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Filme do Dia: Elis (2016), Hugo Prata

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E lis (Brasil, 2016). Direção: Hugo Prata. Rot. Original: Luiz Bolognesi, Vera Egito & Hugo Prata. Fotografia: Adrian Teijido. Música: Otavio de Moraes. Montagem: Tiago Feliciano. Dir. de arte: Frederico Pinto. Figurinos: Cristina Camargo. Com: Andréia Horta, Gustavo Machado, Caco Ciocler, Zécarlos Machado, Lúcio Mauro Filho, Ícaro Silva, Júlio Andrade, Isabel Wilker, Rodrigo Pandolfo, Bruce Gomlevsky. Elis Regina (Horta), é uma jovem entusiasta pela música que chega ao Rio de Janeiro com seu velho pai Romeu (Machado), justamente quando irrompe o golpe militar. Como eles vieram com atraso, não conseguem o prometido teste de gravação e Elis, contra a vontade paterna, fica para um ensaio com Tom e Vinícius, do qual sai desgostosa. Porém, logo brilhará em um clube noturno comandado por Ronaldo Bôscoli (Machado) e Miéle (Mauro Filho), no qual a estrela do momento é Nara Leão (Wilker). Seu temperamento não se afina com o de Bôscoli, notório mulherengo, que mantém casos com vá

Filme do Dia: Os Amantes Passageiros (2013), Pedro Almodóvar

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O s Amantes Passageiros ( Los Amantes Pasajeros , Espanha, 2013). Direção e Rot. Original: Pedro Almodóvar. Fotografia: José Luis Alcaine. Música: Alberto Iglesias. Montagem: José Salcedo. Dir. de arte: Antxón Gomez & Federico García Cambero. Cenografia: María Clara Notari. Figurinos: David Delfin & Tatiana Hernández. Com: Carlos Areces, Javier Cámara, Raúl Arévalo, Lola Dueñas, Hugo Silva, Antonio de la Torre, José Luis Torrijo, José María Yazpak, Cecilia Roth. Avião que parte de Toledo rumo a Cidade do México tem dificuldades de prosseguir viagem e core risco de se espatifar na pista, já que se encontra sem um de seus trens de pouso. Dentro dele, dada a situação um grupo de passageiros começa a liberar seus traumas, telefonando do avião para seus entes queridos, dançando para os passageiros ou simplesmente fazendo sexo. O avião faz um pouso de emergência sem maiores problemas. Dispensável filme, talvez o pior da profícua e talentosa carreira do realizador. Ao se vol

Filme do Dia: One of the Bravest (1914), Otis Turner

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O ne of the Bravest (EUA, 1914). Direção: Otis Turner. Com: Herbert Rawlinson, Mary Ruby, Frank Lloyd. Nora (Ruby) desperta a paixão de dois colegas bombeiros, Larry (Rawlinson) e Jim (Lloyd). O fato dela engatar um relacionamento com Larry faz com que Jim fique profundamente enciumado e articule estratégias para que o casal se separe, unindo-se ela com ele próprio. Casamento que logo se mostrará infeliz, com Jim alcóolatra, desempregado e maltratando Nora, que trabalha em uma fábrica. Quando ocorre um incêndio nessa, Jim tenta salva-la mas passa mal. Quem retira os dois do local é Larry, porém Nora sobrevive em ótimo estado de saúde enquanto Larry sucumbe. A falta de sutileza das rivalidades masculinas em um triângulo amoroso que se anuncia como pólvora para explosão acompanha essa produção desde o início, como era usual à época ( The Trail of Cards inicia de forma não muito distinta). A ambiguidade sorridente inicial da mocinha também é algo de praxe. Abusa-se igualmente, e

Filme do Dia: Uivo (2010), Rob Epstein & Jeffrey Friedman

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U ivo ( Howl , EUA, 2010). Direção e Rot. Original: Rob Epstein & Jeffrey Friedman. Fotografia: Edward Lachmann. Música: Carter Burwell. Montagem: Jake Pushinski. Dir. de arte: Thérèse De Prez & Russell Barnes. Cenografia: Robert Covelman. Figurinos: Kurt and Bart. Com: James Franco, Todd Rotondi, Jon Prescott, Aaron Tveit, David Strathairn, John Hamm, Andrew Rogers, Bob Balaban, Mary-Louise Parker, Treat Williams. Epstein & Friedman, após toda uma trajetória dedicada ao documentário não conseguem se desvencilhar do mesmo quando partem para sua tentativa de ficção documental. Ou melhor, talvez desperdicem a chance de efetuar um documentário de melhor qualidade.  Ainda que se aposte que sua evasão do modelo biográfico convencional de retratar períodos bastante demarcados de uma personalidade ( Capote , por exemplo), tenha se dado por motivos outros, como sua relativamente espartana produção, o que parece pouco provável dada a própria trajetória de seus realizadores,

