Filme do Dia: Imitação da Vida (1934), John M. Stahl



Imitação da Vida (Imitation to Life, EUA, 1934). Direção: John M. Stahl. Rot. Adaptado: William Hurlbut, baseado no romance de Fannie Hurst. Fotografia: Merritt B. Gerstad. Música: Heinz Hoelmheld. Montagem: Philip Cahn, Maurice Pivar & Maurice Wright. Dir. de arte: Charles D. Hall. Com: Claudette Colbert, Warren William, Ned Sparks, Louise Beavers, Juanita Quigley, Rochelle Hudson, Seble Hendricks, Fredi Washington, Alan Hale.
Bea Pullman (Colbert) é uma viúva em dificuldades financeiras, com a filha pequena Jessie (Quigley), até que surge Delilah Johnson (Beavers), que se oferece para ser sua empregada, desde que Bea aceite que ela traga sua filha, Peola (Hendricks). Bea vive como vendedora ambulante de calda. Após provar da deliciosa panqueca de Delilah, Bea tem a idéia de montar um negócio que venda panquecas, adicionando à receita a calda. Mesmo sem dinheiro, Bea arrisca e o negócio se transforma em um sucesso, em pouco tempo ela pagando suas dívidas. Um dia, Elmer Smith (Sparks), um desconhecido, dá-lhe um conselho para que consiga ganhar dinheiro: empacotar suas panquecas. A produção em massa gera uma fortuna para Bea. Porém à medida que as facilidades financeiras crescem, aumentam os problemas. Peola, já moça (Washington) ainda continua sem aceitar sua condição de negra. Tendo a pele clara como a do pai, ela rejeita a mãe. Já Bea, agora frequentando a alta sociedade nova-iorquina, apaixona-se pelo amigo de Elmer, o ictiologista Stephen Archer (William), que também se torna objeto do desejo de Jessie (Hudson), quando retorna de férias da universidade. Da mesma forma que Delilah não suporta viver com a rejeição da filha, morrendo logo após que essa a abandona, Bea fará o sacrifício de não se aproximar de Archer, até que a filha supere o episódio.
Clássico do melodrama, que deve grande parte de sua intensidade ao desempenho dos atores, canastrices do galã William à parte. Sirk, quando o refilmou na década de 50, adicionou as duas tramas paralelas de conflito entre mãe e filha, um tom ainda menos róseo e maniqueísta. Acentuou, por exemplo, características negativas mesmo na protagonista, excessivamente auto-centrada para perceber o quanto Delilah (Annie, no filme de Sirk) era querida pela comunidade religiosa ao qual fazia parte e enfatizando o conflito entre Bea (Lora, na versão de Sirk) e sua filha pelo mesmo homem. Também criou uma dimensão de conflito entre Peola (Sara Jane no filme de Sirk) e Bea, numa dimensão social que extrapola a questão racial, ausente na postura sempre submissa da mãe e filha negras. Presente subliminarmente no filme a ideia de uma self made woman bem ao sabor da política do new deal, assim como a simplicidade intrínseca do pobre, bem ao estilo de Frank Capra, como quando Delilah recusa sair de casa e deixar de cuidar de Bea e da filha. Em geral, no entanto, todos os elementos dramáticos já se encontram bem desenvolvidos aqui, inclusive a seqüência do funeral, mesmo que limitados pelos padrões morais mais rígidos que à época de Sirk. Entre os vários colaboradores não creditados do roteiro encontra-se o cineasta Preston Sturges. Universal. 109 minutos.

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