Filme do Dia: Quebrando o Silêncio (1999), Sun Zhou


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Quebrando o Silêncio (Piao Liang Ma Ma, China, 1999). Direção: Sun Zhou. Rot. Original: Liu Heng, Shao Xiaoli & Sun Zhou. Fotografia: Lu Yue. Música: Zhao Jiping. Montagem: Nancy Muqing & Zhai Ru. Dir. de arte: Quan Rongzhe. Figurinos: Qi Guo & Zhao Yuxing. Com: Gong Li, Gao Xin, Shi Jing-Mi, Guan Yue, Yue Xiuqing, Li Chengru, Lu Liping, Lei Quesheng, Ling Qing.
          Zheng Da (Xin) sofre discriminação na escola por parte dos professores e dos alunos por ser surdo. Ele não passa nos exames e sua mãe, divorciada e dedicada a lhe favorecer educação, Sun Liying (Li) fica apavorada quando o filho quebra o equipamento auditivo em uma briga com outras crianças. Ela não possui dinheiro para comprar outro. O ex-marido de Sun, Zheng Peidong (Yue), displicente com relação à ajuda à família, morre em um desastre de automóvel. Sun que tentara, sem maior sucesso, trabalhar no mercado informal, decide entregar jornais e fazer faxina. Numa das casas torna-se vítima de abuso sexual, mas consegue o dinheiro que necessita para comprar o aparelho do filho. O professor de Zheng na escola, Fang Ziping (Jing-ming), admirado pela determinação de Sun em ajudar seu filho, interessa-se cada vez mais pela família.
Esse drama de colorações neorrealistas no conteúdo, embora de postura mais convencional, em termos estilísticos, apresenta uma outra faceta que boa parte dos realizadores chineses contemporâneos voltaram às costas: muitas das dificuldades típicas dos países regidos pela economia de livre mercado aqui são expostas, como a questão do desemprego e da dificuldade de ter acesso aos bens básicos. Partindo de um universo proletário, em oposição à classe média alta retratada nos dramas de costumes de Qi Jian e Zheng Xiaolong, o filme, ainda que carregado de um certo teor emocional manipulativo, consegue fugir dos excessos sentimentais de boa parte da produção chinesa, utilizando-se bem do recurso à elipse, evitando uma resolução que, embora apontando para uma futura relação entre Sun e o professor e a aprovação de Zheng na escola, não a explicitam. Ao mesmo tempo, também afirma com bastante ênfase, os dramas centrados na classe média alta, o momento de emancipação feminina, que aqui é vivenciado para além dos problemas emocionais. A certo momento, Sun declara emblematicamente que agora não possui nem mais ao Estado nem ao marido a quem recorrer. Vivenciando uma protagonista no estilo Mãe Coragem, Gong Li, a ex-musa do renomado cineasta Zhang Yimou, consegue uma notável interpretação, evitando os excessos. 90 minutos.

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