Filme do Dia: O Amigo de Minha Amiga (1987), Eric Rohmer
O Amigo de Minha Amiga (L`Ami
de Mon Amie, França, 1987). Direção e Rot. Original: Eric Rohmer.
Fotografia: Bernard Lutic. Montagem: María Luisa García. Dir. de arte: Sophie
Mantigneux. Com: Emmanuelle Chaulet, Eric Viellard, Sophie Renoir,
François-Eric Gendron, Anne-Laure Meury.
Nos subúrbios de Paris, Lea (Renoir)
e Blanche (Chaulet) se tornam amigas após um encontro casual num almoço. Blanche
demonstra interesse pelo belo e atlético Alexandre (Gendron), considerado como
conquistador e inferior a ela, tanto por Lea quanto por Fabien (Viellard),
namorado da mesma. No entanto, consegue
vencer a timidez e o imobilismo quando se encontra próxima dele. Lea decide
romper com Fabien, que vive uma aventura com Blanche enquanto Lea viaja de
férias. Sentindo-se culpada, Blanche decide não ter mais nada com Fabien, que reata
com Lea. Pouco depois, no entanto, Lea rompe de vez com Fabien, e passa a namorar
Alexandre. Fabien volta a procurar Blanche e iniciam namoro.
Sexto e último filme da série Comédias
e Provérbios, dos quais Pauline na Praia (1983), talvez seja o mais
notável. Como nos anteriores, a situação diz respeito – aliás como em boa parte
dos filmes das outras séries do cineasta – a uma mulher insatisfeita com sua
solidão e suas opções equívocas ou não que almejam um ou mais homens. Rohmer
utiliza situações levemente humoradas para descrever o constrangimento e a
própria confusão emocional da protagonista, assim como sua volubilidade às
reações dos envolvidos, tais como as personagens vivenciadas pela atriz
Béatrice Romand em O Bom Marido (1982) e Conto de Outono (1988),
principalmente a última, já que menos auto-confiante como Blanche. Não interessa
a Rohmer tentar representar os estados da alma de seus personagens como
Antonioni e Resnais ou qualquer apelo ao psicologismo. Aqui, pelo contrário,
quase tudo são flagrantes de sociabilidade mais que interioridade. Nesse
sentido, a presença maciça de cenas em
locações não subtrai o interesse incisivo pelos diálogos. Não existe
absolutamente quase qualquer plano que não esteja vinculado aos personagens em
situações de conversa ou que represente seus olhares – com exceção do momento
em que o cineasta faz um breve comentário sobre as famílias se divertem em um parque visitado por Fabien e Blanche. Tampouco existe qualquer outro
recurso que se desvie de sua busca obsessiva de retratar os encontros e
desencontros de seus personagens, como trilha sonora, subtramas com
coadjuvantes, ou situações de maior
apelo emocional. No caso em questão, tal interesse leva ao trajeto sinuoso e
bem humorado de uma ciranda de encontros e desencontros evocativa da literatura
cortesã do século XVIII, ainda que sua malícia seja menos cínica que
profundamente humana e interessada pelos personagens e situações banais que
retrata. AAA/Les Films du Losange. 103 minutos.
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