Filme do Dia: O Padre (1994), Antonia Bird





O Padre (The Priest, Reino Unido, 1994). Direção: Antonia Bird. Rot. Original: Jimmy McGovern. Fotografia: Fred Tammes. Música: Andt Roberts. Montagem: Susan Spivey. Dir. de arte: Raymond Langhorn & Sue Pow. Figurinos: Jill Taylor. Com: Linus Roache, Tom Wilkinson, Robert Carlyle, Cathy Tyson, Lesley Sharp, Robert Pugh, James Ellis, Christine Tremarco.

Greg Pilkington (Roache) se torna padre em uma paróquia de um bairro miserável. Sua postura conservadora e bastante severa consigo mesma entra em choque com o maior liberalismo de Matthew Thomas (Wilkinson), padre mais velho que vive com uma mulher, Maria (Tyson). Certa noite, premido de desejo sexual, Greg vai a um bar gay e conhece Graham (Carlyle), com quem passa uma noite. Ao mesmo tempo, Greg se vê igualmente atormentado pela confissão de uma adolescente, Lisa (Tremarco), que se diz vítima dos abusos sexuais do próprio pai (Pugh). A mãe da jovem descobre sua filha com o pai e acusa Greg de saber de tudo e não fazer nada. Flagrado com Graham em um carro pela polícia, Greg se torna vítima dos jornais sensacionalistas. Seu maior apoio vem de Matthew que insiste para que rezem uma missa juntos, o que acabam fazendo, mesmo com metade dos fiéis abandonando à Igreja.

Um tanto quanto manipulativo e rasteiro, esse melodrama acaba sendo vítima tanto de seu maniqueísmo na contraposição entre a hipocrisia conservadora e os padres que  assumem suas falhas e se tornam, portanto, mais próximos de um sentido de religiosidade perdida nos elos de uma hieararquia eclesial corrupta  o que não é em si um pecado maior em se tratando do gênero, quanto – e pior – mal estruturado em sua narrativa dividida entre as duas tensões vivenciadas pelo protagonista. O resultado final, mesmo contendo interpretações medianas, torna-se igualmente pretensamente  imbuído desse mesmo senso cristão “autêntico” da dupla de padres, representando sobretudo pelo patético final no qual a única fiel que aceita a hóstia do protagonista é justamente a menina que fora violada pelo próprio pai, selando sua identificação enquanto vítimas de uma sociedade hipócrita. Quando tenta se aproximar do realismo social – na frustrada tentativa dos padres de arrebanherem mais ovelhas para seu rebanho, logo ao início -, por sua vez, não consegue ir além do caricato. BBC/Eletric Pictures/Miramax/Polygram Filmed Ent. 98 minutos.


Comentários

  1. Excelente filme. Uma pena que na re-edição houve um corte considerável de 11 minutos. Felizmente consegui a versão original, embora não com a qualidade muito boa, mas vale pelo registro. O filme original tem 105 minutos. Lastimável essa censura ridícula.

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  2. Grato pelo comentários e informações. Não sabia que havia tido uma "censura" posterior ou algo do tipo...auto-censura dos produtores diante das reações da Igreja será? Não faço ideia do ano que escrevi essa resenha, mas não foi no lançamento do filme com certeza pois comecei a escrever no ano de 98. Imagino que a duração referida eu tenha colhido no IMDB, então talvez tenha sido já um comentário sobre essa versão mais curta, não sei. De toda forma, seja bem vindo e apareça sempre!

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