Filme do Dia: Dedé Mamata (1988), Rodolfo Brandão


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Dedé Mamata (Brasil, 1988). Direção: Rodolfo Brandão. Rot. Adaptado: Antonio Calmon & Vinícius Viana, baseado no romance homónimo de Viana. Fotografia: José Tadeu Ribeiro. Música: Caetano Veloso. Montagem: Marta Luz. Dir. de arte: Lia Renha. Figurinos: Viviane Soares Sampaio. Com: Guilherme Fontes, Malu Mader, Marcos Palmeira, Iara Jamra, Paulo Porto, Tonico Pereira, Luiz Fernando Guimarães, Lídia Matos,  Nathalia Thimberg, Flávio São Thiago, Paulo Betti, Geraldo Del Rey, Antônio Pitanga.
Dedé quando criança viu o pai, se tornar um “desaparecido”, vítima do confronto com os militares. Com a morte da avó (Thimberg), Dedé (Fontes) passa a morar e cuidar do avó prostrado (Porto), membro do Partido Comunista. Com a doença do avô, Dedé é convidado pelo também membro do PC, Jacques (Pereira), a fazer o papel que antes era reservado ao avô. Dedé, que tem como melhor amigo Alpino (Palmeira), que lhe apresenta o universo da cocaína, torna-se também muito próximo de Lena (Mader), garota apaixonada por ele. A prisão de Jacques, provoca a mudança para um hotel, onde é preso e levado para algumas sessões de tortura. O clima de amenização pregada por Geisel, provocada pela repercussão da morte do jornalista Vladimir Herzog, em 1975, faz com que Dedé seja liberto. Voltando a encontrar os amigos e o avô, e sendo pressionado pela falta de dinheiro, a se tornar um empregado do traficante Cumpade (Guimarães). Embora goste de Lena, que passa a morar com ele e o amigo e cuidar do avô, só consegue fazer sexo com uma garota menos interessante, Ritinha (Jamra). O assassinato de Cumpade lhe deixa outra vez em situação de risco. Em pleno período de abertura democrática, quando os exilados retornam, Dedé faz o percurso oposto, indo morar em Paris.
Procura unir o universo juvenil de sexo e drogas que se tornou a marca registrada de seu produtor e co-roteirista Calmon com um verniz de contextualização política, com resultados não mais que pífios, em grande parte devidos aos diálogos anêmicos (como, por exemplo, o papo cabeça de Lena) e uma estrutura narrativa tampouco bem conseguida. O protagonista procura ser um retrato dos dilemas de uma geração, saindo do terror dos anos de chumbo para o terror não menos ameaçador do universo das drogas. Porém, suas incongruências e seu vácuo sejam como entretenimento ou proposta autoral possuem como auge a frase epígrafe do personagem, que afirma que apenas são valorizados os que retornam e não os que partem. Enquanto sua percepção do momento político é superficial, apenas servindo como elemento propulsor para uma certa atmosfera de paranoia, menos bem resolvida ainda é sua incursão pelos “dramas existenciais” e a afetividade confusa de seu protagonista, ambos bem melhor utilizados em filmes como Dois Córregos (1999), de Carlos Reichenbach.  Faz parte de um ciclo de produções contemporâneas que procuram unir ao seu retrato dos anos de repressão militar, seus reflexos nas mentes da juventude de então, como Feliz Ano Velho (1988), de Roberto Gervitz e A Cor de seu Destino (1986), de Jorge Dúran com o mesmo Fontes, procurando repetir no cinema o êxito editorial que a equivalente produção literária sobre o mesmo tema havia tido. Cininvest/CDK/Elipse/Multiplic. 96 minutos.

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