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The Film Handbook #24: Claude Chabrol

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Claude Chabrol Nascimento: 24/06/1930, Paris, França Morte : 12/09/2010, Paris, França Carreira  (como realizador): 1958-2010 Embora Claude Chabrol seja certamente um dos mais importantes realizadores  que emergiram da Nouvelle Vague francesa, a consistência de seus temas e de um estilo seguro e expressivo são frequentemente prejudicados pelo pobre material escolhido, resultando numa carreira tão irregular quanto profícua. Um cinéfilo quando adolescente, nos anos 50 Chabrol trabalhou - juntamente com Truffaut , Godard e Rivette - como crítico de cinema para o Cahiers du Cinéma . Após escrever, com Eric Rohmer , um livro sobre Hitchcock , e produzir uma série de curtas, ele voltou-se à direção, em 1958, com Nas Garras do Vício / Le Beau Serge , considerado hoje amplamente como o primeiro longa-metragem da Nouvelle Vague . Um sombrio drama provinciano de auto-sacrifício e redenção, sua algo esquemática estrutura narrativa e caracterizações se tornaram mais efetivas em Os Prim

Filme do Dia: Fire! (1901), James Williamson

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Fire! (Reino UNido, 1901). Direção e Fotografia: James Williamson.        Um policial busca reforços dos bombeiros, que logo depois  tentam dominar o fogo que se espalha em um edifício. Um homem desesperado que se encontra no interior do prédio é salvo, mas se encontra desesperado pois sua filha ainda se encontra no interior do prédio, sendo salva pouco tempo depois por um outro bombeiro. Posteriormente, um homem consegue se salvar pulando na rede de aparo dos bombeiros.      Este filme de Williamson se torna interessante quando pensado em relação retrospectiva dos avanços na representação de uma história, por mais distanciada que o fosse de uma narração efetuada pelo cinema clássico. Nesse sentido, o filme, por exemplo, não faz uso da comum estratégia de montagem (presente em Life of an American Fireman ) de apresentar sobre perspectivas diferenciadas a mesma ação, mesmo que não de forma entremeada (montagem paralela) mas sim sucessiva (encavalamento). Aqui se observa o bomb

A despedida de David Letterman

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Tradução: Fernanda Lizardo, edição de Leticia Nunes. Com informações de Bill Carter [“ David Letterman: the late night prankster who became a comedy godfather ”,  The Guardian , 15/5/15]; de Allison Corneau [“ David Letterman's Final Late Show Guests Announced: Tom Hanks, Eddie Vedder, Bill Murray ”,  US Magazine , 14/5/15]; de Jason Gay [“ Letterman, the Last American Broadcaster ”,  The Wall Street Journal , 14/5/15] David Letterman apresentou o  Late Show , na rede americana CBS, por 22 anos e 6.028 edições. Esta semana ele se despede do programa de entrevistas e será substituído por Stephen Colbert . A  aposentadoria  do veterano apresentador, anunciada no ano passado, provocou grande comoção dos EUA. É impossível ignorar a marca humorística deixada por Letterman na TV americana, defende o jornalista Jason Gay em  artigo  no Wall Street Journal . “Letterman e sua equipe (incluindo o influente produtor Merrill Markoe) construíram um  talk show  livre da fidelidade e espe
I sensed it first in the writers I met out here [Hollywood]. All spritual Zombies it seemed to me. Tennessee Williams

Filme do Dia: Bedelia (1930), Dave Fleischer

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Bedelia (EUA, 1930). Direção: Dave Fleischer. Apaixonado por Bedelia, a garota que faz menção a canção-título (faz parte dos anos iniciais da série Screen Songs ) vai fazer uma serenata para ela. Essa, no entanto, encontra-se dormindo e não o recebe de bom grado, lançando ora um vaso sobre sua cabeça, ora  enchendo seu estomago de algo que o deixa extremamente barrigudo. No ínterim, que na verdade resulta na parte mais longa desse curta animado, observa-se a composição seguida da letra como era regra na série. Aqui se procura uma mínima interação entre o momento da canção e a narrativa em si mesma, com um dos estilhaços do vaso jogado servindo como o marcador que seguirá a canção, da mesma forma que é uma parte da letra da canção que faz com que o herói se aproxime do terraço a la Romeu e Julieta (como em La Paloma , do mesmo ano) onde se encontra sua cruel amada. Fleischer Studios para Paramount Pictures. 6 minutos e 49 segundos.

