muda. Entre as sequências mais hilariantes se encontram  a do clube de natação, em que Keaton se engalfinha com um homem gordo em um provador e fica em apuros despido na piscina. Ou ainda suas trapalhadas na pensão para senhoritas onde mora Sally. Reavaliado com relação a Chaplin a partir da década de 1960, os filmes de Keaton demonstram uma proximidade maior com a linguagem cinematográfica, já que quase completamente autônomos com relação aos diálogos – esse veio a ser o seu primeiro filme com roteiro. Particularmente no caso em questão, em que o próprio filme é um comovente (em sua hilaridade) tributo aos cinegrafistas de atualidades e seus riscos e, portanto, onde o universo do próprio cinema vem à tona, inclusive através de alguns de alguns de seus recursos peculiarmente explorados pela vanguarda artística de então (reverse motion, sobreimpressão, etc.). Não é à toa que a seqüência da filmagem “truncada” de Luke seja evocativa tanto de uma célebre seqüência de Aurora (1927), de Murnau quanto o filme como um todo, em sua insistente demonstração do próprio ato de filmagem se aproxime por esse viés de outro tributo contemporâneo ao cinegrafista, O Homem com a Câmera (1929), de Vertov. Outra característica fundamental que o levou a ser reavaliado após um longo e imerecido esquecimento é sua ausência de apelo ao sentimentalismo fácil, bastante presente nas obras chaplinianas. Nessa cópia cuja restauração em grande parte se deve a um negativo encontrado em 1968, houve a mudança do nome do protagonista para Buster. MGM. 75 minutos.

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