Filme do Dia: Tarântula (2015), Aly Muritiba & Marja Calafange

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T arântula (Brasil, 2015). Direção e Rot. Original: Aly Muritiba & Marja Calafange. Fotografia: Maurício Baggio. Montagem: Guilherme Delamuta & Aly Muritiba. Dir. de arte: Fabrícia Bonofiglio. Com: Ana Clara Fischer, Giuly Biancato, Luma Domingues Zanetti, Malu Zanetti Domingues. Em um casarão mora um mãe (Fischer) e suas duas filhas. A mais jovem, Isa (Domingues) se sente ameaçada com a presença do amante (Matos) da mãe, que lhe trouxe uma protése de presente, já que ela não possui uma perna. Sua irmã mais velha lhe afirma que ele voltará para pegar a perna que lhe resta. As virtuosas direção de arte,montagem, enquadramento e interpetações não afastam um fantasma que Muritiba soube driblar melhor em sua passagem para o longa ( Para Minha Amada Morta ), quando consegue trazer o estranhamento atmosférico para uma situação mais plenamente realista. Aqui, fica-se com inglória impressão que todo seu esforço para limar o mundo exterior, para não dizer a própria precisão

The Film Handbook#135: George Cukor

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George Cukor Nascimento: 07/07/1899, Nova York, Nova York, EUA Morte : 24/11/1983, Hollywood, Califórnia, EUA Carreira  (como diretor): 1930-1981 A pesar de frequentemente ser considerado como adaptador de obras teatrais e literárias, e por seu talento único na lida com as estrelas femininas,  George Dewey Cukor foi um dos melhores diretores hollywoodianos. Nunca inovador, sempre fiel ao material de origem, feliz dentro do sistema de estúdios, ele criou um corpo de trabalho de enorme engenhosidade e elegância. Já estabelecido como diretor de talento no teatro nova-iorquino, Cukor foi para Hollywood em 1929 como diretor de diálogos para Sem Novidades no Front / All Quiet on the Western Front , de Lewis Milestone. Ele iniciou sua carreira como diretor com versões cinematográficas de peças, mais notoriamente The Royal Family of Broadway , uma comédia baseada nos Barrymores. De forma mais memorável, dois filmes realizados em 1932 - Hollywood / What Price Hollywood? > 1  e Vítim

Filme do Dia: A Janela (2008), Carlos Sorin

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  A  Janela ( La Ventana , Argentina, 2008). Direção e Rot . Original: Carlos Sorin. Fotografia: Julián Apezteguia. Música: Nicolás Sorin. Montagem: Mohamed Rajid. Dir. de arte: Rafael Neville. Com: Antonio Larreta, Emilse Roldán, María del Carmén Jiménez, Alberto Ledesma, Roberto Rovira, Jorge Diaz, Marina Glezer, Carla Peterson, Arturo Goetz. Velho escritor enfermo que nunca conseguiu deslanchar de todo em sua carreira e mora em uma antiga casa em uma província afastada da capital, Antonio (Larreta), prepara-se com a ajuda de duas auxiliares (Jiménez e Roldán), para receber a visita do filho.  O médico (Goetz) o visita. Antonio pede que sirvam uma velha garrafa de champanha quando o filho (Diez) chegar. Contrata  um pianista para afinar o piano  há muito não usado, pois o filho é pianista de sucesso na Europa. Antonio consegue dar uma escapada e passeia pelos campos, logo se sentindo mal. É encontrado por duas jovens que vão até sua residência buscar socorro. Antonio é trans

