Filme do Dia: Encurralado (1960), Claude Sautet
Encurralado (Classe Tous Risques, França/Itália, 1960).
Direção: Claude Sautet. Rot. Adaptado: Pascal Jardin & Claude Sautet,
baseado no livro de José Giovanni. Fotografia: Ghislain Cloquet. Música:
Georges Delerue. Montagem: Albert Jurgenson. Dir. de arte: Rino Mondellini.
Com: Lino Ventura, Jean-Paul Belmondo, Simone France, Stan Krol, Michel Ardan,
Marcel Dalio, Thierry Lavoye, Claude
Cerval, Sandra Milo, France Asselin.
O gangster Abel Davos (Ventura) une-se ao amigo
Raymond (Krol) para um roubo e a fuga da Itália para a França, depois
encontrando-se com sua esposa Therese (France) e os filhos. Quando desembarcam
em território francês, no entanto, Raymond e Therese são mortos pela polícia.
Só com os filhos, Abel parte para uma jornada arriscada de buscar proteção com
poderosos no mundo do crime, para quem já havia prestado serviços. Porém, sua
decepção é completa, quando lhe é enviado um desconhecido, Erik Stark
(Belmondo). Deixando os filhos com um
velho amigo, Abel encontra abrigo na casa do generoso Stark, enquanto o último
torna-se namorado de Liliane (Milo), a quem dera carona, no momento que fora
receber Abel. Abel vinga-se de boa parte dos ex-amigos, matando e roubando
alguns deles. Porém quando soube que Stark fora ferido numa ação policial cujo
objetivo era prendê-lo, o peso do episódio é mais um a somar-se às mortes da
esposa, do melhor amigo e da mulher de uma de suas vinganças, Madame Vintran
(Asselin), que tivera um ataque cardíaco ao encontrar o marido morto, Abel
decide encerrar sua carreira criminosa e entregar-se à Polícia.
Embora
tanto o tema como uma certa austeridade visual sugiram uma proximidade do
universo dos filmes de Jean-Pierre Melville, o herói-bandido de Sautet, mesmo
hábil como o Alain Delon de O Samurai
(ou ainda de O Sol Por Testemunha de
René Clement, filme contemporâneo a esse),
não possui a frieza e o cinismo que caracterizam os personagens vividos por
Delon. Pelo contrário, o Abel de Ventura é profundamente humano e vivencia,
como poucos, a culpa de ocasionalmente não puder sustentar os filhos ou
provocar a morte de entes queridos, o que torna-se um dos grandes trunfos do filme.
Por outro lado, não possui o mesmo senso de atmosfera que os filmes de Melville
e Clement. Terceiro filme realizado pelo cineasta que, ao longo de sua
filmografia, seria considerado um cineasta não mais que mediano. Provavelmente o título original de O Demônio das Onze Horas (1965), de
Godard, Pierrot Le Fou, foi extraído
de um diálogo do filme. Films Odéon/Filmsonor/Mondex Films. 111 minutos.
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