Filme do Dia: O Amor nos Tempos do Cólera (2007), Mike Newell
O Amor nos Tempos do Cólera (Love in the Time of Cholera,
EUA, 2007). Direção: Mike Newell. Rot. Adaptado: Ronald Harwood, baseado no
livro homônimo de Gabriel García Márquez. Fotografia: Affonso Beato. Música: Antonio Pinto.
Montagem: Mick Audsley. Dir. de arte: Wolf Kroeger, John King, Paul Kirby &
Roberto Bonelli. Cenografia: Elli Griff. Figurinos: Marit Allen. Com: Benjamin
Bratt, Giovanna Mezzogiorno, Javier Bardem, Gina Bernard Forbes, John Leguizamo,
Fernanda Montenegro, Catalina Sandino Moreno, Marcela Mar, Unax Ugalde
Na passagem do século XIX para o XX,
o jovem funcionário dos telégrafos Florentino Ariza (Ugalde) se apaixona pela
filha do rude, possessivo e interesseiro Lorenzo Daza (Leguizamo), Fermina
(Mezzogiorno). A paixão entre ambos faz com que Lorenzo arranje um casamento de
conveniência de Fermina com o médico Juvenal (Bratt). Florentino, no entanto,
nunca esquece seu amor de juventude. Ao reecontrá-la e ser rechaçado por ela entra
em depressão. Sua mãe (Montenegro) conversa com seu patrão que o envia para bem
distante. Após uma primeira experiência sexual na qual foi praticamente
abduzido em meio a uma viagem de navio, Florentino passa a contar todas as mulheres
com quem fez sexo. Porém, sente-se espiritualmente morto e mesmo virgem pois
nunca esquece Fermina. A oportunidade de se aproximar dela somente acontece
quando os dois já se encontram com mais de setenta anos, após a morte de
Lorenzo.
Não existe qualquer possibilidade de
um respiro autoral ou de uma centelha de envolvimento emocional em mais uma
adaptação cinematográfica do universo latino-americano que pior do que
potencialmente oferecer um mundo intensamente sexualizado e “exótico” para o
mercado anglo-saxão, está completamente comprometido em não ser mais que uma
evidente obrigação profissional para todos os envolvidos. Das pífias
interpretações à romanesca trilha musical, da cenografia ao tratamento do
roteiro, nada consegue escapar ao tom abertamente fake, cuja melhor expressão se encontra na equivalentemente
artificiosa maquiagem que acompanha os personagens em seu outono. À falta de
sensibilidade do realizador de filmes ao menos bem construídos como Quatro Casamentos e um Funeral (1994) e,
principalmente, Donnie Brasco (1997)
está no seu refúgio às locações fotográficas ou a trilha sonora para tentar
emprestar alguma forçosa credibilidade dramática sem o menor sucesso.
Leguizamo, por exemplo, é o própria caricatura personficada de qualquer ausência
de sobriedade na composição das interpretações e do caminho evidentemente mais
fácil do excesso de empostação. New Line Cinema/Stone Village
Pictures/Grosvernor Park Media para New Line Cinema. 139 minutos.
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