Filme do Dia:O Usurário (1910), D. W. Griffith

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O  Usurário ( The Usurer , EUA, 1910). Direção: D.W. Griffith. Rot. Original: Frank E. Woods.fotografia: G.W. Bitzer. Com: George Nichols, Grace Anderson, Kate Bruce, Mack Sennet, Mary Pickford, Dell Henderson, Edward Dillon, Alfred Paget. Usurário  (Nichols) comemora sua riqueza enquanto famílias se desgraçam. Uma dessas é a família na qual a mãe (Bruce) se desespera com o iminente despejo, pois possui uma filha enferma (Pickford). O usurário, no entanto,  fica trancado em seu próprio cofre. Com o seu cadáver descoberto no dia seguinte, sua irmã (Henderson), surpreeendida com os contratos extorsivos os cancela. Filha e mãe respiram então aliviadas. Esse filme retrabalha em chave menos inspirada o tema central de O Preço do Trigo , do ano anterior. Como a contraposição dos planos nos quais contrasta o banquete do usurário e a pobreza das famílias afetadas que mais parece sair do filme anterior, porém aqui utilizada desnecessariamente com bem maior insistência. A morte do vilão

Filme do Dia: A Festa de Margarette (2002), Renato Falcão

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A Festa de Margarette (Brasil, 2002). Direção, Rot. Original,   Fotografia e Montagem: Renato Falcão. Música: Hique Gomez. Dir. de arte: Rodrigo Lopez. Cenografia: Rafael Baldi. Figurinos: Viviane Gil. Com: Hique Gomez, Carmem Silva, Isis Medeiros, Pedro Gil, Artur Pinto, Dimitri Sanchez, Leonardo Lentino, Ilana Kaplan. Pedro (Gomez) sonha em dar uma festa de luxo para sua esposa Margarette (Silva), porém a realidade de trabalhador explorado que vivencia apenas se agrava quando é demitido do emprego. Consegue uma grande fortuna em dinheiro e realiza todas as extravagâncias que um novo rico se permite, acompanhado de sua família e da família com quem dividem a casa. Porém, se a vida de magnata que levara por poucos dias demonstra não ser mais que um sonho, em meio a festa da esposa, a conta astronômica na venda local não o é. Esse tolo exercício de tentar se utilizar de elementos da linguagem do cinema mudo (fotografia em p&b, ausência de diálogos, movimentos

Filme do Dia: O Povo Contra Larry Flynt (1996), Milos Forman

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O Povo Contra Larry Flint ( The People Vs. Larry Flint , EUA, 1996). Direção: Milos Forman. Rot. Original: Scott Alexander & Larry Karaszewski. Fotografia: Phillippe Rousselot. Música: Thomas Newman. Montagem: Christopher Tellefsen. Dir. de arte: Patrizia von Brandenstein, Shawn Hausman & James Nedza. Cenografia: Maria Nay & Amy Wells. Figurinos: Arianne Phillips & Theodor Pistek. Com: Woody Harrelson, Courtney Love, Edward Norton, Brett Harrelson, Donna Hanover, James Cromwell, Crispin Glover, Vincent Schiavelli. Larry Flint (Harrelson), após comandar um clube de strip-tease surge com uma proposta de revista de nudez mais agressiva que suas concorrentes, Hustler , que lhe causa várias reações e também uma motivação a lutar pelas liberdades democráticas, através do advogado Alan Isaacman (Norton). Unido a uma das meninas que trabalhou para sua revista, Althea (Love), eles conseguem atingir uma venda expressiva com fotos da ex-primeira dama, Jacqueline Onassis,

Filme do Dia: Titicut Follies (1967), Frederick Wiseman

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T iticut Follies (EUA, 1967). Direção: Frederick Wiseman. Fotografia: John Marshall. Montagem: Frederick Wiseman & Alyne Model. Esse controvertido documentário, um dos mais célebres títulos dirigidos por Wiseman , nome referencial no Cinema Direto americano, é menos sobre os efeitos da doença mental em pacientes internados em um manicômio do estado de Massachusetts como pensam alguns que – tema obsessivo e único da carreira do realizador – sobre o poder regulador das instituições sobre os indivíduos. Numa época em que análises sobre o hospital psiquiátrico enquanto Instituição Total e práticas e teorias associadas a anti-psiquiatria começam a florescer em diversas partes do mundo, Wiseman detém seu habitual olhar frio – que apenas agudiza ainda mais o tema a ser destacado do que se tivesse apelado para recursos sentimentais ou mais ordinariamente manipulativos – sobre sujeitos que sofrem um processo intenso de “despersonalização” de si mesmos. Nesse sentido,   mesmo o r

