Filme do Dia: Quatro Destinos (1949), Mervin LeRoy
Quatro Destinos (Little Women, EUA, 1949). Direção: Mervin LeRoy. Rot. Adaptado:
Andrew Solt, Sarah Y. Mason & Victor Heerman, baseado no romance de Louisa
May Alcott. Fotografia: Robert H. Planck & Charles Edgar Schoenbaum.
Música: Adolph Deutsch. Montagem: Ralph E. Winters. Dir. de arte: Cedric
Gibbons & Paul Groesse. Cenografia: Edwin B. Willis. Figurinos: Walter
Plunkett. Com: June Allyson, Peter Lawford, Margaret O’Brien, Elizabeth Taylor,
Janet Leigh, Mary Astor, Lucile Watson, Rossano Brazzi, C. Aubrey Smith.
Numa família que já viveu com maior
fartura, uma mãe (Astor) e suas quatro
filhas vivem longe do marido, afastado para a guerra. Uma dentre elas, a mais
velha, Jo (Allyson), sonha em se tornar escritora. Ela desperta a paixão do
rico Laurie (Lawford), porém Jo não quer se transformar na típica esposa que
Laurie pretende dela. Ela parte para Nova York. Lá conhece um professor de
línguas da casa em que se torna governanta, Bhaer (Brazzi), por quem se torna
imediatamente atraída. Sua irmã Amy (Taylor) antes de partir para a Europa a
visita com a mal humorada Tia March (Watson), um dos sonhos de Jo, que era a
primeira opção de March quando essa trabalhara para ela. Quando Bhaer já se
encontra envolvido afetivamente por Jo, essa decide retornar para a família e a
encontra bastante preocupada com a morte eminente da mais jovem, Beth
(O’Brien). Essa morre pouco tempo depois. Meg (Leigh) casa-se com Laurie. Numa
noite em que toda a família se encontra unida, Bhaer surge para entregar o
primeiro livro de Jo a ser publicado, cujo título é a irmã morta. Bhaer havia
aconselhado Jo a escrever somente sobre o que conhecia bem e fugir das
narrativas fantásticas que se dedicara anteriormente. Ele entrega o livro a
Laurie e logo Jo corre atrás de Bhaer e o traz para junto da família, selando o
seu compromisso com ele.
Essa produção é temporã mesmo para os padrões
da época em que foi lançada, apresentando
valores de produção e morais mais próximos do maior sucesso do estúdio,
lançado dez anos antes (...E O VentoLevou), num momento em que o cinema se encaminhava para um realismo e para
temáticas contemporâneas polêmicas (tais como a questão do anti-semitismo em A Luz é para Todos) e que mesmo os
filmes de época apresentavam enredos repletos de perfídia e cinismo como os de
William Wyler (Tarde Demais, lançado
no mesmo ano). A direção de arte e fotografia chegam a ser irritantemente
irrepreensíveis em sua criação de um mundo romanesco criado no estúdio e ideias
para plasmar sua sentimentalidade ligeira mais muito bem carpida em sua
ligeireza – é dito que Alysson chorou de fato no momento em que contracena com
O’Brien e essa lhe afirma que se encontra consciente de que irá morrer em
breve; ou mesmo o momento em que as irmãs saem cantando o clássico Merry Christmastime is Here, cantada de
fato pelas quatro atrizes. Que não se espere nenhuma ousadia sob a batuta de
LeRoy, cineasta não mais que mediano e que aceitava qualquer tipo de proposta,
nunca ficando restrito a qualquer gênero. Aqui a marcação de cena, sobretudo em
seu início, possui uma dimensão demasiado teatral, algo que ainda é duplicado
pelo teatro improvisado sob o comando de Jo, vivida de forma algo
constrangedora, menos por questão de talento que de idade, por uma Allyson que
já tinha mais que o dobro da idade de sua personagem adolescente. Não existe
propriamente elementos conflituosos externos ou vilões, como é o caso das obras
de Dickens ( o avô de Laurie, por exemplo, rapidamente desfaz sua aparente
sisudez e mal humor de Scrooge), sendo o maior conflito, interior, de Jo com
seus próprios sentimentos.Seu estilo novelesco inspirou muito mais adaptações
para a TV que para o cinema, sendo que no caso do últmo a de 1933, dirigida por Cukor (Quatro Irmãs) talvez seja a
mais considerada. MGM/Loew’s para MGM. 122 minutos.
Comentários
Postar um comentário