Filme do Dia: O Caminho das Nuvens (2003), Vicente Amorim
O
Caminho das Nuvens (Brasil, 2003). Direção: Vicente Amorim. Rot. Original: David
França Mendes. Fotografia: Gustavo Hadba. Música: André Abujamra. Montagem:
Pedro Amorim. Dir. de arte: Jean-Louis Leblanc.
Romão (Moura) é um
homem paraíbano que viaja da Paraíba para o Juazeiro de bicicleta com a família
e de lá para o Rio de Janeiro, onde espera conseguir um emprego de mil reais.
No caminho enfrenta diversas
adversidades como a rebeldia do filho adolescente Antônio (Lacerda) e conta com
a improvisação da esposa Rosa (Abreu) e de um filho menor, cantando canções
célebres de Roberto Carlos, para conseguir alguns trocados.
Com um padrão visual e de interpretação dos atores próximo das incursões de Walter Salles sobre o imaginário nordestino em filmes como Central do Brasil e Abril Despedaçado, faltando, no entanto, o toque reflexivo a partir das próprias imagens peculiar à estética dos filmes de Salles. Aqui, conta-se uma história e não muito mais que isso. Sobram cacoetes do que se acredita se moverem e falarem os habitantes de um Brasil Profundo. Porém, o filme parece aderir sem maiores reservas ao discurso conservador do jovem patriarca vivido por Moura e sua fé irrestrita. O conflito geracional não chega a ser desenvolvido ou apresentar um aberto conflito e possibilidades distintas de sua continuidade de modo tão evidente quanto em Abril Despedaçado. Um toque de “lucidez” parece advir aqui da figura da mulher, a empostada “nordestina” de Abreu, que ao final decide pela continuidade da família no Rio de Janeiro, contrapondo-se pela primeira vez de modo mais afirmativo contra as decisões do marido. Tampouco o filme consegue explorar melhor a convivência entre modernidade e tradição, uma das virtudes de Bye Bye Brasil (1979), de Cacá Diegues, e também uma das motivações do documentário do mesmo realizador, 2000 Nordestes (2000). Baseado em fatos reais. Globo Filmes/L.C.Barreto Prod. Cinematográficas/Miravista para Buena Vista Pictures. 85 minutos.
Com um padrão visual e de interpretação dos atores próximo das incursões de Walter Salles sobre o imaginário nordestino em filmes como Central do Brasil e Abril Despedaçado, faltando, no entanto, o toque reflexivo a partir das próprias imagens peculiar à estética dos filmes de Salles. Aqui, conta-se uma história e não muito mais que isso. Sobram cacoetes do que se acredita se moverem e falarem os habitantes de um Brasil Profundo. Porém, o filme parece aderir sem maiores reservas ao discurso conservador do jovem patriarca vivido por Moura e sua fé irrestrita. O conflito geracional não chega a ser desenvolvido ou apresentar um aberto conflito e possibilidades distintas de sua continuidade de modo tão evidente quanto em Abril Despedaçado. Um toque de “lucidez” parece advir aqui da figura da mulher, a empostada “nordestina” de Abreu, que ao final decide pela continuidade da família no Rio de Janeiro, contrapondo-se pela primeira vez de modo mais afirmativo contra as decisões do marido. Tampouco o filme consegue explorar melhor a convivência entre modernidade e tradição, uma das virtudes de Bye Bye Brasil (1979), de Cacá Diegues, e também uma das motivações do documentário do mesmo realizador, 2000 Nordestes (2000). Baseado em fatos reais. Globo Filmes/L.C.Barreto Prod. Cinematográficas/Miravista para Buena Vista Pictures. 85 minutos.
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