Filme do Dia: O Homem do Sputnik (1959), Carlos Manga

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O Homem do Sputnik (Brasil, 1959). Direção: Carlos Manga. Rot. Original: José Cajado Filho. Fotografia: Ozen Sermet. Música: Radames Gnatalli. Montagem: Walemar Noya. Cenografia: José Cajado Filho. Com: Oscarito , Cill Farney, Zezé Macedo, Neide Aparecida, Hamilton Ferreira, Heloísa Helena, Alberto Peres, Norma Bengell . O provinciano Anastácio (Oscarito), cujo maior sonho é comprar uma chocadeira para suas galinhas, vive uma vidinha sem maiores novidades com sua esposa Deocleciana (Macedo), até a noite em que um objeto não identificado cai em seu galinheiro. Anastácio descobre tratar-se do famoso satélite Sputnik, que se encontraria recheado de ouro. Enquanto Anastácio não modifica suas ambições iniciais, a esposa só pensa em seu reconhecimento pela sociedade colunável. A fama do evento chega nas bocas e mentes dos mais diversos tipos. De um cronista social honesto, Jacinto (Farney), mas igualmente de um inescrupuloso, assim como das grandes potências. Já celebrizados pe

Filme do Dia: Going Places (1948), John Sutherland

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G oing Places (EUA, 1948). Direção: John Sutherland. Jovem acaba persistindo numa fórmula até conseguir produzir sabão em barras. Seu negócio local aos poucos se expande e transforma as cercanias, trazendo progresso. Algum tempo depois se torna uma grande corporação. Fazendo uso do formato documentário, com uma grave voz over tecendo comentários algo redundantes, esse curta de animação tem bem poucos respiros em sua necessária camisa de força ideológica, como é o caso quase único da referência a um maior policiamente da região trazido igualmente pelo progresso – sem ficar exatamente implícito que a criminalidade também – na figura de um guarda que pega um furtivo ladrão de frutas e toma dele a fruta e enquanto esse foge a come, numa alusão, ainda que involuntária, à corrupção policial e a sua troca de segurança ao comércio por algumas vantagens para si. Compõe com outros 3 curtas, incluindo Make Mine Freedon , do mesmo ano e mais ontensivamente explícito em seu louvor ao

Filme do Dia: Código Desconhecido (2000), Michael Haneke

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C ódigo Desconhecido ( Code inconnu: Récit incomplet de divers voyages , França/Alemanha/Romênia, 2000). Direção e Rot. Original: Michael Haneke. Fotografia: Jurgen Jürges. Música: Giba Gonçalves. Montagem: Karin Martusch, Nadine Muse & Andreas Prochaska. Dir. de arte: Emmanuel de Chauvigny. Cenografia: Laurence Vendroux. Figurinos: Françoise Clavel. Com: Juliette Binoche, Thierry Neuvic, Josef Bierbchler, Alexandre Hamidi, Maimouna Hélène Diarra, Ona Lu Yenke, Djibril Kouyaté, Luminita Gheorghiu. Uma atriz (Binoche), seu namorado fotógrafo de guerra, o irmão e   o pai do namorado, uma mendiga de rua, um monitor negro de crianças surdas mudas e sua família são alguns dos personagens que compõem essa crônica do cotidiano francês contemporâneo, que possui paralelos com experiências recentes que buscam descrever aspectos da sociedade americana ( Magnólia , 1999) e brasileira ( Cronicamente Inviável , 2000). Porém, ao contrário do primeiro, consegue descrever de modo

The Film Handbook#134: René Clair

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René Clair Nascimento: 11/11/1898, Paris, França Morte : 15/03/1981, Neuilly, França Carreira (como diretor) : 1923-1965 D urante os anos 30, René Chomette - seu nome real - foi considerado um dos mais estilizados inovadores e satiristas. Hoje, no entanto, tanto o "realismo poético" quanto o humor exuberante sobre o qual sua reputação uma vez repousou parecem rasos e datados. Crítico, poeta e ator nas séries de Louis Feuillade, o jovem Clair se alinhou com a vanguarda francesa dos anos 20. De fato, sua obra silenciosa pode ser observada como um dos ramos do movimento Dada: sua estreia, Paris Adormecida / Paris Qui Dort > 1 foi uma fantasia cômica bizarra na qual um cientista louco utiliza um raio mágico para tornar a cidade imóvel; somente um grupo de estrangeiros, no topo da Torre Eiffel ou em um avião, permanecem conscientes para buscar o culpado e trazer Paris de volta à vida. Entreato / Entr'acte , apresentado durante o intervalo do balé dadaísta "R

