Filme do Dia: Stromboli (1949), Roberto Rossellini
Stromboli (Itália/EUA, 1949). Direção: Roberto Rossellini. Rot. Original:
Sergio Amidei, Art Cohn, Roberto Rossellini, Gian Paolo Callegari & Renzo
Cesana, baseado em argumento de Rossellini. Fotografia: Otello Martelli. Música:
Renzo Rossellini. Montagem: Jolanda Benvenuti & Roland Gross. Com: Ingrid
Bergman, Mario Vitale, Renzo Cesana, Mario Sponzo, Gaetano Famularo.
Karin
(Bergman) é uma balcã que, fugindo de um campo de prisioneiros, resolve
casar-se por conveniência com o rude pescador Antonio (Vitale), que a leva para
a distante e sofrida ilha de Stromboli. Irritada com o ambiente e com os
costumes tradicionais, que relegam a mulher um papel de total submissão ao
homem, Karen sente-se desgostosa e busca apoio espiritual no padre (Cesana)
local. Tenta modernizar a casa onde vivem, cuidando de sua decoração. Sua
proximidade do faroleiro (Sponzo) desperta comentários dos aldeães e também a
ira do marido que, quando volta da pesca, a surra e volta a decorar a casa de
acordo com seu gosto. Karen tenta, então, se enquadrar ao ambiente, utilizando
roupas mais femininas e indo atrás do marido no trabalho. Ao retornar percebe-se
grávida. A fúria do vulcão que situa-se na ilha a faz mudar de idéia e fugir.
No meio do trajeto chora sem forças e clama por Deus.
Belo filme de Rossellini que, se não chega a ser
totalmente convincente, traz cenas de grande impacto como as da erupção do
vulcão ou – e principalmente - da pesca de atum. Trata-se de um filme de
transição em sua carreira, quando corajosamente inicia um distanciamento das
temáticas que o haviam celebrizado do ciclo neo-realista (mesmo que, por outro
lado, radicalizando algumas das práticas tipicamente neo-realistas como o
improviso a utlização de figurantes e locações externas assim como a ausência
de um roteiro formal). Inicia, a partir daqui, uma incursão sobre as
dificuldades na relação entre casais, em grande parte reflexo de sua conturbada
relação com Bergman e que tem seu exemplar mais bem sucedido com Viagem à Itália (1953). A atriz
consegue expressar o tom de inconstância emocional, por vezes tentando se
adequar à nova vida, mas sem nunca perder a expectativa de sair o quanto antes
da ilha. A marginalização que sofrem da conservadora comunidade em que vivem
expressa a tensão que vivenciou o casal com o escândalo que foi sua união,
enquanto ambos ainda encontravam-se casados. Anna Magnani, então mulher do
cineasta, que estava escalada para viver a protagonista, acabou abandonando a
equipe e indo juntar-se a de outro filme que estava sendo rodado numa ilha próxima à
mesma época, Vulcano, de William
Dieterle. Berit Films/RKO Radio Pictures.
107 minutos.
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