A Costureira, c. 1640/50

Diego Velázquez é considerado como um dos maiores mestres da Europa do séc. XVII. Por volta de 1623, o artista de vinte e quatro anos se estabeleceu na corte de Felipe IV, em Madri. Pelos quarenta anos seguintes encontrou-se primordialmente ocupado em pintar retratos surpreendentemente inovadores da monarquia e da família real. Mas, em suas horas vagas, voltou-se para temas que pessoalmente lhe interessavam. A Costureira se encontra entre essas obras.

Sua observação dos efeitos óticos da luz nas formas que pintava provocou em Velázquez um abandono do tenebrismo - ou extremo contraste entre luzes e sombras - que caracterizou suas primeiras obras em favor de um estilo mais suave. Aqui, nenhuma área é obscurecida pela escuridão. O artista faz uso da sombra de uma luz discreta e profunda, mas translúcida, para revelar cada plano da face, para esculpir os seios inchados e sugerir o movimento repetitivo das mãos.

Por conta da pintura permanecer incompleta, as etapas do processo do artista se tornam visíveis. Ele inicia escovando a tela com uma base cinza-esverdeada. Depois, indica as principais formas da composição, esboçando-as com tinta mais escura, passando então a pincela-las com amplas áreas de cor opaca e, por fim, constrói o rosto - a única parte que parece ter sido finalizada - com transparentes camadas de esmalte, dando-lhe o efeito da carne vista através de uma luz tenuemente difusa.
Texto: National Gallery of Art. Nova York: Thames & Hudson, 2005, pp. 85.

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