Filme do Dia: P.M. (1961), de Alberto Cabrera Infante & Orlando Jiménez-Leal

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P .M. (Cuba, 1961). Direção: Alberto Cabrera Infante & Orlando Jiménez Leal. Fotografia: Orlando Jiménez-Leal. Esse documentário curto cubano talvez hoje venha a ser mais lembrado por sua enfática admissão dos preceitos presentes no movimento documentarista britânico Free Cinema, na maneira como apenas observa grupos distintos se divertindo em bares de Havana, tocando na noite, dançando, bebendo e namorando. E, ainda mais, por toda a polêmica que gerou, a partir do momento em que se tornou o “cavalo de batalha” junto à classe artística cubana que assistiu a censura do filme, dentro das diretrizes “revolucionárias” do governo recém-iniciado de Castro, como exemplo de apresentação de eventos “anti-revolucionários”. Em si mesmo, o filme, produzido independentemente do Estado, não vai além do módico interesse, através do modo que flagra aparentemente cenas sem que os envolvidos, via de regra, direcionem seu olhar para a câmera, antecipando algumas das soluções que vão se

Filme do Dia: Palestine - Programme biblique (1904), Abbot Mulsant

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P alestine – Programme Biblique (França, 1904). Direção: Abbott Mulsant. Várias passagens da vida de Cristo são aqui tematizadas podendo ser exibidas individualmente ou em conjunto. Destaca-se o fato de mesclar elementos que o aproximam do bem posterior Da Manjedoura à Cruz (1911), de Olcott, como as filmagens em locações e outros mais próximos da Vida e Paixão de Jesus Cristo (1905), de Zecca, como a trucagem da Anunciação ou ainda Jesus fazendo milagres quando criança – aliás todo o filme se centra em sua infância; existe uma cena curiosa. Quando a cartela antecipa a crucifixação de Jesus se imagina um salto temporal enorme na sua trajetória, mas se trata de uma simulação infantil que antecipará sua própria morte. Porém, as trucagens serão utilizadas de modo bem mais discreto que em Zecca. Visualmente o filme talvez seja mais inspirado que as obras de Zecca e Olcott. Ao menos é o que se pode pensar da rica e complexa composição visual apresentando o descanso de José e

Filme do Dia: Branca de Neve (2000), João César Monteiro

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B ranca de Neve (Portugal, 2000). Direção: João César Monteiro. Rot. Adaptado: João César Monteiro, baseado na peça de Robert Walser. Fotografia: Mário Barroso. Montagem: Fátima Ribeiro. Com: Maria do Carmo Rôlo, Ana Brandão, Reginaldo da Cruz, Luís Miguel Cintra, Diogo Dória. Variações de interpretação sobre as relações entre as pessoas que rodeiam Branca de Neve (voz de Rôlo) e ela própria, sua morte e ressureição, nessa adaptação bastante radical de Monteiro, que dispensa quase que totalmente as imagens pelo fundo negro. Resta ao espectador o trabalho da própria imaginação que, embora semelhante ao da literatura – sob o qual o filme parece prestar igualmente grande reverência nos diálogos literários, ou melhor, não naturalistas da peça teatral na qual se inspira. Reduzindo a atenção do espectador aos belos diálogos, o filme ao mesmo tempo redimensiona o poder da imagem, que invariavelmente é a de um céu azul mais ou menos nublado, sem contar a imagem inicial do caçador mo