Filme do Dia: Amarelo Manga (2002), Cláudio Assis

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Amarelo Manga (Brasil, 2002). Direção: Cláudio Assis. Rot. Original: Hilton Lacerda. Fotografia: Walter Carvalho. Música: Jorge Du Peixe & Lúcio Maia. Montagem: Paulo Sacramento. Dir. de arte: Renata Pinheiro. Figurinos: Andréa Monteiro. Com: Matheus Nachtergaele, Leona Cavalli,  Dira Paes, Chico Diaz, Jonas Bloch, Conceição Camarotti, Cosme Prezado Soares, Everaldo Pontes, Magdale Alves, Jones Melo.       Em Recife, uma série de personagens se enredam em teias movidos pela fome de comida e de sexo. Wellington (Diaz), um açougueiro que se autoproclama assassino, possui uma amante explosiva (Alves), que não mais suporta ser “a outra” face da bem comportada evangélica Kika (Paes), que por sua vez suporta tudo menos infidelidade e se incomoda com o apelido de “canibal”, que escuta das crianças da vizinhança, graças à fama do marido. No Texas Hotel, mora o necrófilo Isaac (Bloch), que geralmente é servido pelo funcionário do IML, Rabecão (Pontes), embora  também deseje algumas pes

Filme do Dia:La Belle au Bois d'Or (2001), Bernard Palacios

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La Belle au Bois d’Or (França, 2001). Direção: Bernard Palacios. Música: Joël Nauroy. Bela Adormecida espera muito tempo em vão por seu príncipe. Certo dia, acorda com o beijo de um coelho, acreditando se tratar do príncipe. Aturdida, vaga a esmo e esfomeada, é acolhida por um circo, onde ganha a vida cantando. Não deixa de seguir a trajetória de um filme que assistiu sobre um príncipe encantado. Quando descobre o descaso que o filme teve e o pouco caso que todos lidam com o tema toma uma overdose de pílulas para dormir. O ator do filme sofre um acidente de carro quando vai encontrar sua amada em meio a uma ventania forte e encontra a jovem adormecida em seu trailer. Uma atração surge. Ele a vê se apresentar no circo. Ainda que o tema da espera feminina, sobretudo quando transposto para outra época, possa soar um tanto anacrônico, a forma como esse curta entremeia, de forma bem humorada e sutil, aspirações d’outrora com sintomas mais tipicamente associados com os da (pós) mode

Filme do Dia: Anjos do Arrabalde (1987), Carlos Reichenbach

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Anjos do Arrabalde (Brasil, 1987). Direção e Rot. Original: Carlos Reichenbach. Fotografia: Conrado Sanchez. Música: Luiz Chagas & Manoel Paiva. Montagem: Eder Mazzini. Dir. de arte: Sebastião de Souza. Com: Betty Faria, Clarisse Abujamra, Irene Stefânia, Vanessa Alves, Ênio Gonçalves, Emilio Di Biasi, Ricardo Blat, Cilas Gregório, José de Abreu. Três professoras de uma escola suburbana e uma manicure em suas relações profissionais e afetivas. Dália (Faria), ainda que lésbica, mantém uma relação próxima com o amigo e editor, Carmona (Di Biasi), sendo seduzida pelo próprio irmão marginal, Afonso (Blat). Mesmo bem sucedida profissionalmente, é discriminada na escola por suas preferências. Carmo (Stefânia), oprimida pelo marido machista e ex-policial Henrique (Gonçalves), finge ter abandonado por completo o emprego, mas lhe diz que apenas pedira um afastamento e pretende retornar a ele. Rosa (Abujamra) é mulher solitária e afetivamente problemática, mantendo uma relação pouco pra

J S Bach Harpsichord Concerto No 5 in F minor II Largo BWV 1056 - Simo...

