Filme do Dia:The Red Lanterns (1963), Vasilis Georgiadis
The Red Lanterns (Ta Kokkina Fanaria, Grécia, 1963). Direção: Vasilis Georgiadis. Rot. Adaptado: Alekos Galanos, a partir de sua própria peça. Fotografia: Nikos Gardelis. Música: Stavros Xarhakos. Montagem: Memas Papadatos. Cenografia: Petros Kapouralis. Com: Jenny Karezi, Giorgos Foundas, Dimitri Papamichael, Manos Katrakis, Mairi Hronpoulou, Despo Diamantidou, Faidon Georgitsis, Alexandra Ladikou, Eleni Anousaki, Katerina Helmy, Kostas Kourtis
No bordel de Madame Pari
(Diamantidou), um grupo de prostitutas leva a vida, seus anseios, dramas e
decepções. Eleni (Karezi) é apaixonada por um homem, Petros (Papamichael) que
faz questão que não saiba de sua vida como prostituta. Mary (Hronpoulou) é objeto
de paixão do inexperiente Angelos (Georgitsis). Anna (Ladikou), mãe de um garoto, tem seu convite de casamento confirmado pelo
capitão Nikolas (Katrakis) que, no entanto, deve fazer sua última viagem.
Marina (Helmy) é completamente obcecada pelo cafetão que a levou ao mundo da
prostituição, Doris (Kourtis).
Aproveitando a crescente liberalidade
da censura, em termos internacionais, por volta da época em que foi produzido,
o filme tira partido do que seria um ambiente de submundo e da prostituição com
simpatia, moderado sensacionalismo e uma representação desse universo com
alguns tiques de afetação dramática, ainda que talvez mais discretos que os de
equivalentes dos cinemas do Leste Europeu haviam feito pouco antes (caso do Cinzas e Diamantes de Wajda). Por outro
lado, seu maior pecado é rodear todos os dramas que encena em estetizados
cenários que reproduzem as ruas do baixo meretrício de uma aura paternalista
para com suas personagens, prostitutas que para se tornarem interessantes,
devem ao mesmo tempo encarnar a faceta, sobretudo, da mulher auto-sacrificada
em prol de um homem a quem possa sustentar (caso de Marina) cegamente, do amor
romântico com um jovem então virgem (como Mary) mas que não terá concretude ou
do amor maduro de um capitão (tal qual Anna), que se imaginará com fim trágico
ou se concretizando quando menos não esperado (com Eleni). Na verdade é a falta
de independência dessas mulheres, que precisam sempre de um sustentáculo
emocional masculino, mesmo levando a vida que levam, que mais chama a atenção,
algo que a produção parece duplicar em termos de colocação dos créditos, com os
atores ganhando ascendência sobre as atrizes. Nessa ciranda em busca do homem
como equilíbrio não falta o caso da faxineira Katerina, talvez o mais
emblematicamente patético em sua insipidez. Infelizmente a figura que parece
mais efetivamente crível em sua loquacidade vivaz, a dona do bordel,
interpretada por uma afiada Despo Diamantidou (fará pontas em uma carreira
hollywoodiana de idos a meados da década seguinte em filmes como Diabólicos Sedutores ou A Última Noite de Boris Gruschenko) é
uma exceção em um rosário de tipos mais ou menos cifrados pelo senso comum. E,
o trabalho efetivo das garotas é prática e – comodamente – esquecido,
observando-se quase sempre apenas seus encontros com os objetos de amor das
mesmas. A figura de Mihailos, o cafetão-mor que faz com que toda a engrenagem
funcione, a base da rispidez antípoda de Pari, espécie de anfitriã do local,
surge um tanto deslocada na engrenagem do drama. Versão telecinada em 2006. Th.
Damaskinos & V. Michaelides. 130 minutos.
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