Filme do Dia: A Marcha dos Pinguins (2005), Luc Jacquet

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A Marcha dos Pinguins ( La Marche de l'empereur , França, 2005). Direção: Luc Jacquet. Rot. Original: Luc Jacquet & Michel Fessler sobre o argumento de Jacquet. Fotografia: Laurent Chalet & Jérôme Maison. Montagem: Sabine Emiliani. Na Antártica, grupos de pinguins seguem o ciclo da vida dos nove meses de inverno rigoroso em que passam por várias provações, como a de conseguir um parceiro, conseguir chocar o ovo protegendo-o das intempéries e proteger os filhotes dos predadores, antes de retornarem ao mar para saborearem o verão com o degelo das geleiras. Esse documentário procura explorar os paralelos entre a saga dos pinguins e a dos próprios seres humanos, apelando para recursos que pretendem torna-lo mais palatável junto ao grande público (não é à toa que foi sucesso de bilheteria nos EUA, somente ficando atrás de Fahrenheit 11/09 quando de seu lançamento). Para isso faz uso tanto de um narrador quanto de vozes de atores famosos para interpretare

Filme do Dia: E Se Vivêssemos Todos Juntos? (2010), Stéphane Robelin

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E Se Vivêssemos Todos Juntos? ( Et Si On Vivait Tous Ensemble? , França/Alemanha, 2010). Direção e Rot. Original: Stéphane Robelin. Fotografia: Dominique Colin. Música: Jean-Philippe Verdin. Montagem: Patrick Wilfert. Cenografia: David Bersanetti. Figrinos: Jurgen Doenring. Com: Guy Bedos, Daniel Brühl, Jane Fonda, Geraldine Chaplin , Claude Rich, Pierre Blanchard, Bernard Malaka, Camino Texeira, Shemss Audat . Jean Colin (Bedos), sugere numa reunião com amigos de longa data que deveriam todos morar juntos. Com idade avançada e começando a enfrentar dificuldades associada às limitações de saúde. Sua esposa, Annie, acha a ideia completamente estapafúrdia. Porém, em pouco tempo é o que ocorre. Já que Claude Blanchard (Rich), fotógrafo veterano, sofre um infarto, após os excessos associados ao sexo com prostitutas e é enviado para um asilo pelo filho, e o casal Jeanne (Fonda) e Albert (Richard) se encontra em situação difícil. Ela, com um câncer devastador, ao qual não pr

Filme do Dia: Deixem o Estudante Estudar (1964)

D eixem o Estudante Estudar (Brasil, 1964). Curta-metragem que se encontra entre os quase vinte títulos produzidos pelo Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais (Ipês), instituição que tinha como maior intenção proclamar melhorias na democracia e reformas liberais que visassem dizimar a “ameaça vermelha” que então rondava o país. Aqui, o foco especificamente é na situação da classe estudantil universitária do país, uma das mais atraídas pelo perigo das influencias “alienígenas” referidas pelo filme. Devendo se encontrarem avessos, segundo o narrador off , a qualquer influência estrangeira, os estudantes precisariam se informar sobre todos os campos do saber, desde que voltados para os interesses da nação, sobretudo na área das ciências tecnológicas, já que faz mister o controle pelas novas gerações do imenso cabedal de ciência do qual será herdeiro no futuro – e as imagens, enfatizam, entre outros avanços, as grandes hidroelétricas construídas. Tal trecho é bastante represen

Filme do Dia: O Som ao Redor (2013), Kléber Mendonça Filho

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O Som ao Redor (Brasil, 2013). Direção e Rot. Original: Kleber Mendonça Filho. Fotografia: Fabricio Tadeu & Pedro Sotero. Música: DJ Dolores. Dir. de arte: Julio Dornelles. Montagem: Kleber Mendonça Filho & João Maria. Figurinos: Ingrid Mata. Com: Gustavo Jahn, Irandhir Santos, Waldemar José Solha, Maeve Jinkings, Irma Brown, Sebastião Formiga, Yuri Holanda, Clébia Souza, Lula Terra . Num bairro elitizado do Recife, o cotidiano de seus moradores se modifica com a chegada de dois seguranças privados, comandados por Clodoaldo (Santos).   Os seguranças tem que lidar com os furtos de Dinho (Holanda), neto do patriarca Francisco (Solha), homem mais rico e influente das vizinhanças. Outro neto de Francisco, João (Jahn) confronta o primo, quando sua namorada, Sofia (Brown), tem o carro arrombado e o som furtado. Também mora próximo a dona de casa Bia (Jinkings), que combate as tensões do cotidiano com, dentre outros artifícios, a maconha que consegue com o entregador de