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Duke Ellington, "Take the A Train"

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Badlands - A Blossom Fell

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Here, the configuration of projected light into darkness in the scene's establishing shot (placed at the end), the nondiegetic presences of the absent (and older) Holly as narrator and Nat King Cole, and the entropic aspect of the action all suggest a particular paradigm of cinema: the mechanical apparatus of shooting and projection with its play of presence and absence, its recalling the presentness of the past. Terrence Malick , Lloyd Michaels, p. 13
Há sempre essa coisa invisível... Que sinto tão forte... E que nos une firmemente. Eu amo esse sentimento... Mesmo que às vezes ele me faça chorar. To the Wonder , Terrence Malick
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Filme do Dia: La Donna della Montagna (1944), Renato Castellani

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La Donna della Montagna (Itália, 1944). Direção: Renato Castellani. Rot. Adaptado: Renato Castellani, baseado no romance I Giganti Innamorati , de Salvatore Gotta. Fotografia: Massimo Terzano. Música: Nino Rota. Montagem: Mario Serandrei. Dir. de arte: Gastone Medin. Cenografia: Gino Brosio. Figurinos: Maria De Matteis. Com: Marina Berti, Amedeo Nazzari, Maurizio D’Ancora, Corrado Racca, Fanny Marchiò, Maria Jacobini, Carlo Mengoli, Pietro Meynet. Rodolfo Morigi (Nazzari) é um bem sucedido empresário que perde a amada e jovem esposa numa temporada numa estância de inverno. Desde os funerais até o momento de sua recuperação, Zosi (Berti), a filha de um homem de posses, tornou-se uma presença permanente em sua vida, prestando-lhe auxílios, ainda contra sua vontade. Mesmo um pouco à contragosto, Rodolfo se casa com Zosi, mas ela é tratada como empregada doméstica e não divide o quarto com ele. A situação só muda de figura quando Luca (D’Ancora), um amigo de longa data de Zosi e de su

Meu Caro Diário, 16/10/2006

 Segunda. Muita coisa aconteceu nos últimos dias, mas já não consigo recordar. Tudo passa em velocidade vertiginosa. Lindomar saiu do cortiço, Carmen está ameaçando de sair, mas hoje à noite já veio com um discurso diferente, que vai ter que pensar e que só decidirá depois de viagem ao Rio. Hoje almocei com Orlando e Danielle na ECA. Ismail passou, mas resolvi fingir que não o vi. Não consegui, enfim, fazer a edição de Aves sem Ninho para a apresentação do SOCINE depois de amanhã. Fiz um teste ontem com Orlando e deu cerca de 17 minutos, o que é um tempo bom. Só que tenho que fazer a edição dos momentos que eu quero do filme. A porra da internet está sem prestar e quando dá sinal de vida, acaba logo desaparecendo. (...) Ney e Lia estiveram por aqui esse final de semana. Acabei almoçando com eles no Fazendinha. Tenho que escrever artigo para Alexandre Veras até o final do mês. Ontem foi aniversario de papai e falei com ele por um bom tempo. Perguntei como havia sido de cirurgia de cat

