The Film Handbook#174: Michael Mann
Michael Mann
Nascimento: 09/02/1943, Chicago, Illinois, EUA
Carreira (como diretor): 1979-
Apesar da produção de filmes de Michael Mann ser pequena em comparação ao seu trabalho na televisão (enquanto roteirista, diretor e produtor), tão forte tem sido sua influência em estilos recentes em ambas as mídias que, possibilitou que sua carreira no cinema escapasse aos prolemas de marketing que a arruinaram por tanto tempo e o reconhecimento futuro de sua importância parece assegurado.
Enquanto estudava cinema em Londres, Mann adquiriu experiência dirigindo comerciais e documentários para a televisão, retornando então a América para realizar seu próprio nome, escrevendo para séries como Starksy & Hutch e Os Novos Centuriões/Police Story. Após seu trabalho não creditado no roteiro de Liberdade Condicional/Straight Time de Ulu Grosbard, dirigiria seu primeiro longa-metragem, Maratona Final/The Jericho Mile; realizado para a televisão, mas lançado nos cinemas fora dos Estados Unidos, foi um filme de suspense prisional tenso e inteligente, no qual um preso, dribla o tédio e vence o sistema ao treinar para se tornar um corredor em padrões olímpicos. De longe mais impressionante, no entanto, foi o primeiro longa de Mann autenticamente cinematográfico, Profissão: Ladrão/Thief>1: enquanto observa friamente as tentativas de um ex-condenado de melhorar sua vida através de seus refinados conhecimentos enquanto hábil mentiroso, o diálogo conciso, interpretação minimizada, e fotografia frágil, quase abstrata da arquitetura e do maquinário de alta tecnologia do filme, enfatizam a condição de esgotamento emocional do protagonista. De fato, o estilo de Mann é tão anti-realista que o filme, embora inclua admiráveis cenários é menos um thriller que uma meditação melancólica e modernista sobre a forma thriller.
Ainda mais ambicioso, A Fortaleza Infernal/The Keep foi uma tentativa de combinar as convenções do cinema expressionista alemão com uma história bastante desconfortável, indecisa entre os gêneros de guerra e horror: infelizmente o filme (no qual soldados nazistas ocupam uma construção gótica romena, conhecendo seus destinos em forma de um monstro primevo) sofreu de incoerência; porém, seus sombrios visuais cinza-esverdeados e a incomum perspectiva de Mann sobre um conflito entre o Mal versus o Mal - o roteiro é concebido para descrever a atração psicopatológica do fascismo - foi realizado com fascinante apuro. Nada surpreendentemente, com os distribuidores incertos em como promover este híbrido, ele fracassou de forma desastrosa e Mann retornou à televisão. Tornou-se conhecido como criador e produtor-executivo das séries estilizadas altamente bem sucedidas e auto-conscientes Miami Vice e Crime Story.
Felizmente a ausência de Mann da tela grande foi temporária e Caçador de Assassinos/Manhunter>2 é, talvez, seu melhor filme até o momento. Sobre um veterano especialista em causas forenses do FBI que abandona a aposentadoria para utilizar suas habilidades psicológicas (ele é capaz de adentrar em uma mente criminosa e duplicar seus padrões de pensamento) no rastreamento de assassinos seriais, uma vez mais empregando complexos movimentos de câmera, impressionantes composições e cores expressionistas e uma meditativa trilha sonora para criar uma atmosfera de violência insuportável. Nunca um fim em si mesmo, os excessos estilísticos refletem a mentalidade atormentada do policial. Na verdade, a direção de Mann é tanto marcante quanto surpreendentemente sutil: até o clímax, a violência é sugerida mais que apresentada, evocada por manchas deixadas nos muros e pisos, para que nós, como o policial, sejamos levados a imaginar um horror indizível.
Complicações da companhia produtora, nada relevantes ao próprio filme, limitaram seu lançamento; é de se esperar que a carreira de Mann no futuro seja menos problemática. Certamente, sua habilidade para criar e manter uma atmosfera palpavelmente sinistra e contar uma história em imagens mais que palavras, sugere um talento de rara promessa.
Cronologia
Enquanto A Fortaleza Infernal lembra vagamente os primeiros filmes alemães de Fritz Lang, a veia modernista de Profissão: Ladrão e Caçador de Assassinos pode ser comparada aos trabalhos de Melville, Boorman e Walter Hill ao início de carreira. A influência de Mann no cinema (Viver e Morrer em Los Angeles/To Live and Die in L.A., de Friedkin, por exemplo) e, ainda mais particularmente, na televisão, não pode ser subestimada.
Destaques
1. Profissão: Ladrão, EUA, 1981 c/James Caan, Tuesday Weld, Willie Nelson, James Belushi
2. Caçador de Assassinos, EUA, 1986 c/William L. Petersen, Kim Greist, Brian Cox, Joan Allen
Texto: Andrew, Geoff. The Film Handbook. Londres: Longman, 1989, pp. 192-3.
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