Filme do Dia: A Esposa de Seisaku (1965), Yasuzô Masumura


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A Esposa de Seisaku (Seisaku no Tsuma, Japão, 1965). Direção: Yasuzô Masumura. Rot. Adaptado: Kaneto Shindô, a partir do romance de Genjiro Yoshida. Fotografia: Tomohiro Akino. Música: Tadashi Yamauchi. Montagem: Tatsuji Nakashizu. Dir. de arte: Tomoo Shimogawara. Com: Ayako Wakao, Takahiro Tamura, Nobuo Chiba, Yuzo Hayakawa, Yuka Konno, Mikio Narita, Taji Tonoyama.
Idos do século XX. Okane (Wakao), proveniente de família miserável, serve como mulher para um homem mais velho. Com a morte do velho e de seu pai, ela e sua mãe  retornam para a vila onde nasceram, onde a falta de contato de Okane com o resto do povoado faz com que desperte uma animosidade do povo contra ela. A chegada de um herói de guerra, Seisaku (Tamura), desperta o interesse do povoado. Okane continua indiferente, como indiferente continuará para as badaladas que Seisaku pratica ao amanhecer, hábito que é visto pelos moradores como benéfico com relação a uma juventude preguiçosa. Com a morte da mãe de Okane, Seisaku passa a se sentir cada vez mais compadecido de sua situação e um amor nasce entre ambos. A família de Seisaku é terminantemente contra seu envolvimento com uma mulher de má reputação, mas ele vai em frente. Ele parte para a guerra e volta seis meses após, ferido, mas recebido como sempre com honras por toda a população. Okane, a partir da herança de seu falecido marido, paga a festa. Porém, quando Seisaku se encontra disposto a retorna a frente de batalha, tem seus olhos perfurados por Okane. Ela é condenada a dois anos de prisão, ele fica cego e perde a reputação de herói, pois toda a vila pense que agiram combinados. Quando Okane sai da prisão, ela vai ao encontro de Seisaku, e reatam o seu amor, apesar de toda a hostilidade que imaginam que irão ter das pessoas do local.
Tocante melodrama que remete a tradição de filmes do gênero em que se endereça um olhar simpático à figura feminina, vítima de uma cultura extremamente misógina, que havia sido tema de muitas das melhoras obras de um Mizoguchi. Igualmente, como em Mizoguchi, o maior teor do conflito, acentuado por sua bela e melancólica trilha sonora, dá-se a partir da disparidade entre os papéis requeridos pela sociedade e os desejos internos dos personagens, tema por excelência do melodrama. Seisaku não romperia com o que é esperado de si, enquanto herói modelo, e provavelmente não teria sobrevivido – já que houve baixas em grande número do pelotão ao qual iria se unir – se não fosse a intervenção dramática de Okane. Essa além de ser presa por dois anos, sendo entrevista arrastando correntes entre diversas detentas, numa das imagens mais belas do filme, é observada sendo espancada brutalmente pelos homens da vila após ter furado os olhos do amante, na cena de longe mais violenta de todas. Destaque para a magnífica interpretação de Wakao. Daiei Studios. 93 minutos.


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