Filme do Dia: Grisbi, Ouro Maldito (1954), Jacques Becker
Grisbi, Ouro Maldito (Touchez pas au Grisbi,
França/Itália, 1954). Direção: Jacques Becker. Rot. Adaptado: Jacques Becker,
Maurice Griffe & Albert Simonin, baseado no romance do último. Fotografia:
Pierre Montazel. Música: Jean Wiener. Montagem: Marguerite Renoir. Dir. de
arte: Jean d´Eaubonne. Cenografia: Robert Turlure. Com: Jean Gabin, René Dary,
Jeanne Moreau, Dora Doll, Gaby Basett, Denise Clair, Michel Jourdan, Daniel
Cauchy, Paul Frankeur, Lino Ventura, Paul Oettly.
Max
(Gabin) é um vigarista que consegue disfarçar seu envolvimento no mundo
criminal, levando igualmente uma vida social discreta no restaurante Moderna.
Decidido a se aposentar, Max planeja e consegue sucesso numa operação de roubo
de barras de ouro. Ele as vende para o seu tio, Oscar (Oettly). Porém, seu
roubo cai nos ouvidos de Angelo (Ventura) e seu bando, que sequestram o melhor
amigo de Max, Riton (Dary) e pedem o ouro em troca. Max vai com seu amigo
Pierrot (Frankeur) ao local indicado e a troca é feita de maneira pacífica até
que membros da gangue de Angelo retornam para matar o grupo de Max e são mortos. Max
decide então perseguir Angelo e recuperar o ouro porém no confronto entre os
dois grupos, Angelo ao tentar detonar um explosivo contra Max explode seu carro
e o ouro dentro. Riton, ferido, sobrevive. Porém, no dia seguinte, Max saberá
da notícia de sua morte no restaurante Moderna.
Embora
com um estilo narrativo diverso e menos ascético que o de Melville, Becker
nesse filme consegue se igualar em termos de maestria nesse gênero francês
típico da década de 1950, os “filmes de gangster”. A temática da lealdade masculina
e dos códigos de honra entre os gangsters, também comum ao universo de
Melville, é aqui extremamente realçada pela intensa relação afetiva entre Max e
Riton, mais profunda do que nutrem por qualquer mulher. Talvez seja justamente
esta ênfase na ética dos relacionamentos do submundo do crime, mais relevante
que o próprio enredo criminal, nem por
isso menos vistoso ou digno de atenção, que singulariza esse gênero francês em
relação ao seu parente próximo, o cinema noir americano. Com um elenco
impecável, em que se destacam tanto a extraordinária interpretação de Gabin
(pela qual levou o prêmio de ator em Veneza) quanto a do veterano René Dary (no
cinema desde os idos da década de 10), vivendo seu obtuso e influenciável amigo
e contando ainda com a presença luminosa de futuras estrelas do cinema francês
como Jeanne Moreau, num de seus primeiros filmes de relativo destaque e Lino
Ventura (habitual intérprete nos filmes de Melville), no primeiro de seus 77
filmes. Antares Produzione Cinematográfica/Del Duca Films. 94 minutos.
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