Filme do Dia: Um Homem Sério (2009), Joel & Ethan Coen
Um Homem Sério (A Serious Man, EUA/Reino Unido/França, 2009). Direção e Rot. Original:
Joel & Ethan Coen. Fotografia: Roger Deakins. Música: Carter Burwell.
Montagem: Ethan & Joel Coen. Dir. de arte: Jess Gonchor & Deborah
Jensen. Cenografia: Nancy Haigh. Figurinos: Mary Zophres. Com: Michael
Stuhlbarg, Richard Kind, Fred Melamed, Sari Lennick, Aaron Wolf, Jessica
McManus, Peter Breitmayer, Brent Braunchsweig.
Por volta da passagem dos anos 60
para 70, no meio-oeste americano o professor judeu Larry Gopnik (Stuhlbarg) vê
o que acreditava ser uma vida estável
ser destruída em pouco tempo. Sua mulher Judith (Lennick), com quem se
encontrava casado há 15 anos, quer se separar dele para se unir a um amigo do
casal, Sy (Melamed), viúvo da mulher a 3 anos. Seu irmão, Arthur (Kind) sofre
repressão policial por crimes proibidos como jogar e praticar sodomia. Um
aluno, pretende suborná-lo para que o aprove na escola. Seu filho, Danny (Wolf), às vésperas de
comemorar seu bar mitzvah, compra uma coleção de discos sem consultá-lo.
Incitado a sair de casa e ir morar num motel com o irmão, e ainda sofrendo a
tensão se finalmente vai conseguir ascender ao cargo que acha merecido dentro
da escola, sabe da morte de Sy num acidente de carro, no mesmo dia e local em
que ele próprio também sofreu um acidente menor. Larry tenta auxílio junto aos
rabinos locais, mas não consegue encontrar nenhuma resposta deles.
Nesse que talvez seja o melhor filme
da dupla desde Barton Fink, os
Irmãos Coen voltam a trilhar pelos labirintos da paranoia com um afiado senso
de humor negro. Seu protagonista, aliás, guarda grandes semelhanças com o
vivido por Torturro no filme anterior. O
estranhamento conseguido pelo filme se dá pela feliz união entre as
interpretações mais que acertadas de todo o elenco visivelmente judaico e não
estelar com a caprichada mas longe de
ostentatória produção visual do filme, seu estilo excêntrico de corte forjando
uma narrativa que consegue passar longe do lugar-comum, algo bastante difícil
no cenário da cinematografia norte-americana contemporânea ao momento no qual
foi produzido. As repetições cíclicas de situações possuem o seu apelo – como o
colega de trabalho de Larry que sempre vem lhe dar conselhos como, por exemplo,
relaxar, mas se movimenta de forma visivelmente tensa ou o amante da mulher que
sempre pede a Larry para que conte até dez para não se estressar – e a
atmosfera de absurdo existencial é auxiliada pelo excelente trabalho de câmera
e pelas situações francamente inusitadas, como a que Larry é abordado pelo pai
do aluno coreano reprovado e ao mesmo tempo recebe um inusitado apoio de seu
vizinho bem-humorado. Para não falar de seus recorrentes pesadelos, algo que
também evoca Barton Fink. De modo discreto, o filme não deixou
também de se beneficiar do inspirado cancioneiro da época, como as canções de
Hendrix e Jefferson Airplane. Destaque para a narrativa inicial pré-créditos,
que um casal recebe a visita de um homem que já se encontra morto. Mike
Zoss Prod./Relativity Media/Studio Canal/Working Title para Focus Features. 106 minutos.
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