Filme do Dia: Inconscientes (2004), Joaquín Oristrell
Inconscientes (Espanha/Alemanha/Itália/Portugal, 2004).
Direção: Joaquín Oristrell. Rot. Original: Oristrell, Dominique Harari &
Teresa Pelegri. Fotografia: Jaume Peracaula. Música: Sérgio Moure. Montagem:
Miguel Ángel Santamaría. Dir. de arte: Llorenc Miguel. Com: Leonor Watling,
Luis Tosar, Alex Brendemühl, Mercedes Sampietro, Núria Prims, Ana Rayo, Juanjo
Puigcorbé, Marieta Orozco.
Barcelona, 1913. Alma (Watling)
procura a ajuda do cunhado Salvador (Tosar) para encontrar o marido
psicanalista desaparecido, Leon (Brendemühl), no momento em que seu pai, Dr.
Mira (Puigcorbé) pretende transformá-lo na figura de maior poder de seu
hospital.
Talvez o maior mérito dessa farsa
repleta de referências psicanalíticas em suas intrigas envolvendo incesto,
perversão, travestismo, histeria, hipnose e com sketches denominados tais como itens de um manual de psicanálise
como “inveja do pênis” ou “histeria”, seja a sua arregimentação de uma
narrativa investigativa ao estilo de Sherlock Holmes e um arsenal de efeitos
tipicamente melodramáticos como as descobertas inesperadas de parentesco ou
preferência sexual através de códigos de valores mais próximos dos atuais que
dos melodramas realizados a época em
que transcorre a ação, como os de Griffith, ainda tão recauchutados até os dias
de hoje. Nesse sentido, a habitual
modorrência dos hábitos e costumes que acompanham as tramas de investigação se
transformam em algo mais picante e sexualizado. Para a construção de sua
estrutura abertamente farsesca ainda se adicionam cacoetes estilísticos que
fazem menção aos filmes da época, como a moldura que ornamenta a composição do
quadro ao início das sequências, a abertura e o fechamento em íris, etc. O
resultado final, mesmo que longe de arrebatador, consegue a difícil realização
de um humor saturado de indisposições para com as relações sociais
convencionadas como normais pela sociedade sem cair no moralismo fácil do
politicamente correto, já que eminentemente subliminar como na própria figura que mais se aproximaria do olhar do
cineasta, Alma, que não vai além de breves comentários irônicos e moralmente
distanciados sobre a sucessão histérica de eventos que acaba ocorrendo na sua
vida e de seu círculo mais próximo.Tornasol Films S.A/Messidor Films
S.L/Madragoa Filmes/EMC Assets. 108 minutos.
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