Juvisy, França (1938)

Pintor de formação, Henri-Cartier Bresson faz referência à tradição impressionista de retratar trabalhadores parisienses em uma tarde de lazer fora da cidade em Juvisy. Ele cria uma imagem que parece informal, mas é profundamente simbólica. Aborda a atividade social cotidiana numa época de incerteza na França decorrente da Grande Depressão e da ameaça palpável do fascismo na década de 1930. Tirando seus paletós e curtindo um piquenique, os moradores da cidade parecem querer dar as costas às preocupações sociais e políticas prementes da época. Porém, ao enfocar sua despreocupação e a improvisação da refeição, Cartier-Bresson faz um comentário sutil sobre a negligência da sociedade com seu possível futuro.



















Pontos Focais
1. Barco
O barco fornece a única indicação de profundidade espacial na metade superior da composição, lembrando os estudos de reflexos de Claude Monet. A foto era conhecida como Domingo à Beira do Marne, em referência a Um Domingo a la Grand Jatte - 1844, de Pierre Serraut.

2. Água
 A extensão de água calma na metade superior nivela a composição e concentra a atenção nas figuras à margem. Não há linha do horizonte ou panorama do outro lado do rio. O espaço vazio contrasta fortemente com a atividade no primeiro plano e sua forte sensação de profundidade.

3. Mulher de combinaação
Cartier-Bresson fotografa o grupo, inclusive a mulher com a combinação à mostra, por detrás. Isso aumenta a espontaneidade aparente da composição, como se os trabalhadores ignorassem sua presença. A espontaneidade é fundamental ao seu desejo de captar o "momento decisivo".

4. Pratos vazios
Os pratos vazios e garrafas viradas no primeiro plano definem a atividade que está ocorrendo. Contribuem para uma sensação de gula, também indicada pela corpulência dos trabalhadores. Em vez de idealizar a classe trabalhadora, Cartier-Bresson procura mostrar seus defeitos humanos.

5. Boina
A boina era um traje típico do homem da classe trabalhadora da época. Os rostos do homem e de seus companheiros não são vistos. Simbolizam um tipo, em vez de indivíduos. Cartier-Bresson associa uma cena de relaxamento aos avanços da época nos direitos dos trabalhadores pelos governos de esquerda.

Texto: Tudo Sobre Fotografia. Rio de Janeiro: Sextante, pp. 302-3.

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