Filme do Dia:A Casa é Escura (1963), Forugh Farrokhzad
A Casa é Escura (Khanehn Siah Ast, Irã, 1963). Direção, Rot. Original e Montagem: Forugh Farrokhzad.
Fotografia: Soleiman Minasian.
Embora o aspecto degredado, por vezes
de maneira radical, de seus corpos possam sugerir um olhar
voyeurístico-sensacionalista da realizadora, ao mesmo tempo se observa um
registro das atividades cotidianas – e geralmente em grupo – dos enfermos de um
leprosário no país. O ritmo, em que música e montagem se aliam na conformação
de uma rica tessitura formal, que mesmo
não abdicando da expressão autoral da realizadora, não deixa de apresentar a
realidade do objeto que ressalta, assim como a ausência de voz over
convencional (aqui substituída eminentemente por leituras de poemas) influenciariam
grandemente toda uma geração de realizadores conterrâneos. Infelizmente
Farrokhzad, ela própria poeta, não assinaria outra produção até o final precoce
de sua vida, quatro anos após. A diversão com que as crianças se entregam a uma
diversão com bola os exclui da esfera de um olhar (piedoso ou de aversão)
verticalizado e os demonstra nem mais nem menos humanos que qualquer outra
criança de mesma idade. Idem para a mulher que se maqueia e outra que arruma
sua vasta cabeleira. De forma discreta, uma voz over clínica observa ser a
doença curável e produto da pobreza, o que lhe delega, indiretamente,
motivações sociais e até mesmo políticas. O título do filme é extraído de uma
sentença escrita na lousa, a pedido do professor. Studio Golestan. 22 minutos.
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