The Film Handbook#140: Frank Tashlin

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Frank Tashlin
Nascimento: 19/02/1913, Weehawken, New Jersey, EUA
Morte: 05/05/1972, Hollywood, Califórnia, EUA
Carreira (como diretor): 1935-1968

Enquanto satirista sobre a loucura midiática e do consumo de massa que varreu a América nos anos 50, os filmes de Frank Tashlin foram frequentemente incoerentes, vagos e marcados pela mesma vulgaridade que zombavam. Ao mesmo tempo, no entanto, distinguiam-se por um estilo visual inventivo trazido de sua obra anterior na animação, assim como uma compreensão sofisticada e modernista de seu próprio artifício.

Tashlin entrou para o cinema durante sua adolescência enquanto um garoto de recados para o animador Max Fleischer; por volta do final dos anos 30 era reconhecido como um talento maior na animação, tendo trabalhado para a Warner, Disney, MGM e Columbia enquanto animador, escritor de gags e diretor, estabelecendo um estilo frenético e surreal que frequentemente parodiava os filmes e manias contemporâneas. No final dos anos 40 ele voltou sua atenção para escrever  comédias de longa-metragem, incluindo O Valente Treme-Treme/The Paleface e Loucos de Amor/Love Happy (para Bob Hope e os Irmãos Marx respectivamente) e, em 1950,  realizaria sua estreia na direção de um longa-metragem quando Hope lhe convidou para refilmar metade de No Mato Sem Cachorro/The Lemon Drope Kid. Em O Filho do Treme-Treme/Son of Paleface e Romance de Minha Vida/Susan Slept Here, o amor de Tashlin pela sugestão verbal e visual já era evidente, mas foi com Artistas e Modelos/Artists and Models>1, Ou Vai ou Racha/Hollywood or Bust (estrelado por Dean Martin e Jerry Lewis), Sabes o Que Quero/The Girl Can't Help It>2 e Em Busca de um Homem/Will Sucess Spoil Rock Hunter?>3  (os dois últimos estrelados por Jayne Mansfield) que Tashlin desenvolveu e consolidou seu próprio estilo.

Cada um desses filmes satirizava alegremente, através do grotesco exagero e caricatura, as modas correntes (histórias em quadrinhos, violência na televisão, fanatismo pelo cinema, rock&roll e o universo da publicidade). Se, no entanto, o humor ácido de Tashlin foi mitigado por sua inabilidade para transformar sua impetuosa e frequentemente sexista comédia pastelão (muitas vezes centrada na imbecilidade ingênua de Lewis ou tirando partido do físico pneumático de Mansfield sobre vários homens) em um enredo coerente, os filmes permanecem conspícuos por suas berrantes cores no estilo dos desenhos animados e pela frequência de piadas internas relativas ao próprio cinema: de forma mais memorável Sabes o Que Quero (no qual seus personagens principais são um casal chamado Tom e Jerri) plagiando Nascida Ontem/Born Yersterday de Cukor e parodiando os filmes de gangster, enquanto incluía um prólogo no qual Tom Ewell introduzia o CinemaScope e o processo de cores De Luxe; de forma semelhante, Em Busca de um Homem, abre com uma imagem múltipla de Tony Randall tocando a fanfarra da Fox com diversos instrumentos, antes que sua imagem encolha para o tamanho de uma tela de televisão em preto&branco.

Enquanto a carreira de Tashlin progredia ele confiou crescentemente na figura sem arestas de Jerry Lewis, e apesar de Bancando a Ama-Seca/Rock-A-Bye Baby, O Rei dos Mágicos/The Geisha Boy, Cinderelo Sem Sapato/Cinderfella, O Detetive Mixuruca/It's Only Money, Errado pra Cachorro/Who's Minding the Store? e O Bagunceiro Arrumadinho/The Disorderly Orderly continuaram a apresentar o gosto do diretor-roteirista pela ação frenética, piadas auto-referenciais e disseminada sátira, são frequentemente arruinados pelo pathos sentimental aparentemente inerente de sua estrela eternamente infantil. Além do que, com a TV, publicidade, sexo e rock&roll tendo superado o status de novidade nos anos 60, Tashlin parecia perdido. Sua amada cultura junk não era mais um rico objeto para sátira e, após dois indiferentes veículos para Doris Day (A Espiã de Calcinhas de Renda/The Glass Bottom Boat, Capricho/Caprice)  e a irremediavelmente  sexista comédia com Bob Hope O Marujo Tremendão/The Private Navy of Sargeant O'Farrell, ele aposentou-se.

Por toda sua inteligência e inventividade galhofeira, os filmes de Tashlin se aproximam da grande comédia, em parte por conta de sua ausência de lógica e de disciplina, em parte por satisfazer seus gostos por gags visuais às custas de personagens criveis e amáveis. No entanto, ele permanece fascinante enquanto um raro exemplo de diretor de animação que se voltou para a ação ao vivo e enquanto cronista anárquico da América dos anos 50.

Cronologia
As comédias de Tashlin são loucas na tradição satírica de Hawks, Sturges e Wilder. Muito admirado por Godard e outros realizadores franceses, talvez possa ser comparado e contrastado com figuras tão diversas quanto Blake Edwards, Mel Brooks, John Landis e Russ Meyer, enquanto certamente influenciou os próprios filmes de Jerry Lewis enquanto diretor.

Leituras Futuras
Frank Tashlin (Edinburgh, 1973) org. por Claire Johnston & Paul Willeman

Destaques
1. Artistas e Modelos, EUA, 1955 c/Jerry Lewis, Dean Martin, Shirley MacLaine

2. Sabes o Que Quero, EUA, 1956 c/Tom Ewell, Jayne Mansfield, Edmond O'Brien

3. Em Busca de um Homem, EUA, 1957 c/Tony Randall, Jayne Mansfield, Betsy Drake

Texto: Andrew, Geoff. The Film Handbook. Londres: Longman, 1989, pp. 282-3.

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