Filme do Dia: Quando Brota o Amor (1971), Waris Hussein
Quando Brota o Amor (Melody, Reino Unido, 1971). Direção: Waris Hussein.
Rot. Original: Alan Parker. Fotografia: Peter Suschitzky. Montagem: John
Victor-Smith. Dir. de arte: Roy Stannard. Figurinos: Diane Jones. Com: Mark Lester, Tracy Hyde,
Jack Wild, Colin Barrie, Billy Franks, Ashley Knight, Craig Marriott, William
Vanderpuye, Roy Kinnear.
Daniel
Latimer (Lester) é uma criança sensível que se afasta de seu melhor amigo,
Ornshaw (Wild), que possui uma condição social menos favorecida, a partir do
momento em que se crê apaixonado por Melody (Hyde). Melody leva o garoto para
sua casa, surpreendendo a todos. Depois, afirma que pretende se casar com ele.
E, para completar foge com o mesmo, tendo toda a classe como testemunha, para
realizar o feito.
Lester,
antes e após a evidência trazida por Oliver!, tornou-se uma espécie de
favorito para aproximações excêntricas e bastante peculiares da infância em
filmes como esse ou o ainda mais desafiador Todas as Noites às Nove (1967), de Jack Clayton. O frescor inicial,
evocativo do contemporâneo Domingo
Maldito, inclusive na forma pouco usual com que descreve o universo
infantil, longe de exatamente paternalista e tocando em pontos como a questão
da sexualidade e agressividade, infelizmente aos poucos cede espaço a uma mais
datada expressão de compartilhamento com a contracultura de seu tempo, sobretudo
em seu relativamente decepcionante final, ao som de Teach Your Children, de Crosby, Stills, Nash & Young, em que as
crianças da escola resolvem se vingar da opressão imposta pelos adultos e suas
inescapáveis limitações quanto ao enquadramento social. Até se chegar a isso,
no entanto, existe uma propensão a descrição de várias ações de personagens e
ações, que possui um que de documental, de flagrante de elementos do próprio
cotidiano, possuindo o seu charme. Algo igualmente explorado pelo cinema
norte-americano contemporâneo, também associado a uma reserva de sátira social
(os filmes de Michael Ritchie e Robert Altman, por exemplo). Uma trilha de
canções dos Bee Gees auxilia a construção do universo desejado, que se situa
entre o realismo social mais cru e anti-sentimental de um Ken Loach (Kes) e uma propensão mais explícita ao
franco absurdo atmosférico de O Vento
Também Tem Segredos (1961). Referência ao cartaz de Patton (1970), também aludido como “o filme de guerra que está
passando.” Moonrise Kingdom (2012),
de Wes Anderson, extraiu boa parte de sua trama daqui. Destaque para Jack Wild,
que já havia contracenado com Lester em Oliver!, habitualmente
explorado em sua verve proletária, como nas brincadeiras dotadas de um espírito
anti-burguês que se adéqua bem ao propósito, por mais que o protagonista vivido
por Lester seja dotado de uma polidez mais afinada com as noções de amor
romântico esboçadas em sua relação com a personagem-título. Hemdale
Prod./Sagittarius Prod./Goodtimes Enterprises para British Lion Film Corp. 103 minutos.
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