Filme do Dia: Todos Contra Léo (2002), Christophe Honoré
Todos Contra Léo (Tout
contre Léo, França, 2002). Direção: Christophe Honoré. Rot. Adaptado:
Diastéme, baseado no romance de Christophe Honoré. Fotografia: Rémy Chevrin.
Música: Alex Beaupain & Doc Mateo. Montagem: Chantal Hymans. Dir. de arte:
Marie-Hélène Sulmoni. Figurinos: Pierre Canitrot. Com: Yaniss Lespert, Pierre
Mignard, Marie Bunel, Rudolphe Pauly, Jérémie Lippman, Dominic Gould, Louis
Gonzalez, Joana Preiss, Assad Bouab.
A família tenta poupar o jovem e
sensível Marcel (Lespert) de saber que um de seus irmãos mais velhos, Léo
(Mignard), se encontra com AIDS. Leo convida Marcel para uma viagem até Paris,
onde vai encontrar o ex-amante Aymeric (Bouab), mas este, depois de não ter
notícias por um ano dele, rejeita-o. Léo, após uma tentativa abortada por ele
próprio de sexo casual, deixa Marcel no terminal ferroviário. Ele, voluntariamente decidira por não seguir o tratamento contra a doença morre
pouco depois.
Este aborrecido filme para a
televisão é o segundo longa de Honoré. Talvez o que mais salte aos olhos,
negativamente, seja a sua imensa dispersão dramática, algo que o realizador não
perdeu de todo em sua produção mais recente e felizmente mais focada com o
“muso” Louis Garrel (Em Paris, Canções de Amor, A Bela Junie), neo-romântica mas sem apelar para a sátira fácil de
um Ozon. Aqui inverte-se os pólos, pois as pretensões são maiores e os
resultados efetivamente conquistados bem menores. Honoré aqui parece ter ficado
com o pior dos dois mundos. Nem consegue emplacar seu estilo entrecortado, que
talvez pretenda fazer menção a uma vertente mais autoral, próxima da Nouvelle Vague, onde o estilo acabaria
dando conta da incomensurabilidade dos sentimentos humanos, ao qual
visivelmente almeja, nem tampouco é bem sucedido em um mais comum processo de
identificação dramática com os personagens, justamente pelo estilo
entrecortado, por interpretações insuficientes em boa parte dos casos e por
último, mas longe de menos importante, pelo seu próprio enredo e descrição rasa
de seus personagens, como um dos irmãos, descrito caricatamente como o que
pretende seguir as coisas corretamente. Ou ainda a desesperada e patética mãe
da família. E não é vagando inconsequentemente com seu protagonista que o filme
se encontrará, ao contrário de muitas outras tentativas, como a de Trinta Anos Esta Noite (1964), de Louis Malle. Aqui, já que o espectador não vem a ser cultivado pelo estilo, pela
própria história ou por qualquer de seus personagens, mesmo o do garoto que
divide o protagonismo com o irmão, pouco se dá para o que venha a acontecer com
qualquer um de seus opacos e desinteressantes personagens, provavelmente
inspirados em traços da biografia do próprio realizador transformados em
romance que serviu como base para o roteiro – o mesmo Pierre Mignard viveria um
personagem de mesmo nome no longa de estréia do realizador, 17 Fois Cécile Cassard. Image et
Compagnie/M6 Métropole Télévision. 90 minutos.
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