Meu Caro Diário, 16/05/2006

Terça. Manhã de terça para ser mais exato. Estava a pouco me divertindo com o texto da tese. Ontem foi inesquecível e divertido o fato de todo mundo ter sido enxotado da biblioteca da FFLCH pelo clima geral de paranóia com relação à violência aqui em São Paulo, que acabou provocando uma retirada em massa da USP de pedestres e veículos. No meio desse clima “coletivo” acabei encontrando Maíra e Lindomar e viemos juntos aqui para o cortiço, fazendo uma verdadeira peregrinação por todos os comércios que se encontravam abertos para comprarmos pequenas miudezas alimentícias. Ao chegarmos, Carmen se juntou a nos na TV para assistirmos o que saía na televisão sobre a crise que já provocou mais de 80 mortes, sobretudo entre os policiais. No último sábado também teve um momento bem divertido quando fizemos uma micro-festa com Juliana, Lindomar, Carmen, Roberto, eu e Zé Carlos. Dançamos forró e eu consegui relaxar um pouco após uma boa quantidade de vinho. A certo momento fizemos um círculo eu,

Filme do Dia: O Dia Que Durou 21 Anos (2012), Camilo Tavares

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O Dia Que Durou 21 Anos (Brasil, 2012). Direção e Rot. Original: Camilo Tavares. Fotografia: Andre Macedo. Música: Dino Vicente. Montagem: César Tuma. O golpe militar de 1964 e os episódios que lhe antecederam e sucederam, sobretudo sob o prisma da influência de agentes vinculados ao governo norte-americano, tema a muito tempo ventilado, mas nunca exatamente explorado com maior detalhe, ao menos pelo cinema, é o foco desse documentário. A partir de um raro – e boa parte dele até então indisponível – material iconográfico, incluindo cenas de João Goulart visitando instalações militares norte-americanas e gravações em áudio no qual assessores de Lyndon Johnson o aconselham a ser parcimonioso na sua declaração de reconhecimento das ações militares que levaram ao golpe e a imediata consagração do presidente da Câmara como presidente da república até que cerca de duas semanas após Castelo Branco fosse empossado presidente, o filme tenta estabelecer uma teia de conexões, quase s

The Film Handbook#23: Jacques Tati

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Jacques Tati Nascimento : 09/10/1908, Le Pecq, França Morte : 4/11/1982, Paris, França Carreira  (como diretor): 1946-73 Ainda que fosse um grande mímico e um imaginativo inovador formal, Jacques Tatischeff era inclinado a sátira social simplista que, em última instância, reduzia a sua forma cômica enquanto filme. No entanto, é fascinante se observar que nas suas tentativas de revelar a forma que a moderna tecnologia despersonaliza a existência humana, tenha criado um estilo tão frio, puro e distante, em termos técnicos, quando a sociedade que criticava. Um bem sucedido mímico de music hall , especializado em impressões sobre homens de esporte nos anos 30, Tati interpretou diversos papéis menores  nos filmes de René Clement e Claude Autent-Lara. Em 1946 realizaria sua própria estreia na direção com o curta L'Ecole des Facteurs , que posteriormente expandiria para o longa Carrossel da Esperança / Jour de Fetê > 1 . Ambientado em um vila no campo visitada por uma feir

Filme do Dia: Mining Operations, Pennsylvania Coal Fields (1904)

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Mining Operations, Pennsylvania Coal Fields (EUA, 1904). Essa descrição do trabalho em uma mina de carvão, um dos temas caros aos filmes produzidos pela  companhia  de Edison, evidentemente destaca a dimensão tecnológica, mas parece antes de tudo querer chamar a atenção para motivos “sensacionais”, como o flagrante de uma verdadeira “erupção” provocada por uma explosão ou o surgimento de um trem. Até mesmo a presença de um recurso habitual contemporâneo – uma tela relativamente desprovida de motivos que somente muito tempo depois é “preenchida” – é utilizada aqui com resultados diversos. No caso em questão, o cavalo que puxa uma carroça se deparará logo adiante com uma enorme retroescavadeira, numa composição que efetivamente pretende apresentar de modo quase anedótico a convivência de modos de trabalho arcaicos e modernos talvez em não tão perfeita harmonia – a trajetória do cavalo  é temporariamente interrompida pela máquina. Inicia com uma panorâmica semelhante a de outro film

Milton Nascimento - Cais

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